O temor de Juan Manuel Santos
Mídia Sem Máscara
Oscar Alberto Díaz García | 30 Maio 2011
Internacional - América Latina
Belisario Betancur vive incólume e livre de todo o mal, enquanto a cúpula militar de sua época está sendo encarcerada por cumprir com o seu dever. O caso do coronel Alfonso Plazas Vega é a expressão máxima da injustiça e do horror da politização do ramo judiciário.
Que tão autênticos são os temores de Juan Manuel Santos, quando diz que reconhecer a existência do conflito armado na Colômbia evitará que ele vá ao cárcere junto com o ex-presidente Uribe e toda a cúpula militar? A resposta é sua, amável leitor. Vejamos o assunto com objetividade. Para começar, creio prudente esclarecer que o governo afirma que tal declaração não implica outorgar à guerrilha personalidade jurídica de legalidade. No momento, (sic) não se está reconhecendo status de beligerância às FARC.
Entretanto, jornalistas autorizados e sérios, como Ricardo Puentes Melo, que além de conhecer o tema em profundidade, em seu meio de difusão, "Periodismo sin Fronteras", adverte que Santos já tem a data definida para se sentar e negociar com as FARC. Anota dizendo que Santos facilitou a fuga de Alfonso Cano em um helicóptero brasileiro, no qual viajava Piedad Córdoba, em fatos que toda a opinião pública conhece muito bem, mesmo que não tenham sido publicados pela grande imprensa em sua real dimensão. Segundo Puentes Melo, "Santos estaria dilatando um tanto seu propósito, na espera de uma mudança na opinião pública" que hoje rechaçaria essa opção, pelos falidos diálogos acontecidos anteriormente. Puentes diz que "Santos espera ambientar o país, levando-o com suavidade até o momento de anunciar a negociação de paz".
Nenhum presidente é levado ao cárcere por favorecer o comunismo. A justiça manhosa, de atuações evidentemente ladeadas a favor da esquerda, certamente estaria disposta a encarcerar Uribe e seu antigo ministro Santos, com toda a cúpula militar, por haver perseguido o braço armado da subversão. E por isto Santos trata de recompensar sua antiga atuação. Ademais, os chefes de Estado costumam esquivar-se de sua responsabilidade. Lembremos o caso de Belisario Betancur, que vive incólume e livre de todo o mal, enquanto a cúpula militar de sua época está sendo encarcerada por cumprir com o seu dever. O caso do coronel Alfonso Plazas Vega é a expressão máxima da injustiça e do horror da politização do ramo judiciário.
Então, os temores de Juan Manuel Santos têm fundamento real ou seriam tão somente um passo a mais no caminho do abrandamento da opinião pública, para poder, em seguida, dar o reconhecimento político às FARC, escalão anterior ao terceiro e último: reconhecer status de beligerância à subversão, para poder sentar com eles e negociar?
É evidente que na Colômbia os militares são respeitosos do poder civil e têm sido os mártires perpétuos, vítimas das argúcias dos políticos que escapam completamente de sua responsabilidade e permitem que os verdadeiros criminosos cheguem às instâncias superiores dos três poderes da nação, enquanto os uniformizados pagam com cárcere sua lealdade à Constituição.
A esposa do coronel Plazas, Thania Vega, acabou de publicar um livro intitulado "¡Que injusticia!" no qual, com elementos probatórios que são peças processuais, conta como a juíza Jara baseou sua sentença condenatória em falsos testemunhos, e em uma testemunha-estrela falsa, fantasma, que nem esteve no local dos fatos e assinou sua declaração com nome falso. A juíza Jara foi enviada, como prêmio, ao exterior. O coronel Plazas Vega paga trinta anos de cárcere, por um crime que não cometeu.
Epílogo: o temor de Juan Manuel é, antes, perder os votos de Uribe.
Publicado em "Diario de OTUN", Pereira, Colombia.
Tradução: Graça Salgueiro
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