Mídia Sem Máscara
Cel. Luis Alberto Villamarín Pulido | 29 Julho 2011
Internacional - América Latina
As FARC querem a paz que lhes permita governar o país e impor um sistema comunista similar ao de Cuba, pois o resto não vale a pena para eles. Muitas vezes disseram que não vão jogar fora 50 anos de luta armada, que ninguém lhes deu os fuzis para que tenham que entregá-los.
Depois da Operação Fênix contra o acampamento de Raúl Reyes no Equador, o conflito colombiano concentrou todos os seus integrantes no campo político-estratégico, quer dizer, no mais alto nível da condução da guerra, com a circunstância anexa de que toda ação armada das FARC, ou qualquer operação militar contra alguma das estruturas do grupo terrorista, gera alto impacto midiático e um sem-número de situações políticas para o Estado, o Governo, a oposição e a opinião pública.
Naturalmente o tema de uma eventual negociação de paz, negada com argumentos de segurança nacional durante oito anos do governo Uribe em torno ao tema da permuta dos seqüestrados, com o calculado afã das FARC e seus cúmplices nacionais e internacionais de legitimá-los com status de beligerância, tirar-lhes o rótulo de grupo terrorista e o que é mais grave para a estabilidade institucional da Colômbia: apoiá-los em uma ofensiva final, primeiro com embaixadas nos países do hemisfério governados pelo socialismo pró-cubano e depois com armas.
Em que pese esta realidade, corroborada até a saciedade com os computadores de Reyes, referendada com os computadores de Jojoy, além de que Piedad Córdoba foi destituída pelas provas encontradas lá, nem a imprensa, nem a academia, nem o Ministério da Defesa, nem o Governo Nacional, nem a chancelaria puseram os pingos nos "is".
Do mesmo modo ao que sucedeu durante cinco décadas de silenciosa, persistente e crescente agressão narco-terrorista do Partido Comunista e seus braços armados contra a Colômbia.
Vemos mas não acreditamos. Nesse sentido, as Operações Xeque e Camaleão não só ajudaram a minimizar dentro da opinião pública a dimensão da agressão sistemática, senão que deram pé para o desmedido triunfalismo do "fim do fim" ostentado pelo general Padilla.
Descartada a possibilidade de reeleger Uribe por decisão da Corte Suprema de Justiça, nesse mesmo dia Pardo Rueda deixou entrever que alguns subalternos seus do Partido Liberal estavam em contatos com as FARC, para iniciar outra etapa de diálogos a partir de um acordo humanitário para libertar os seqüestrados e a imediata abertura de conversações. Segundo sua percepção entusiasta, a paz estava na curva da esquina, pois o problema era o autoritarismo uribista.
Ao mesmo tempo, os dirigentes políticos libertados de maneira unilateral pelas FARC, não como gesto humanitário mas com a tarefa de se fazer eleger para o Congresso e desde lá levar adiante a lei de acordo humanitário, enfileiraram baterias no mesmo sentido, porém suas escassas capacidades de convocatória impediram-lhes de conseguir as cadeiras.
Porém, como se trata de uma estratégia integral vital dentro do Plano Estratégico das FARC - curiosamente desconhecido por quase todos os que devem combatê-lo -, Alfonso Cano não só traçou o Plano Renascer, senão que por meio da Frente Internacional moveu contatos com o Vaticano, com o governo francês, com alguns democratas dos Estados Unidos, com intelectuais argentinos e com os Partidos Comunistas e ONG's de esquerda do hemisfério, para concretizar o acordo humanitário como passo anterior à negociação de paz ao estilo comunista, quer dizer, a que sejam eles que governem. O resto é guerra de classes.
Nessa ordem de idéias, as FARC fizeram múltiplas tentativas midiáticas ajustadas a uma só estratégia de engano, mas todas lhes falharam. Ao seqüestrar o governador de Caquetá, não tiveram em conta a reação do Exército. Forçados pelas circunstâncias, cometeram o erro crasso de degolar o mandatário e assim lançaram por terra a ópera bufa montada com um delegado do Vaticano e a anuência do governo sueco, que lhes permitirá projetar em Estocolmo um vídeo propagandista elaborado pelo Partido Comunista Argentino nos acampamentos de Iván Márquez na Venezuela.
Depois, Piedad Córdoba promoveu na Argentina um "Foro pela paz na Colômbia", no qual pontuou os mesmos argumentos farianos e Cano complementou o estratagema com um reconhecimento à Lei de Vítimas, coincidentemente promovida pelo Partido Liberal na cabeça de Pardo Rueda e seus congressistas, evidência que na lógica sã inferiria em que as FARC tiveram algo, ou melhor, muito a ver neste tema.
Em seguida, as FARC tentaram remover o tema com a manipulada libertação do cabo Moncayo e o prolongado financiamento de centenas de viagens do pai do sub-oficial por diversos lugares, mais dedicado a desprestigiar o governo de Uribe do que em reclamar aos terroristas que devolvessem seu filho seqüestrado.
Igual ao que fez a mãe de Ingrid Betancur. Tal coincidência demonstra a sinistra intencionalidade política dos que financiaram Yolanda Pulecio e o Professor Moncayo, ante a indiferença e o silêncio cúmplice dos que deveriam desmascarar o assunto e, portanto, os alcances da suposta paz que querem as FARC.
