“Não nos perdoam ter vencido a subversão”
Mídia Sem Máscara
Escrito por La Nueva Provincia | 16 Outubro 2011
Notícias Faltantes - Foro de São Paulo
Buenos Aires - Em seu alegato final antes do veredicto de um dos processos que julgam violações aos direitos humanos durante a luta anti-guerrilheira dos anos 70, o ex-oficial naval, Alfredo Ignacio Astiz, se definiu como um perseguido político e carregou contra Cristina Kirchner.
“As falsas querelas não nos perdoam que tenhamos combatido, com êxito, e vencido a subversão”, manifestou, durante uma exposição lida ao longo de duas horas, ante o Tribunal Oral Federal 5 (TOF 5), a quem entregou um exemplar da Constituição Nacional para remeter ao presidente da Corte Suprema de Justiça, Ricardo Lorenzetti.
“O governo não vacila na vingança das pessoas que, como eu, combateram o terrorismo. Procura-se a vingança através do martírio e da morte na prisão”, acrescentou.
Em sua dilatada exposição, Astiz dedicou vários parágrafos à presidente da República: “A condenação ilegal que o tribunal especial vai proferir, é parte do plano do Poder Executivo. Cristina Fernández manifestou publicamente sua animosidade para conosco e seu desejo de que continuemos privados, ilegitimamente, da liberdade, por tempo indeterminado”, salientou.
“Ela disse publicamente as penas que nos devem ser aplicadas, em violação ao Artigo 109 do Código Processual Penal. Este ato é um linchamento, este ato não é justiça. Isto que estão fazendo, algum dia vai ser considerado delito de lesa-humanidade - continuou. O que começa mal, termina mal. Tudo isto vai terminar pior”.
O ex-capitão de navio assegurou que as “falsas condenações” contra ele e seus camaradas julgados por supostos eventos registrados na Escola Superior de Mecânica da Armada (ESMA), baseiam-se “no terrorismo judicial, na colonização judicial, na imprescritibilidade e nas testemunhas necessárias”.
“Este ato é um linchamento, este ato não é justiça”, assinalou Astiz, de 59 anos. Ele também negou a validade da “justiça universal” para avaliar o acontecido durante a luta contra a guerrilha de esquerda, sustentou que havia ficado demonstrada sua inocência e esclareceu que, nesta temática, não se deve utilizar o termo “repressor”, senão “combatente”.
Antes de se retirar para a sua cadeira na sala de audiências do sub-solo de Comodoro Py 2002, Astiz assinalou que se está acelerando o julgamento para chegar à leitura das condenações antes das eleições do domingo 23, a assim “assegurar o êxito do sufrágio”.
Após a exposição do ex-militar, que se estendeu entre as 10 e as 12 h., o titular do TOF 5, Daniel Obligado, convocou a um quarto intervalo até a próxima quarta-feira, às 9 h., quando falarão os ex-marinheiros Antonio Pernías e Alberto González.
Os outros acusados são Adolfo Miguel Donda Tigel, Carlos Antonio Capdevilla, Jorge Eduardo Acosta, Ricardo Miguel Cavallo, Raúl Scheller, Juan Carlos Rolón, Pablo García Velasco, Julio Coronel, Oscar Antonio Montes, Jorge Carlos Radice, Manuel García Tallada, Ernesto Weber, Juan Carlos Fotea e Juan Antonio Azic.
O processo julga os “desaparecimentos” de três integrantes de “Mães da Praça de Mayo” - Azucena Villaflor, María Bianco e Esther de Careaga -, do jornalista Rodolfo Walsh e das religiosas francesas Leonie Duquet e Alice Domon, entre outras.
As atuações começaram em dezembro de 2009 e é o segundo julgamento pela ESMA. O primeiro foi durante 2007 e foi enfocado no ex-prefeito Héctor Febres que, quatro dias antes de seu alegato antes da sentença, foi encontrado morto em sua cela envenenado com cianureto.
O TOF 5, que é presidido por Obligado, é composto também por Ricardo Farías e Germán Castelli.
Publicado no La Nueva Provincia.
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