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domingo, 2 de janeiro de 2011

Feliz Ano Velho

Mídia Sem Máscara

A crise econômica que se avizinha pode redundar em crise política para uma governante estreante em tudo e de legitimidade bastante inferior à de Lula.

O encerramento do governo Lula e a posse da presidente Dilma são fatos que nos colocam o desafio de conjecturar o que esperar do ano novo. Estou pessimista, menos pela troca de comando do que pelos fatos da conjuntura. A troca de governante, todavia, deve ser encarada também como sintoma de um tempo que se completou e da abertura de um novo ciclo. Creio que o governo Lula encerra um momento de grande prosperidade, que nada teve a ver com o seu governo. Simplesmente uma conjunção de fatores internacionais favoreceu e, a despeito de suas tolices e dos seus erros, a coisa andou bem para o Brasil.

Dilma assume sob outro signo. Os tempos agora são desfavoráveis. A Europa está colocada diante de um desmonte fiscal que poderá trazer a recessão profunda e prolongada em seu território. Os EUA não estão menos desfavorecidos, sob o desafio da recessão e da inflação. E da inação de Barack Obama, que parece ser esgotado sua política. Ele não sabe o que fazer. A China está agora ameaçada pela inflação e tem que tomar deveras medidas de contenção. O somatório de tudo isso é que o ano de 2011 poderá ser o pior, em termos econômicos, em uma década.

Não menos relevante é o cenário interno, de explosão dos gastos públicos, desaparecimento do superávit primário do governo, do gigantesco déficit nas contas internacionais (ainda financiável pelo exorbitante taxa de juros que se paga aos capitais externos que por aqui aportam), a sempre ameaçadora inflação que, a despeito do câmbio, teima em se elevar. A Dilma Rousseff, se ela tiver um pingo de responsabilidade e senso público, só caberá o puxar do freio de mão, para deter a orgia dos gastos públicos e o descontrole de todas as contas.

Bem sabemos que um cenário de retração como esse não é tranqüilo. Os conflitos serão inevitáveis. A tal base do governo é gastadora e insaciável e sempre raciocina como se a lei da escassez não existisse, mas ela, de uma forma ou de outra, se impõe, sempre. A crise econômica que se avizinha pode redundar em crise política para uma governante estreante em tudo e de legitimidade bastante inferior à de Lula. Governante fraca em meio a uma crise econômica e política é uma situação bastante perigosa.

E ainda tem a agenda de reformas que o PT quer perseguir, a começar pela reforma política, fadada a ser rejeitada. E o tal Plano Nacional dos Direitos Humanos, não menos problemático. E a reforma nas leis que regulam a liberdade de imprensa. Como vivemos o auge de uma república sindicalista, o encontro de crise econômica, crise política, inflação, déficit crescente com o mercado externo e a ausência de pulso forte da governante pode levar o país à convulsão de greves intermináveis. E, também, à paralisia no Legislativo.

A roda girou e sua posição agora não é nada favorável. É esperar para ver. O ano novo promete muitas emoções, mas também desespero. Quem viver verá.

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