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sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

A revolução em marcha

Mídia Sem Máscara

Nivaldo Cordeiro | 24 Dezembro 2009
Artigos - Movimento Revolucionário

O promotor está completamente mergulhado no afã revolucionário e se julga um vingador social. Nem mais é promotor público, é um advogado do MST.

Meu caro leitor, eu queria aqui comentar o filme do James Cameron, AVATAR. Esplêndidos recursos tecnológicos colocados a serviço de um roteiro porcaria. Vale a pena ver as imagens? Certamente, mas a mistura de tribos apaches na forma de ETs, em planeta exterior, é demais. De novo e de novo o cinema pinta a imagem da civilização da forma a mais distorcida. Essa veneração de um clone da Mãe-terra é apenas ridícula. Roteiros assim servem para estupidificar as multidões. Cameron é como um Chaplin redivivo, na sua pregação panteísta e New Age. No lugar de um vagabundo sentimental temos ETs apaches sentimentais humanóides, que os tempos agora são de olhar para o céu em busca de um substituto de Deus para os ateus. Mas deixo o filme de lado, que outro assunto me chama.

Poderia também aqui comentar a decisão de se elevar o salário mínimo, tomada por Lula. Para quê? Essa gente revolucionária acha que a escassez é fabricada e que preços podem ser arbitrados independentemente do mercado. Eles acreditam mesmo é em planejamento central e, enquanto este não vem, brincam de fabricar todos os preços sistêmicos. Lula e o PT ficam o tempo todo maquinando decisões para adular as massas, a troco de votos para se perpetuarem no poder. Alguém haveria de dizer que algo assim é tolo? Que vai gerar inflação? Desemprego? Crise na balança comercial? Não vi voz alguma se levantar contra a arbitrariedade estatal. Todos se comportam como se fosse um ato de sanidade, quando é arrematada loucura. Quem pagará o mínimo maior é o próprio beneficiário, que perderá emprego e amargará inflação.

Mas quero mesmo é falar da entrevista publicada na Folha de S. Paulo, em sua edição de ontem (22), concedida pelo promotor Marcelo Goulart, para mim estarrecedora. Um agente da estrutura de Justiça do Estado completamente inconsciente das suas responsabilidades institucionais, falando com desenvoltura de seu sonho utópico. Assumiu-se como agente ativo da revolução gramsciana. Nos tempos em que a elite dirigente era sã suas declarações seriam tomadas como uma perigosa manifestação subversiva e prontamente combatida. Agora é não apenas tolerada, é aplaudida.

O mal político é como um tumor maligno que se alojou em um órgão vital. A única chance de o organismo sobreviver é pela extirpação cirúrgica sumária. Estamos vendo o Brasil doente, sofrendo metástase fulminante, sem que algum curador se apresse a fazer o que precisa ser feito.

Marcelo Goulart declarou: "A visão do Ministério Público como mero agente processual está superada desde a promulgação da Constituição de 1988. O membro do Ministério Público é agente político e, hoje, tem a incumbência constitucional de defender o regime democrático e implementar a estratégia institucional de construir uma sociedade livre, justa e solidária". Está aqui toda a receita de como um agente de Estado se torna um serviçal do PT. O que é defender o regime democrático? Para essa gente, não é respeitar as regras da democracia representativa, menos ainda a propriedade privada. Sua visão de democracia é a utopia extraída dos livros de Rousseau e difundida mundo afora pela pena de Marx, Kant e muitos filósofos desde então. Gramsci aqui é um mero retransmissor do jacobinismo que fez a Revolução Francesa.

Declarou: "Os membros do Ministério Público têm clareza do seu papel social, dos limites de suas funções e do uso do instrumental jurídico de que dispõem. Assim, a aproximação entre Ministério Público e as forças progressistas da sociedade torna-se inevitável e necessária. É um bem, não é um mal". O ideal de Justiça com a igualdade de todos diante da lei é simplesmente ignorado e, no seu lugar, o agente público, como se fosse um mero agente de partido, procura moldar a realidade social utilizando a força do poder de Estado, mesmo contra a vontade da maioria. É a subversão praticada desde dentro do aparelho de Estado.

Declarou: "As forças sociais democráticas são aquelas que assumem o compromisso de implementar o projeto democrático da Constituição de 1988. A Constituição definiu para o país um modelo de Estado social e de democracia participativa. Os sujeitos políticos que atuam na defesa desse projeto são aliados naturais do Ministério Público na luta pela construção da hegemonia democrática. Não é difícil identificá-los. O que é democracia participativa? São circos leninista de que tivemos exemplos há pouco, com a realização da Confecom. São simulacros de democracia direta, sob o controle do partido, com o único objetivo de legitimar a ação dos militantes revolucionários. Para eles, o Congresso Nacional não é democrático; democrático é o MST. Completa inversão das coisas, pois o MST quer implantar um regime comunista ditatorial nos moldes chinês por aqui.

Seu grito de guerra: "O papel do Ministério Público é claro: defender a função social da terra e o direito difuso à reforma agrária, utilizando os instrumentos jurídicos que a Constituição e as leis lhe conferem, firmando aliança com os setores da sociedade civil que tenham o mesmo objetivo. A atuação radicalmente contrária a essa está presente na história desse país desde as capitanias hereditárias. Seus agentes são por demais conhecidos; com eles o Ministério Público da Constituição de 1988 não se alinhará". O promotor está completamente mergulhado no afã revolucionário e se julga um vingador social. Nem mais é promotor público, é um advogado do MST. Suas declarações comprovam que está completamente desviado do que deveriam ser suas atividades institucionais.

Não satisfeito, completou: "No meu horizonte utópico não está presente um grande número de usinas de açúcar e álcool, por exemplo. No meu horizonte utópico estão a policultura, a geração de postos de trabalho no campo e a agricultura orgânica. Está o acesso do povo à terra, que é um direito fundamental negado desde o descobrimento. A estrutura fundiária brasileira é uma das principais razões de nosso subdesenvolvimento. O homem que deveria defender a lei (e a ordem) a interpreta de forma particular, contrária à própria Constituição e de acordo com o manifesto do partido governante. Deixou de ser funcionário do Estado para ser funcionário do partido. E mais: "Acredito na possibilidade de construir uma sociedade socialista. Sob um ponto de vista gramsciano, se avançarmos na linha da Constituição, vamos dar grandes passos para, no futuro, caminhar para uma sociedade socialista.

A revolução está em marcha. Já podemos vê-la nas páginas dos grandes jornais diários. Quem viver verá.

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