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sábado, 26 de março de 2011

Para nunca perdoar

Mídia Sem Máscara

Em cada crânio estraçalhado, a certeza de que o comunismo nunca passou de uma cruel farsa megalomaníaca orquestrada por cínicos assassinos psicóticos.


A história da humanidade é a história da guerra, disse certa vez Churchill. Da guerra e de seus massacres, completar-lhe-ia eu. Neste fim de semana, revi o ótimo filme O Massacre de Katyn, do diretor polonês Andrzej Wajda. Os primeiros dois minutos do filme nos gelam a alma de tal maneira que só uma obra de arte poderia fazer. Em 1º de setembro de 1939, Hitler invade a Polônia e dá início à pior guerra da história humana. Pondo em prática entendimentos secretos firmados entre os governos alemão e soviético, os comunistas também invadem, em 17 de setembro, o território polonês. Em dois minutos, a película expõe a encruzilhada daquele povo: de um lado da ponte, uma multidão de civis poloneses foge dos nazistas vindo do oeste. Na extremidade oposta, outro grupo de civis tenta escapar da invasão vermelha ao leste. Aterrorizados, os grupos se encontram no meio da ponte e os membros de um tentam convencer o outro, entre gritos e atropelos, que o melhor caminho a seguir é o contrário. Fecha a cena.

Cinco de março de 1940. Stalin acorda para mais um dia árduo de trabalho. Enquanto toma um cafezinho e passa os olhos pelas notícias matutinas, assina displicentemente a ordem de execução que resultará na morte de pelo menos 20 mil poloneses feitos prisioneiros durante a invasão. Fecha a cena.

Primavera de 1940. Tratores rasgam o solo da floresta de Katyn e preparam as valas. É chegada a hora de semear a morte. Milhares de homens são trazidos em camburões em sucessivas viagens. Todos têm as mãos atadas de um modo que também os impede de mover o pescoço. Aos mais desesperados, é reservado um saco escuro amarrado à cabeça. A ação é rápida e sistemática. Dois homens levam o prisioneiro à beira da cova. Um terceiro chega por trás e, sem que a vítima o perceba, faz um único disparo na nuca. O corpo cai. Um quarto soldado recarrega a arma. A floresta abafa o som surdo, mas constante das balas. O soldado do trator empurra a terra grossa da floresta para cima dos corpos. "Que merda. Esses cigarros do governo estão ficando com o gosto cada vez pior" pragueja, enquanto manobra a máquina por cima dos cadáveres. Fecha a cena.

Março de 2011. Vejo as fotos de milhares de ossadas e uma infinidade de pequenas medalhas cristãs e pingentes com recordações familiares. Em cada crânio estraçalhado, a certeza de que o comunismo nunca passou de uma cruel farsa megalomaníaca orquestrada por cínicos assassinos psicóticos. No local da barbárie, hoje, um memorial com os dizeres: "Para nunca esquecer. Para nunca perdoar". Fecha a cena, sobem os créditos.




Rodolfo Oliveira é jornalista.

Publicado no jornal O Estado

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