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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A incoerência entre discurso e prática na gestão Santos

Mídia Sem Máscara

Cel. Luis Alberto Villamarín Pulido | 26 Outubro 2010
Internacional - América Latina

Frente às Forças Militares e de Polícia, bastiões de sua até hoje não cumprida proposta de governo, pois o abate de Jojoy foi a continuidade da ofensiva iniciada no governo anterior e o resultado da indeclinável constância das tropas, Santos jogou cartas de dupla face.

Com séria preocupação, muitos colombianos, inclusive a reserva ativa da Força Pública, observam a enorme incoerência entre as propostas políticas de Juan Manuel Santos em campanha eleitoral, e suas execuções no cargo como Presidente.

Da loquacidade com suposto matiz uribista frente à comprovada cumplicidade de Lula, Chávez e Correa com as FARC, Santos passou para um preocupante apaziguamento e aparente indiferença que desconcerta enormemente. Não é nenhum segredo que os três mandatários enunciados e seus demais cúmplices do Foro de São Paulo nem cessaram a agressão contra a Colômbia, nem deixarão de buscar a legitimação das FARC, nem procurarão nada diferente de instaurar na Colômbia um governo afim ao socialismo do século XXI e portanto, anti-norte-americano, assim a senhora Clinton ou o presidente Obama o ponham em dúvida.

É assombroso que Santos, afeito à auto-publicidade e ao egocentrismo, mantenha silêncio cúmplice frente à atitude velhaca dos magistrados da Corte Suprema de Justiça que, em provável transgressão da Constituição da Colômbia, continuam sem nomear um Fiscal Geral em propriedade com a anuência complacente do Congresso e dos colombianos em geral.

Com os computadores de Jojoy, entre os quais é óbvio, estão os arquivos eletrônicos de Tirofijo, Santos dedicou-se a fazer politicagem. Publica a conta-gotas os dados já conhecidos dos computadores de Reyes, ou os que são óbvios, como o ódio das FARC contra Uribe e o próprio Santos.

Suas reuniões semanais com diferentes comunidades não são nem sombra, nem parecidas com os conselhos comunitários de Uribe. Suas relações com o Congresso e com os meios de comunicação são apenas figurativas. Sua posição no entorno hemisférico é muito discreta e quase desconhecida. Não tem força midiática na América Latina. Carece da liderança que Uribe tem no continente.

Para ter governabilidade, Santos nomeou dois inflamados inimigos políticos nas pastas do Interior e Defesa. É óbvio: Vargas Lleras e o loquaz ministro Rivera estão em campanha presidencial para 2014 porque seus egos, mas não suas verdadeiras capacidades, lhes indicam isso. Mais cedo ou mais tarde "vão mostrar suas verdadeiras intenções" e a crise ministerial sobrevirá.

Frente às Forças Militares e de Polícia, bastiões de sua até hoje não cumprida proposta de governo, pois o abate de Jojoy foi a continuidade da ofensiva iniciada no governo anterior e o resultado da indeclinável constância das tropas, Santos jogou cartas de dupla face, do mesmo modo quando se auto-denominou o herói das operações Xeque e Fênix, mas lavou as mãos com as prováveis execuções extra-judiciais de uns jovens de Soacha.

Tampouco foi claro acerca do aberrante caso do almirante Arango Bacci e as verdadeiras razões da irregular destituição do oficial naval. Muito menos impôs a auto-presumida autoridade férrea, nem chamou para qualificar serviços o controvertido general Suárez Bustamante, do conhecimento de todos que a negativa do general Suárez para passar à reserva ativa é um ato de indisciplina que senta precedentes nefastos entre o generalato.

Com relação ao justo reclamo dos pagamentos incompletos dos soldos de militares e policiais desde 1992, assunto que Santos conhece muito bem pois foi ministro da Fazenda e da Defesa, fez-se de desentendido e, além disso, permitiu que seu subalterno Rodrigo Rivera, em um típico ato de inaptidão para ocupar o imerecido cargo de Ministro da Defesa, abrisse a boca com suprema estultícia ao asseverar que o mal pagamento às instituições armadas se recompensa com condecorações e felicitações.

Com atitudes medíocres como estas, Santos e seu ministro Rivera corroboram a tese de que a passagem de civis sem nenhuma fundamentação do manejo das Forças Armadas na pasta da Defesa, tem sido nociva para o país que, sem exceção, desde Pardo Rueda até Rodrigo Rivera, não houve um só funcionário civil com categoria de ministro da Defesa digno de receber honras militares, nem muito menos capacitado para dirigir as Forças Militares na complexa guerra contra o narcoterrorismo comunista que a Colômbia tem vivido durante décadas.

Enquanto isso, Chávez, Correa, as FARC, Colombianos pela Paz, Lula e os demais sequazes continuam empenhados em destruir as instituições colombianas, implementar um governo de transição encabeçado por uma reconhecida porta-voz do grupo terrorista, os politiqueiros continuam assíduos à habitual rapina, a Corte Suprema desconhece de maneira flagrante a Constituição que tem o dever de fazer cumprir, e a Colômbia continua no atoleiro do terceiro-mundismo, carregada de problemas insolúveis como a pobreza absoluta, a insegurança crescente nas cidades, o desemprego, a apenas aceitável educação, etc., etc.

* Analista de assuntos estratégicos - www.conflictocolombiano.com

Tradução: Graça Salgueiro

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