O beija-mão
Mídia Sem Máscara
| 20 Março 2009
Internacional - América Latina
A eleição popular e a investidura na Presidência pelos métodos constitucionais salvadorenhos, talvez pela Suprema Corte, podem confirmar sua soberania sobre o território, mas não poderiam investi-lo nos direitos de vassalagem ao novo império - não mais o Carolíngio, mas o Império Latino-Americano: o Foro de São Paulo. Este, que começara apenas como uma organização revolucionária, já se converteu num império territorial: a UNASUL, entre vassalos diretos e sub-enfeudados já são quinze ducados, condados ou reinos!
O que virá fazer no Brasil Maurício Funes, recém eleito Presidente de El Salvador? Certamente cumprir uma tradição milenar que se consolidou no direito feudal como a cerimônia de homenagem: recebida uma propriedade em feudo, o vassalo devia cumprir um cerimonial bastante extenso do qual o ato principal era comparecer frente ao suserano, beijar sua mão e fazer o juramento de fidelidade (fides, fidelitatis, de onde deriva feudo). O feudo era uma concessão (beneficium) feita gratuitamente por um senhor ao seu vassalo para que este pudesse dispor de sustento legítimo e ficasse em condições de fornecer ao senhor o serviço exigido. O laço entre vassalo e senhor é criado pelo juramento, homenagem, e os deveres dele nascidos, o obsequium. Tal juramento se dava no ato da investidura, um ato simbólico para que houvesse a transferência ou criação do beneficium.
O cerimonial, com algumas variações seguia geralmente o descrito por Jean Calmette (*), abaixo:
O vassalo, de joelhos e sem armas, coloca as mãos juntas entre as mãos do senhor e declara-se seu homem por tal feudo o senhor levanta-o, beija-o na boca então, de pé, o vassalo presta sobre os Evangelhos o juramento de fé, sacramentum fidelitatis. Segue-se a “mostra da terra”: as duas partes se dirigem ao local e o vassalo mostra ao suserano o que reconhece lhe pertencer.
Sabendo-se que a Frente Farabundo Marti é integrante, desde os tempos da guerrilha, do Foro de São Paulo, cujos fundadores foram Lula e Fidel Castro, nada mais simbólico e protocolar do que vir beijar a mão do suserano (do outro já ficaria clara demais sua adesão ao comunismo, mas ainda irá a Havana), prestar-lhe as devidas homenagens, para ser de facto investido, jurando fidelitatis e recebendo o território em feudo.
A eleição popular e a investidura na Presidência pelos métodos constitucionais salvadorenhos, talvez pela Suprema Corte, podem confirmar sua soberania sobre o território, mas não poderiam investi-lo nos direitos de vassalagem ao novo império - não mais o Carolíngio, mas o Império Latino-Americano: o Foro de São Paulo. Este, que começara apenas como uma organização revolucionária, já se converteu num império territorial: a UNASUL, entre vassalos diretos e sub-enfeudados já são quinze ducados, condados ou reinos!
Outra característica do Império Carolíngio é que o próprio Exército já tinha um caráter feudal, que se aprofundou durante a dinastia dos Capetos. A fusão das Forças Armadas latino-americanas que resultarão das sucessivas conferências para a adoção de uma estratégia comum terão o mesmo caráter: o Império inicialmente não poderá dispor de um Exército unificado pois os comandantes dos Exércitos vassalos poderão se rebelar. Mas a estratégia unificada levará à utilização de todos contra o inimigo comum: os EUA!
A trama tem até algo muito comum àquelas épocas medievais: a Grã-Duquesa de San Salvador é brasileira e da linhagem direta de Dom Lula I, a Dinastia Petista. E bem se conhecem as artimanhas das rainhas medievais tramadas às costas de seus maridos reinantes!
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