O que quer o Brasil da França... além de uma beijoca de Lula em Sarko...
Segunda-feira, 22 de Dezembro de 2008
Blog do Clausewitz
Peço ao amigo e à amiga que leia antes de mais nada o texto abaixo e as reportagens logo em seguida... o texto é antigo, quando Sarkozy ainda era ministro do governo francês, mas as reportagens são mais recentes... a primeira é do mês de abril e por último, uma de hoje relativa à visita do presidente francês... volto depois...
DOSSIÊ - A FRANÇA E O ISLÃ
"A França tornou-se, em menos de 40 anos, a nação da Europa ocidental em que a população de origem muçulmana é a mais importante numericamente. Segundo as declarações feitas em 2003 pelo Ministro do Interior, Nicolas Sarkozy (atualmente Ministro da Economia e das Finanças), na França vivem cinco milhões de muçulmanos e o Islã é a segunda religião do país, depois do catolicismo (43 milhões, 75% dos franceses, num total de 58 milhões de habitantes) e é muito mais difusa do que o protestantismo (800 mil), do que o judaísmo (700 mil) e do que o budismo (400 mil).
Desde 1913, o número de muçulmanos residentes na França passou de 5 mil para 5 milhões hoje. Desses, quase três milhões são cidadãos franceses. Todavia, seu peso político é ainda insignificante. Quantos ministros, deputados, senadores, prefeitos, embaixadores são filhos da imigração? Poucos. E este é já um primeiro sinal que revela uma integração ainda difícil, vista a recente lei sobre a proibição dos símbolos religiosos “ostentados” em ambiente escolar.
Todo dia 5 de janeiro, para a cerimônia de felicitações, o Presidente da República recebe os representantes das três grandes religiões da França: católica, protestante e judaica, e a religião muçulmana fica de fora. Somente no dia 13 de janeiro de 2000, o Presidente Chirac convidou pela primeira vez, separadamente, uma pequena delegação de Imãs e de reitores de mesquitas, entre eles o reitor da mesquita de Paris, Dalil Bubakeur.
Mas se o Estado francês fez pouco para atualizar a velha máquina da integração, do outro lado, durante anos, numerosos muçulmanos franceses nunca quiseram considerar a França como seu país, mas somente como uma terra de passagem. Nos anos 50, com a chegada dos imigrantes vindos das colônias do norte da África, os árabes e muçulmanos mandavam todo o dinheiro para suas famílias. Nem mesmo a lei da reconjuntividade familiar, de 1974, conseguiu mudar a convicção de que a verdadeira vida estava do outro lado do Mediterrâneo. Depois, esta tendência começou a mudar lentamente, mas se apresentou um outro grande problema: como permanecer de cultura e de religião muçulmanas em um país leigo sem renegar as próprias origens? É preciso levar em consideração também alguns resultados de pesquisas solicitadas sobre a prática religiosa dos muçulmanos na França, publicados pelo jornal “Le Monde” (veja em anexo).
De fato, a mudança ocorreu gradualmente nos últimos 10 anos, quando a população imigrada tomou consciência que já era francesa a todos os efeitos. Também o demonstra um fato que não escapou das estatísticas: desde o início da década de 90, aumentaram os pedidos de muçulmanos que querem ser sepultados nos cemitérios franceses. Isso significa abandonar o mito do retorno e se adequar ao lugar onde se vive, adaptar-se às leis, aos valores e ao estilo de vida francês. Mas é possível fazê-lo sem abandonar a própria identidade árabe-muçulmana?
É um desafio difícil em uma França que ainda não está completamente curada do drama argelino, e que está tomada, agora, pelo novo medo do terrorismo islâmico. Hoje, pode-se considerar integrados entre 60 e 80% dos muçulmanos, inclusive muitos personagens televisivos, muitos artistas e intelectuais. Um em cada dez casais declara-se misto e os casamentos entre franceses e argelinos estão em primeiro lugar. Está em aumento constante também o número das magrebinas casadas com franceses não muçulmanos. Tudo isso está mudando o panorama social francês. Mas se deve destacar que as histórias de sucesso são individuais e não derivam de uma política de integração conduzida em nível nacional, que ao invés veio a faltar. E existem ainda muitos casos de magrebinos que voltaram para seus países depois de um divórcio e depois de terem tirado os filhos das ex-mulheres que, segundo as regras do Islã, são sempre sob custódia do pai.
Uma profunda fratura está dividindo a comunidade árabe-muçulmana: de um lado, a maioria, estão aqueles que “tomaram o elevador”, como afirmam na França, e de outro, aqueles abandonados a si mesmos, principalmente jovens sem educação e sem trabalho. Os mais vulneráveis cedem a todas as tentações, muitas vezes acabam se envolvendo com delinqüentes ou com o integralismo islâmico, principalmente nas cidades-gueto, construídas nos anos 60, e que os governos sucessivos não conseguiram desfazer. E um crime, às vezes, segue o outro. Delinqüência, carros danificados, agressões, brigas entre bandas, assaltos à mão armada. A lógica é quase simplória: a sociedade nos ignora? Então provaremos a nossa existência!
