O campeonato da insensatez
Mídia Sem Máscara
Ubiratan Iorio | 28 Julho 2011
Artigos - Economia
Melhor faria nosso ministro se cuidasse melhor das contas do governo brasileiro, que mostram vergonhosa maquiagem via Petrossauro e BNDES.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, entre uma e outra demonstração de que a teoria econômica que povoa sua cabeça parece ser, com o decorrer do tempo, como os rabos dos cavalos - cresce para baixo! - se declarou "apreensivo" pelo rumo que as negociações para a elevação do teto da dívida pública do governo dos Estados Unidos estão tomando. Disse ainda esperar "sensatez" na solução, chamando de "marcha da insensatez" o processo nos EUA.
Vejam só a que ponto de incongruência chega nosso ministro: "Eu torço para que eles resolvam essa situação. Seria ruim para o mundo todo um default (dos EUA). O governo (norte-americano) não terá como pagar as dívidas, os serviços públicos, nem os investimentos.Seria uma grande insensatez se não conseguissem resolver esta situação", disse na abertura do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
Em um ponto o homem está certo: o "processo" nos EUA é mesmo uma insensatez! Isto para não dizermos uma imoralidade. Mas, ao defender a proposta populista de Obama - o Lula que estudou e que fala inglês -, Mantega está, embora sua compreensão da economia não vá além de um ou dois semestres de meus estudantes na UERJ, defendendo o aumento da insensatez! Com efeito, a dívida pública total do governo dos EUA atingiu em 2010 o total de US$ 14.02 trilhões, enquanto o total das receitas federais chegou a US$ 2.16 trilhões...
Melhor faria nosso ministro se cuidasse melhor das contas do governo brasileiro, que mostram vergonhosa maquiagem via Petrossauro e BNDES. O caso americano terá um desfecho dramático, porque nem o governo da economia mais rica do mundo pode gastar acima do que arrecada durante décadas. Mesmo que a proposta do outrora "salvador da pátria" Obama de elevar o teto da relação dívida pública/PIB seja aprovada, o máximo que irá produzir será um adiamento do inevitável ajuste de contas, que já vem sendo feito, aliás, há bastante tempo.
E o custo desses sucessivos adiamentos, tanto em termos puramente financeiros como em termos de desemprego e inflação, é notoriamente crescente com o tempo.
Onde vamos parar, eles lá e nós aqui? Quem será o campeão da insensatez?
Ah, como fazem falta cursos de Austrian Economics nos currículos das universidades!
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