Nerd Sem Máscara - Fantasia e Ficção
Mídia Sem Máscara
| 12 Março 2009
Artigos - Cultura
A seção Nerd Sem Máscara irá buscar tratar do viés particularmente revolucionário e esquerdista da ficção nerd: gibis, rpgs e assemelhados. Estamos cientes de que a obra de ficção é apropriada pelo receptor que pode, inclusive, aplicá-la em sua vida de forma inversa à intencionada pelo autor.
"O que são vocês criaturas de Fantasia? Sonhos, invenções poéticas, personagens em uma história sem fim. Você acha que vocês são reais? Bem, são, aqui no seu mundo são. Mas quando atravessam o Nada, vocês Fantasianos deixam de ser vocês mesmos. Vocês trarão ilusão e loucura para o mundo humano." Gmork, explicando para Atreiú como o Nada afeta os seres de Fantasia, no livro "A História Sem Fim"
O Mídia Sem Máscara chamou a si uma missão de extrema necessidade no Brasil contemporâneo. Revelar o comprometimento ideológico da mídia brasileira com a manipulação ideológica, travestida com a bela máscara de "compromisso social" ou talvez até com o nome encantador para cada jornalista, articulista ou comentarista de "fazer a minha parte". Esta ideologia que é paramentada com jóias e roupas embelezadoras, longe do que é vendido por aí, não é de direita, nem conservadora, mas rábica e radicalmente de esquerda, contra os valores mais queridos dos próprios brasileiros que ela alega buscar beneficiar.
Tratam-se de notícias que são omitidas, outras que são transmitidas de forma tão adulterada que sua omissão teria sido menos danosa e, não raro, informações falsas, seja por ignorância ou malícia. Desmascará-las, embora trabalhoso, não é complexo. Basta dar a notícia faltante, corrigir a adulterada ou passar a informação correta.
Quando analisamos trabalhos de ficção, porém, não se pode falar exatamente de "verdades e mentiras" ou de fatos anunciados ou não. Se Tolkien nos conta uma história sobre elfos, não se pode atribuir-lhe critérios de verdade e mentira. Certamente não é real, mas é como ficção que é apresentada, um exercício de imaginação. Vamos abstrair, naturalmente, pelo momento, trabalhos ficcionais que alegam basearem-se em fatos reais e estes fatos mesmos são falsos. Aí sim poderíamos voltar à matéria típica do MSM.
Nada disso impede, entretanto, a análise do, chamemo-lo assim, "campo moral e ideológico" no qual as figuras imaginativas emergem e tomam forma. Creio que poucos negariam o caráter conservador da obra de Tolkien ou o forte viés progressista e mesmo revolucionário de Jornada nas Estrelas. Deve-se levar em conta também que os melhores autores, mesmo quando trabalham sob comprometimentos de ordem ideológica, conseguem sua audiência porque evitam o discurso panfletário e apresentam até personagens que não aprovariam de forma carismática e atraente, ainda que por vezes repulsivamente atraente. O exemplo mais recente é o Coringa do filme Batman: O Cavaleiro das Trevas. Até o que autor considera detestável tem que seguir o clichê de ser algo que "amamos detestar".
A seção Nerd Sem Máscara irá buscar tratar do viés particularmente revolucionário e esquerdista da ficção nerd: gibis, rpgs e assemelhados. Estamos cientes de que a obra de ficção é apropriada pelo receptor que pode, inclusive, aplicá-la em sua vida de forma inversa à intencionada pelo autor. É assim que os personagens quase católicos de Tolkien são usados por neo-pagãos, wiccas e relacionados. Mas é inegável também que ao trabalhar no nível poético do discurso, determinadas estruturas cognitivas conduzem a mente que as introjetam por trilhas das quais elas mesmas são o traço. O anarquismo-conservador de Frank Miller, o Objetivismo do Questão, o gnosticismo ultra-relativista do Mundo das Trevas da White-Wolf, são valores introjetados por suas respectivas audiências de um modo muito mais profundo e enraizado do que vários argumentos e palestras poderiam fazer, dado que seus argumentos são expostos de forma poética e apreendidos por longa e continuada contemplação.
Buscaremos igualmente, dar destaque a trabalhos, por incipientes e amadores que sejam, com um "campo moral e ideológico" que é pouco prezado nos veículos mais conhecidos: o cristão e conservador. Esse será nosso equivalente das "notícias faltantes", pois não deixa de ser sintomático o omitir-se o exercício criativo conservador.
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