Paralelo a estes fatos, Santos declarou que Chávez era seu "mais novo melhor amigo", fez-se de desentendido na comprovada presença de Iván Márquez e Timochenko na Venezuela acobertados pelo governo desse país, recompôs relações com seu arqui-inimigo pessoal Rafael Correa, recebeu o esquerdista Ollanta Humala como um novo sócio da integração regional, assistiu ao velório de seu contraditor Néstor Kirchner e, para completar, fez aliança com Lucho Garzón, que de maneira curiosa o está exaltando como um Santos pacifista, em que pese que há muito pouco tempo o rotulava de voraz capitalista, para-militar e outros epítetos desqualificadores.
Por outro lado, os vídeos publicados no México em outubro passado, pelo jornalista Jorge Botero, pretendiam apresentar uma terrorista holandesa convencida da justeza da luta revolucionária das FARC na Colômbia, um Jojoy ofendido com Chávez porém ao mesmo tempo pacifista e convencido de dialogar para pôr fim ao conflito armado, mas, claro, quando o governo nacional e as "oligarquias" cedam a todas as pretensões estatizantes e totalitárias das FARC.
A morte de Jojoy deixou a descoberto um enorme tesouro informativo com os computadores de Tirofijo e os dele próprio. Entretanto, Santos escondeu a verdade sobre os graves e comprometedores conteúdos dos arquivos eletrônicos encontrados no acampamento de La Escalera, porque, ao que tudo indica, já havia se comprometido com seus novos melhores amigos a "buscar uma saída negociada ao conflito", mas do mesmo modo que seus antecessores, sem conhecer o plano estratégico do adversário, sem objetivos nacionais e sem metas específicas, em que pese que a contraparte não cede um milímetro de suas obcecados proposições de sempre.
Os fatos indicam que o governo nacional e as FARC moveram intensas agendas políticas secretas que já não são tão secretas. Por exemplo, a Igreja Católica está imersa em oxigenar a Comissão Nacional de Reconciliação com a anuência de Santos, em que pese que nas zonas de combate, as FARC e o Governo Nacional apostam em golpear militarmente o adversário para obrigá-lo a negociar em condições desfavoráveis e, evidentemente, utilizam outros meios.
Por exemplo, as FARC e o Partido Comunista acudiram ao velho truque de utilizar Medófilo Medina, um de seus mais recalcitrantes quadros políticos, para que aparentasse distanciamento do grupo terrorista e com supostas críticas os instasse a negociar. Alguns analistas de opinião morderam a isca e deram credibilidade ao sutil embuste, sem esclarecer que esta é uma das tantas jogadas estratégicas típicas das FARC e de seus simpatizantes.
Enquanto isso, Piedad Córdoba continua dedicada a promover o intercâmbio humanitário, sem que seja claro quem financia suas viagens caras por diversos países, sempre com o mesmo argumento e as mesmas petições contra a Colômbia e a favor das FARC.
Por seu lado, Santos está empenhado em posicionar-se como candidato presidencial para 2014, custe o que custar ao país. Primeiro, seu ego e sua pretensão pessoal, depois os interesses nacionais. Então, se fazer o papel de negociador de paz é bom para este propósito e o eventual Prêmio Nobel, o fará sem se alterar.
O foco do assunto é que busca-se o impacto midiático na deterioração da segurança nacional e da estabilidade institucional. As FARC querem a paz que lhes permita governar o país e impor um sistema comunista similar ao de Cuba, pois o resto não vale a pena para eles. Muitas vezes disseram que não vão jogar fora 50 anos de luta armada, que ninguém lhes deu os fuzis para que eles tenham que entregá-los, que são um exército revolucionário insurgente não terroristas, e que persistem na Colômbia as condições para que eles existam.
Por sua parte, o Estado colombiano carece de estratégia integral a longo prazo para resolver o problema. Não há negociadores de paz capacitados para entender e opor-se à farsa das FARC, primam o desejo midiático e a ambição pessoal de Cesar Gaviria, Ernesto Samper e Rafael Pardo para ressuscitar o partido Liberal que eles mesmos sepultaram, ao custo que seja, não importando se é necessário sacrificar a Colômbia uma vez mais, como já o fizeram no passado. E Santos faz o jogo deles, pois o Partido Conservador está em crise e o Partido da U é uma miscelânea de oportunismos.
Por sua vez, a Igreja Católica aspira a tirar dividendos midiáticos e de garantia de paróquia com este processo. As FARC e seus sócios a vêem como mais uma possibilidade de avançar para a tomada do poder, sem renunciar às armas. Os governos socialistas do hemisfério vêem a possibilidade de legitimar as FARC para pôr o comunismo na rica e ansiada cunha geopolítica do norte da América do Sul, etc., etc.
Todas as posições são excludentes, pois as mais sacrificadas são a Colômbia e as Forças Armadas, que mais uma vez terão que carregar com o peso da incompetência e da miopia estratégica de seus dirigentes, mais a irracionalidade das FARC e de seus comissários políticos. Portanto, outro processo de paz com as FARC? A que preço?
Tradução: Graça Salgueiro