Táticas da Gestapo contra igrejas dos EUA
Mídia Sem Máscara
Escrito por GodfatherPolitics.com | 19 Outubro 2011
Notícias Faltantes - Perseguição Anticristã
Comentário de Julio Severo: As igrejas americanas têm condição de isenção de imposto de renda diante da Receita Federal dos EUA, contanto que mantenham total neutralidade sobre candidatos. Pela lei, elas são proibidas de pregar contra ou a favor de determinado candidato. Se, por exemplo, algum candidato é explicitamente anticristão, as igrejas são proibidas de citar o nome dele, sob castigo de perderem sua isenção de impostos.
Num artigo anterior no GodfatherPolitics, destaquei que grupos de esquerda estão atacando igrejas que lidam com questões sociais próximas e caras aos esquerdistas. Esses grupos monitoram programas de rádio e TV, websites e sermões de líderes cristãos que abordam qualquer assunto que critique algum ponto da agenda da esquerda. Temos visto esses tipos de táticas na Europa, Inglaterra e Canadá. Essas táticas estão chegando aos Estados Unidos, muito embora tenhamos um conjunto de liberdades inequívocas na Primeira Emenda da Constituição dos EUA. Mas se o Supremo Tribunal é capaz de encontrar um direito de matar bebês que ainda não nasceram nas “sombras” da Constituição, nenhuma liberdade está a salvo.
O registro histórico de intimidação aos religiosos é longo. A utilização da Alemanha nazista como exemplo para qualquer coisa atualmente costuma ser algo visto como extremismo. Mesmo assim, as comparações estão aí, e não precisamos ter medo de fazê-las quando as virmos.
Quando o teólogo alemão luterano e anti-nazista Martin Niemöller (1892-1084) usou seu púlpito para desmascarar as políticas radicais de Adolf Hitler, “ele sabia que cada palavra dita seria delatada pelos espiões e agentes secretos nazistas”. (1) Leo Stein descreve em seu livro “I Was in Hell with Niemöller” (Estive no Inferno com Niemöller) como a Gestapo coletava evidências contra Niemöller:
Assim sendo, a acusação contra Niemöller era baseada inteiramente em seus sermões, que os agentes da Gestapo haviam registrado por estenografia. Mas em nenhuma de suas pregações o pastor Niemöller incentivou sua congregação a derrubar o regime nazista. Ele apenas ergueu a voz contra algumas políticas nazistas, particularmente as medidas dirigidas contra a Igreja. Ele até havia se contido na hora de criticar o próprio governo nazista, ou qualquer um de seus funcionários. Sob o governo anterior, seus sermões eram compreendidos apenas como um exercício do direito à livre expressão. Agora, porém, as leis escritas, não importando que sua redação fosse totalmente explícita, estavam sujeitas à interpretação dos juízes.
Num sermão de 27 de jundo de 1937, Niemöller deixou claro aos presentes que tinha o dever sagrado de denunciar os males do regime nazista, pouco importando quais fossem as conseqüências. “Os apóstolos do passado não tinham a menor intenção de usar suas próprias forças para escapar do braço das autoridades; assim somos nós. Não mais estamos dispostos a permanecer calados sob ordem dos homens quando Deus nos ordena a falar. Pois a situação é que temos de obedecer mais a Deus do que aos homens”.(3) Poucos dias depois, ele foi preso. Seu crime? “Cometeu abuso de cima do púlpito.”
Os “Tribunais Especiais” montados pelos nazistas apresentavam queixas contra pastores que se pronunciavam contra as políticas de Hitler. Niemöller não foi o único alvo da Gestapo. “Uns 807 outros pastores e líderes leigos da ‘Igreja Confessional’ foram presos em 1937, e centenas mais nos dois anos seguintes”. (4) Um grupo de Igrejas Confessionais da Alemanhã, fundado pelo pastor Niemöller e outros pastores protestantes, elaborou uma declaração para confrontar as mudanças políticas que estavam ocorrendo na Alemanha que ameaçavam o povo “com perigo mortal: O perigo está numa nova religião”, dizia a declaração. “A igreja tem ordens de seu Mestre para cuidar para que em nosso povo Cristo receba a honra a que é devida ao Juíz do mundo… O Primeiro Mandamento diz: “Não haverá outros deuses diante de Mim”. A nova religião rejeita o Primeiro Mandamento.” (5) Quinhentos pastores que leram a declaração em seus púlpitos foram presos.
