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domingo, 23 de maio de 2010

A greve geral na Grécia

Mídia Sem Máscara

Nivaldo Cordeiro | 22 Maio 2010
Artigos - Economia

A social-democracia levará a bancarrota, cedo ou tarde, todo país que a adotar. O caso grego é emblemático.

Sem destaque na imprensa brasileira, ontem novamente tivemos uma greve geral na Grécia, em protesto contra as medidas de ajuste macroeconômico exigidas pelos credores e pelos governos das maiores economias da zona do euro. Greve justa? De forma alguma. Contra quem os gregos fazem essa sucessão de greves? Eu tenho escrito que a crise grega é apenas o primeiro caso agudo de fracasso das propostas da social-democracia, em demonstração do seu esgotamento político e econômico. O caso grego é emblemático porque é laboratorial: levaram a experiência à máxima loucura.

Qual é a proposta social-democrata? É a "inclusão" (palavra torpe) de toda a gente como sócia do Erário, do nascer ao morrer, passando pela aposentadoria e pelo emprego (ou desemprego, de regra) remunerado. Como o Tesouro é mantido por arrecadação de impostos e/ou endividamento/inflação, vê-se que há uma inconsistência intrínseca. A capacidade de tributar se esgota, devorando a capacidade de formação de poupança; o endividamento se eleva a níveis insuportáveis, no limite da insolvência; e a emissão de moeda determina a inexorável inflação de preços.

Na Grécia tivemos um pouco de cada um desses fatores, que elevaram o déficit público aos inacreditáveis 15% do PIB, obviamente insustentáveis. Se os gregos fazem greve para manter o status quo, perdem o seu tempo. A conta não fecha, a válvula de escape do endividamento acabou-se. Só resta a eles voltar a fazer o que todo mundo tem que fazer: trabalhar, ganhar o pão com o suor do seu rosto, poupar e cada um ir cuidar da sua vida, esquecendo as benesses falsificadas do Estado.

A Grécia fez o mergulho integral na Segunda Realidade criada pelos partidos esquerdistas, que prometem a superação dos riscos existenciais por força de lei. Até conseguem por algum tempo, mas o que vemos é que esses riscos são acumulados e potencializados, explodindo com força integral quando chega a crise. E a crise chegou, a cobrar a conta da irresponsabilidade. O caso grego é apenas o emblema do que está acontecendo em todas as economias, inclusive nos EUA, Alemanha e França. Nenhum dos países governados pela proposta social-democrata escapará de ter que desinflar o balão oco do déficit público e do superendividamento.

Esse balão levou toda a gente para uma realidade postiça, além da atmosfera da Terra. Terão agora que reentrar na atmosfera e reencontrar o real. Bem sabemos que uma aterrissagem, para quem vem do espaço sideral, é cercada de perigos. Bem planejada pode-se reencontrar o chão ─ o inacessível chão, no dizer poético de Chico Buarque ─ de forma segura, como fazem os ônibus espaciais. Ou haverá o mergulho de cabeça, que levará ao superaquecimento e à destruição inevitável, em mil pedaços.

A greve dos funcionários públicos gregos parece indicar que não querem uma reentrada no real de forma organizada e controlada. Preferem o irracionalismo infantil, típico das massas rebeladas e cevadas pelo discurso populista dos demagogos de esquerda. Poderá haver muita violência e mesmo os câmbios das forças políticas. Os tempos não são de brincadeira.

O fato é que a era de receber renda sem contrapartida de trabalho produtivo acabou. Que cada um vá cuidar da sua vida. As greves servem apenas para matar o tempo, não podem restabelecer os "direitos" e as "conquistas"de antanho. Claro, está havendo choro e ranger de dentes, que não será fácil pôr vagabundos de linhagem a trabalhar, de uma hora para outra. Mas isso terá que ser feito, a qualquer custo.

Quem viver verá.

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