Outra vez atentam contra minha vida
Mídia Sem Máscara
Fernando Vargas Quemba | 07 Março 2011
Internacional - América Latina
Só uma organização canalha e sanguinária, sem escrúpulos, abre fogo em meio de centenas de meninos e meninas que a essa hora saíam do centro educacional.
Prólogo da tradutora:
Acompanho o trabalho do Dr. Fernando Vargas há mais de três anos, nutrindo por ele grande admiração pela sua coragem em enfrentar uma justiça politizada e infiltrada de simpatizantes e antigos terroristas das guerrilhas que açoitam a Colômbia há quase seis décadas. Em junho do ano passado, por ocasião de minha visita àquele país, tive a grata satisfação de conhecê-lo pessoalmente, quando almoçamos e depois seguimos para um café, a fim de estender a interessante palestra com que o filósofo Olavo de Carvalho brindava ao pequeno grupo.
Dr. Fernando é um homem calmo, de firmes convicções conservadoras e que dedicou boa parte de sua vida a lutar pelo direito à dignidade e justiça daqueles que foram e são vítimas das guerrilhas. Quando Juan Manuel Santos assumiu a presidência da Colômbia, pouco depois iniciou-se o processo da "Lei de Reparação às Vítimas". O objetivo, no entanto, não era reparar os danos a todos os que foram vítimas das guerrilhas terroristas, mas apenas àquelas vinculadas à UP (Unión Patriótica), um partido político de esquerda hoje extinto.
As vítimas dos bandos terroristas (FARC, ELN, EPL, M-19, etc.) foram propositalmente deixadas de fora porque há muito lobby no Parlamento e dentro da própria Corte Suprema de Justiça, como já ficou provado em vários casos, sendo o mais escandaloso o do Coronel Alfonso Plazas Vega.
Na quinta-feira passada tentaram silenciar o Dr. Fernando, do mesmo modo como em 1985 o narco-traficante Pablo Escobar financiou o ataque perpetrado pelo M-19 ao Palácio da Justiça, para destruir os processos daqueles que seriam julgados naquele dia sobre sua extradição. É assim que esta gente age. Eliminam quem se atravessa em seu caminho, friamente. Seus crimes têm que ser encobertos para que, depois de um certo tempo, quando a memória popular já não recorda com tanta precisão, eles possam re-escrever a história a seu modo. Da mesma maneira como se quer fazer aqui com a tal "Comissão da Verdade" que exclui as vítimas dos terroristas daquela ocasião.
Sobre este atentado hediondo, pois ocorreu na porta de uma escola onde podia atingir crianças inocentes, a imprensa só notificou dois dias depois e, ainda assim, em notinhas acanhadas que logo saíram do destaque e foram parar no rodapé. Lembro que por ocasião da campanha presidencial do ano passado o terrorista Gustavo Petro, ex-militante do M-19 e anistiado, referiu ter sofrido uma "ameaça" e logo tornou-se manchete em toda a mídia colombiana, e de imediato recebeu proteção policial. O mesmo ocorreu com a porta-voz das FARC, a ex-senadora Piedad Córdoba entretanto, para o Dr. Fernando, que tem direito a proteção policial em documento expedido pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, até hoje nem o Governo, nem a Polícia nem nenhuma outra autoridade responsável lhe garantiu a preservação de sua integridade e de sua família. Ninguém se importou. Ninguém cumpriu com o seu dever de protegê-lo porque ele é uma figura incômoda que teima em recordar que terrorista é terrorista, e que seus crimes não podem ficar impunes.
A denúncia que ele faz neste artigo merece reflexão de todos nós, e total repúdio ao desamparo em que se encontram, ele e sua família. Por acaso a vida de um bandido comunista vale mais do que a de um cidadão de bem, cujo único "crime" é exigir que a lei ampare a todas as vítimas igualmente?
Não podemos fechar os olhos a este fato abominável porque o que sucedeu com o Dr. Fernando na Colômbia, não está longe de acontecer conosco, pois não podemos esquecer que comunista é igual, em qualquer lugar do planeta.
*****
Ao meio-dia de hoje (3 de março), no momento em que apanhava meus filhos à saída do colégio, atentaram a balaços contra minha vida e integridade. A fúria dos sicários, o ódio em seus olhos e o emprego infame de suas armas de fogo, não conseguiram superar a resistência do vidro blindado do veículo, que protegeu minha vida e não me foi dado pelo Governo. Só uma organização canalha e sanguinária, sem escrúpulos, abre fogo em meio de centenas de meninos e meninas que a essa hora saíam do centro educacional. Graças a Deus não ocasionaram uma desgraça contra a vida e a integridade desses escolares.
Este atentado se produz no momento em que reclamamos ao Governo nacional e ao Ministério do Interior, que não desconheçam os direitos às vítimas das ações criminais dos braços armados do Partido Comunista nas décadas de 1960, 1970 e 1980. Aborrece-os sobremaneira que seus crimes fiquem registrados na memória histórica da Colômbia aborrece-os que seus crimes passem pelo exercício dos direitos à verdade e à reparação. Desgosta-lhes que não toleremos seus pactos secretos entre dirigentes liberais e conservadores, que traíram suas bases sacrificadas para encobrir estes crimes.
Atentam contra minha vida, no momento em que reclamamos nossa quota, que por lei temos como organização de vítimas na Comissão Nacional de Reparação. Isto tampouco lhes agrada. Não lhes agrada que reclamemos que a memória histórica se levante reta, sem vieses e sem ocultar autorias intelectuais de organizações comunistas.
Sou advogado defensor de militares em cenários judiciais e políticos. E isso também aborrece muito esta esquerda pseudo-intelectual violadora dos direitos humanos. Sou advogado assessor e acompanhante das comunidades afro-descendentes que em Atrato denunciam as FARC e as ONG's "Justiça e Paz" e outras internacionais, de trabalhar em concerto para sujeitá-los e dominar seus territórios. Atuo como representante de vítimas e parte civil no emblemático processo da unidade de direitos humanos do Ministério Público, referenciado como o "2022", que já condenou dezenas de milicianos autores de assassinatos contra as comunidades negras em Atrato, e que contém as denúncias e provas contra as ONG's assinaladas de atuar em conchavo com as FARC. E, claro, isso tampouco lhes agrada.
O Governo nacional deve garantir minha vida, minha integridade e ser fiador dos direitos das vítimas da guerrilha. Os autores do atentado me são indiferentes, pois são simples braços armados de uma esquerda totalitária, altamente criminalizada, que pretende com meu assassinato cobrir de impunidade seus crimes, e levantar à sua medida a memória histórica do conflito que eles iniciaram.
Se acabam com a minha vida ou com a vida de meus filhos, a autoria material e mediata está plenamente estabelecida neste documento. Por sua parte, o Governo do Presidente Juan Manuel Santos e seu Vice-Presidente Angelino Garzón, antigo membro do Partido Comunista e fundador da UP, serão responsáveis ante a história por ação ou omissão.
Fernando Vargas
Presidente do Comitê Vida Colômbia, Bogotá
Tradução: Graça Salgueiro
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