A Primeira Emenda da Constituição dos EUA protege pastores que se manifestam livremente acerca de questões morais atuais. “O Congresso não legislará no sentido de estabelecer uma religião, nem proibirá o livre exercício dela”. As outras quatro liberdades — de expressão, de imprensa, de reunião e de fazer petições — não podem ser separadas da primeira liberdade. Essa emenda é tão clara em sua linguagem, lógica e história que grupos como Americans United for Separation of Church and State (Americanos Unidos pela Separação entre Igreja e Estado) e American Civil Liberties Union (ACLU — União Americana pelas Liberdades Civis) frequentemente deturpam ou ignoram sua linguagem precisa e facilmente compreensível. Se igrejas em número suficiente se mantiverem firmes nessas liberdades e expuserem o blefe dessas organizações não se deixando intimidar e desafiando-as a resolverem tudo nos tribunais, as táticas de bullying da Receita Federal fracassariam.
Em sua “Carta da Prisão de Birmingham”, de 1963, Martin Luther King Jr., um ídolo esquerdista para muitos na esquerda política, baseava sua recusa em seguir certas leis feitas por homens na alegação de que tais leis violavam a natureza eterna da lei moral. Além disso, ele sustentou seu argumento apelando para a Constituição, para a Declaração de Independência e para a Bíblia:
“Aguardamos mais de trezentos e quarenta anos para obter nossos direitos constitucionais e nossos direitos dados por Deus.
Uma lei justa é um código feito pelos homens que está de acordo com a lei moral ou a lei de Deus. Uma lei injusta é um código que está em desarmonia com a lei moral. Para explicar nos termos de São Tomás de Áquino, uma lei injusta é uma lei humana que não está enraizada na lei eterna e natural.
É claro que não há nada de novo acerca desse tipo de desobediência civil, que foi vista sublimemente na recusa de Sadraque, Mesaque e Abednego de obedecer às leis de Nabucodonosor pelo fato de que uma lei moral mais elevada estava envolvida. Foi praticada de forma admirável pelos primeiros cristãos que estavam dispostos a encarar leões famintos e a dor martirizante dos matadouros, antes de se submeterem a certas leis injustas do império romano.
Sou grato a Deus que, por meio da igreja negra, a dimensão da não-violência entrou em nossa luta.”
Foi “por meio da igreja negra” que a luta dos direitos civis se tornou uma realidade. Como podem erros morais sempre se tornarem corretos se muitas pessoas que protestam contra tais males estão de boca fechada devido às leis escritas, que estão sendo implementadas por burocratas não-eleitos? David L. Lewis, na sua biografia sobre King resume o argumento:
“Por fim, (King) lembrou a seus colegas pastores que as leis do Reich de Hitler estavam dentro da ‘legalidade’. (6) Se as autoridades da Receita Federal fossem aplicar as táticas da Gestapo retroativamente, teríamos divulgado um comunicado à imprensa elogiando os “Tribunais Especiais” na Alemanha por entrarem com ação contra os pastores que usaram seus púlpitos para “fins políticos”.
William Shirer pinta um quadro deprimente sobre o estado da igreja cristã em 1938. “Não foram muitos os alemães que perderam o sono com as prisões de alguns milhares de pastores e padres”.
A hora de deter as intimidações é agora, antes que sejamos silenciados para sempre!
Notas:
1. Basil Miller, Martin Niemoeller: Hero of the Concentration Camp, 5th ed. (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1942), 112. [↩]
2. Leo Stein, I Was in Hell with Niemoeller (New York: Fleming H. Revell, 1942), 175. [↩]
3. Quoted in William L. Shirer, The Rise and Fall of the Third Reich (New York: Simon and Schuster, 1960), 239. [↩]
4. Shirer, The Rise and Fall of the Third Reich, 239. [↩]
5. Quoted in Eugene Davidson, The Trials of the Germans: An Account of the Twenty-Two Defendants before the International Military Tribunal at Nuremberg (Columbia, MO: University of Missouri Press, [1966] 1997), 275. [↩]
6. David L. Lewis, King: A Critical Biography (Baltimore, MD: Penguin Books, 1970), 190. [↩]
7. Shirer, The Rise and Fall of the Third Reich, 240. [↩]
Artigo indicado por Olavo de Carvalho.
Publicado no site Godfather Politics.
Tradução: Edson Camargo
Revisão: Julio Severo
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