Um país dividido
Mídia Sem Máscara
Blog do Mr. X | 10 Abril 2010
Internacional - Estados Unidos
Enquanto os conservadores ficariam felizes de poderem se livrar dos progressistas e viver a seu modo sem interferências, os esquerdistas têm a necessidade de impor o seu modelo a todos, por bem ou por mal.
Li faz algum tempo uma interessante discussão sobre a possibilidade de separar os EUA em dois países: metade com os estados tradicionalmente Democratas (Blue States) e metade com os estados tradicionalmente Republicanos (Red States). Uma divisão, hoje apenas ideológica, de acordo com a proposta se tornaria geográfica. (Aqui uma visão mais otimista e de centro sobre a questão)
Como separar esses dois grupos, que pouco ou nada tem a ver um com o outro, que não parecem se ver mais como concidadãos?
O autor da idéia propõe um divórcio. Conservadores de um lado, progressistas do outro. Cada um com seu país.
A idéia é divertida, e, em princípio, lógica. Os conservadores poderiam viver em seu mundinho de sociedade tradicional e estado mínimo, e os progressistas se livrariam desses capitalistas cristãos, caretas, atrasados, chatos e racistas, podendo perseguir suas utopias apenas entre pessoas de mesma índole. (Os libertários poderiam escolher em qual dos dois paises ficar). A divisão, que na mente de um esquerdista mais exaltado incluiria até mesmo o Canadá, seria assim:
A idéia poderia ser adaptada a vários outros países. Por que não separar o Brasil de Direita do Brasil de Esquerda, por exemplo? Petistas para um lado, o resto do outro.
O problema é que a idéia, fascinante na teoria, jamais funcionaria na prática. Em primeiro lugar, a esquerda é universalista e totalitária. Enquanto os conservadores ficariam felizes de poderem se livrar dos progressistas e viver a seu modo sem interferências, os esquerdistas têm a necessidade de impor o seu modelo a todos, por bem ou por mal. Não lhes basta o isolamento entre seus semelhantes, como os amish: querem forçar os cristãos a aceitar o casamento gay, obrigar as minorias a lutar contra o racismo, exigir aos recalcados conservadores a aceitação dos direitos dos transexuais, e assim por diante. Seu projeto transformador não exclui ninguém.
(Para sermos justos, devemos observar que também os conservadores pretendem em alguns casos impor normas de comportamento aos esquerdistas, como proibir o consumo de maconha, ou impedir desagravos à religião, e isso é vivenciado pelos progressistas como uma tirania; mas, ainda assim, raramente os conservadores impõe idéias radicais de transformação social.)
Mas é claro que o principal problema é outro. Embora os demonize constantemente, a esquerda precisa dos conservadores -- ou ao menos dos seus impostos. Sem o dinheiro dos conservadores, a esquerda não consegue fazer "redistribuição de renda" nem nenhum de seus projetos megalomaníacos de transformação social.
Assim, se a separação física e demográfica de fato ocorresse, poderíamos antecipar um de dois prováveis resultados: um, o fracasso econômico e posterior conflito social no País de Esquerda, que devido às idéias econômicas de jerico e ao gasto exorbitante de dinheiro público, em poucos anos entraria em colapso. Milhões de refugiados emigrariam para o País de Direita, e o ciclo se repetiria. Ou, então, dois: o ditador esquerdista - esquerda, cedo ou tarde, sempre termina em ditadura - poderia tentar invadir o País de Direita para saquear seus recursos, ou sabotá-lo internamente.
Assim sendo, parece claro que tal divisão física é impossível. O problema é que, cada vez mais, tampouco parece possível que Esquerda e Direita, conservadores e progressistas, cheguem a um consenso sobre o rumo a seguir. Como um casal que se odeia mas é obrigado a conviver, conservadores e progressistas deverão continuar sob o mesmo teto. Ao menos até que a casa caia.
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