Antes do 11 de setembro, o conflito israelense-palestino, amplificado pela mídia, exasperou esta atitude em algumas faixas da população. O 11 de setembro mudou muitas coisas. Alguns destes jovens marginais precisavam de uma fé, de uma causa. Hoje, os serviços de inteligência franceses descobriram que a rede de Bin Laden já estava enraizada e ativa, e que jovens talibãs franceses já haviam iniciado o percurso inicial do Afeganistão, e foram presos em Guantanamo.
Ao governo permanecia uma só estrada: tomar ato da existência do Islamismo e organizá-lo. Jean Pierre Chevenement, Ministro do Interior e dos Cultos, já havia planejado, em 1999, um processo de consulta das autoridades islâmicas. A situação demonstrou-se rapidamente catastrófica, porque o Islamismo na França era fragmentado, não existia uma comunidade unida, e os locais de culto cresciam de forma desordenada. Em 1978, existiam 72 mesquitas, em 2002, centenas. Os muçulmanos começavam a rezar em garagens, cantinas; todos podiam se autoproclamar Imames e improvisar pregações inflamadas. Em meio a esta anarquia, os grupos extremistas mais organizados começaram a dominar os locais de oração."
Fonte: Agência Fides
Sarkozy se opõe à regularização global de imigrantes ilegais
“O presidente francês, Nicolas Sarkozy, ressaltou hoje sua oposição a uma regularização global dos imigrantes ilegais, porque a experiência mostra que "conduz à catástrofe", e insistiu em aplicar a lei, enquanto criticou os empresários que contratam trabalhadores irregulares.
Fonte: IG / Efe
Acordos de Defesa devem marcar encontro entre Lula e Sarkozy
"Em sua última viagem oficial como líder da União Européia, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, terá no Brasil uma agenda repleta de anúncios positivos, mas precisará lidar com alguns assuntos delicados na relação bilateral, como a imigração. Do lado positivo da agenda, o destaque são os acordos na área de defesa...
De acordo com o Itamaraty, o assunto não faz parte da pauta do encontro entre os dois presidentes, no Rio de Janeiro, "mas poderá ser abordado". Se isso acontecer, o argumento brasileiro junto a Sarkozy será no sentido de "mostrar os aspectos positivos da imigração".
Falando à BBC Brasil em Paris, Jean-David Levitte, conselheiro diplomático de Sarkozy, disse que acha que a proposta para a imigração "não foi bem compreendida na América Latina". Segundo ele, as conversas com Lula sobre o assunto serão apenas para detalhar as novas regras. O conselheiro do presidente francês admitiu, no entanto, que talvez o tema da imigração não conste na declaração final da Cúpula União Européia-Brasil por falta de acordo."
Fonte: IG / BBC
Alguns comentários meus:
1º- O Blog do Clausewitz vem alertando para a política externa da diplomacia brasileira que está visando ao bem estar do foro de São Paulo e visando também à aproximação do Brasil com o islã...
2º- Isso é notório e só neste ano foram mais de dez termos de cooperação militar com países islâmicos e como no caso da França, com grande população islâmica...
3º- A razão é óbvia e é a mesma que está levando os vizinhos Venezuela, Bolívia e Equador a buscar essa aproximação: o anti-americanismo...
4º- Mas o leitor mais arvorado dirá: mas a França está isenta e no mais, é uma grande potência... sim, a França é uma grande potência, é o centro financeiro e político da União Européia, Paris é um dos centros nervosos da OTAN, a França é um governo de direita, a primeira dama é muito graciosa, mas como nos mostra o primeiro artigo, a França abriga hoje um universo de mais de 5 milhões de mulçumanos e o islã é a segunda religião professada...
5º- E o que o pessoal do Itamaraty está querendo na verdade é amolecer o direitista garotão Nicolas Sarkozy, que desde o início desta década é um dos mais combativos políticos na busca da legitimação da migração ao continente europeu, pois como ele próprio afirmou, não há condições de assimilarem toda a desgraça do mundo...
6º- E por que a França tem que ser amolecida pelo foro de São Paulo? A França, juntamente com a Espanha, tem sido secularmente um corredor de escoamento das comunidades marroquinas e argelinas, até mesmo porque ambos os países foram colônias francesas até a segunda-guerra mundial... e esse fluxo foi o suficiente para estabelecer a migração que saturou a França da cultura islâmica...
7º- Certamente ainda há alguns visitantes que não entenderam porque o islã seria importante para o foro de São Paulo e porque seria necessário o afrouxamente dos rigores do presidente Sarkozy... ora, desde quando o Itamaraty se preocupou com nossos imigrantes e migrantes ilegais ou legais? o que é mais urgente agora, disseminar o islamismo na Europa que controla a imigração com base nas teorias de Sarkozy ou na América Latina que já está de portas abertas para a jihad?
8º- Eu lembro que a jihad islâmica foi a única força viva capaz de levar o pânico aos Estados Unidos e à Europa, após a pseudo-organização promovida pela ONU no mundo e que o que eles buscaram destruir está intimamente ligado com o que os comunistas há quase um século também perseguem: a destruição do mundo capitalista, do mundo onde a economia de mercado é o centro das oportunidades, do mundo onde a liberdade é o centro da vida...
9º e último- E para quem descobrir o que Lula está falando a Nicolas Sarkozy, na foto acima, em francês bizantino, ofereço um panetone de frutas cristalizadas que recebi numa cesta de natal muiiiiiiiiiito estranha... diria até perigosa...
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