Colômbia: Santos contra os direitos dos militares
Mídia Sem Máscara
| 18 Abril 2011
Internacional - América Latina
Cel Villamarín Pulido, que lança novo livro sobre a vida de Mono Jojoy e o modus operandi das FARC, pergunta: "será que ninguém contou a Santos que foi graças ao sangue derramado pelos soldados e policiais que de maneira imerecida ele se catapultou à presidência?"
Em carta dirigida ao embaixador dos Estados Unidos na Colômbia, o capitão Juan Fierro, presidente da Associação Nacional de Veteranos (ANALVET), pede uma audiência para tratar de assuntos delicados frente à indiferença do presidente Santos e dos ministros da Fazenda e da Defesa, em torno dos direitos trabalhistas e salariais da Força Pública, com o fim de que estes temas sejam incluídos, como condicionamentos dos gringos para assinar o TLC (Tratado de Livre Comércio) com a Colômbia.
Escreve Fierro: "Os fatos que denunciaremos compreendem violação de direitos fundamentais, descumprimento de leis salariais, desconhecimento flagrante de sentenças judiciais e normatividade vigente sobre assuntos trabalhistas. Consideramos que nossas denúncias devem ser incluídas dentro das exigências a cumprir pelo Plano de Ação que implementou-se como requisito prévio à apresentação do TLC para aprovação do Congresso Americano".
"Senhor Embaixador: levamos 19 anos exigindo por meios constitucionais, democráticos e pacíficos, o respeito aos nossos legítimos direitos sem resultados positivos até agora. Solicitamos comedidamente atender favoravelmente nossa petição de conceder esta importante audiência, à qual acudiremos com todas as provas que dão suporte nossas denúncias".
Embora inusual, é válido e valente o mecanismo de pressão ao qual o indiferente governo nacional forçou este grupo constituído no mais veemente dos porta-vozes da Força Pública desde a reserva ativa.
Finalmente, enquanto o ramo jurisdicional inclusive a questionada Judicatura dos decretos 2151 e 2152 de abril de 2011, lhes conferem garantias legais de nivelamento salarial de acordo com as leis vigentes, pela enésima vez, mediante decreto 2150 também de abril de 2011, o Governo Nacional fixou as percentagens de pagamento salarial para os membros das Forças Militares e da Polícia com base no salário de um ministro do gabinete, porém sem aplicar as cifras básicas ordenadas em sentenças judiciais para os que já demandaram o não-pagamento de seus direitos desde 1992, senão que recorre a "tabela oficial" que manejam os dois ministérios enunciados.
Em reiteradas ocasiões escrevemos nestas colunas que, mesmo que os oportunistas politiqueiros que ocupam os três cargos mencionados não acreditem, os militares e policiais também são seres humanos e, como colombianos, têm os mesmos direitos constitucionais que os demais funcionários do Estado.
É inaceitável que uma Força Pública em guerra, que diariamente entrega o melhor de seus homens, que trabalha 24 horas em defesa da honra e da vida dos colombianos, que sacrifica a família, o descanso e o repouso, receba um tratamento tão vil e injusto.
Será que ninguém contou a Santos que foi graças ao sangue derramado pelos soldados e policiais que de maneira imerecida ele se catapultou à presidência?
Ou será que ninguém contou ao ministro Rivera que sua função é defender os que o sustentam no cargo e que os direitos dos militares e policiais são tão sagrados como os de qualquer outro colombiano?
Ou será que ninguém contou ao Ministro da Fazenda que o dinheiro público e o cargo que ele ocupa são para cumprir a lei, e não para zombar dos uniformizados que servem a Colômbia até com suas vidas e o protegem nesse cargo?
Apoiamos a valente decisão do capitão Fierro e seus assessores, e convidamos a todos os membros da reserva ativa a que enviem os direitos de petição à Caixa de Soldos de Aposentadoria das Forças Militares, pedindo clareza cerca da demora para pagar as percentagens legais desde 1992 a todos, sem exceção, sem necessidade de recorrer a advogados inescrupulosos que ficam com 30% ou 40% dos pagamentos.
É provável que o capitão Fierro apresente a mesma queixa ante a União Européia e os demais países com os quais a Colômbia negocia o TLC, e evidentemente que as associações de oficiais, sub-oficiais, agentes, soldados profissionais da reserva ativa se manifestem por escrito ante estas entidades e ante os meios de comunicação, pois os reclamos são justos. Não para torpedear o TLC, pois é algo necessário para a Colômbia em seu conjunto, mas para que se condicione a assinatura do mesmo a que o governo colombiano cumpra com os seus deveres como ordena a lei, e não zombe mais dos militares e policiais.
É incrível que, enquanto a Força Pública é atropelada no pagamento de seus salários ao qual soma-se a péssima atenção e deficiente serviço de saúde militar, o presidente Santos já esteja imerso na campanha presidencial re-eleitoral em contenda não declarada, porém evidente, com seus ministros Rivera e Vargas Lleras.
A Colômbia e o mundo inteiro têm que reconhecer os abusos e desrespeitos cometidos contra as Forças Militares e a Polícia pela inepta direção política dos últimos vinte anos, em que pese a tão desmesurada deslealdade, os sustentaram em seus imerecidos cargos, mesmo a custa de elevadas quotas de sangue e múltiplos sacrifícios.
Nota do editor: Segue relise da assessoria do articulista do MSM Cel Villamarín Pulido sobre seu mais recente livro lançado, 'Operación Sodoma'.
"Operación Sodoma"
Análise das conotações político-estratégicas da baixa de Mono Jojoy em La Macarena, Meta, e reconstrução histórica da estreita relação da personalidade deste terrorista com o Plano Estratégico das FARC.
Ao longo de cinco capítulos, "Operación Sodoma" aborda o transtorno de Jojoy nas FARC, desde seu nascimento em 1952, em um acampamento da Vereda La Esperanza de Cabrera, Cundinamarca, regido pelas guerrilhas comunistas de Juan de la Cruz Varela, nas quais militavam seus pais Noe e Romelia, e seu irmão mais velho Luis Noe, até sua morte na zona rural de La Macarena, Meta, em um acampamento terrorista guiado por ideais afins ao mesmo partido que o viu nascer, crescer e se desenvolver como o símbolo do narcoterrorismo comunista contra a Colômbia.
Durante o percorrido pelo texto, o leitor esquadrinha a personalidade agressiva, audaz e desconfiada de Jojoy, assim como sua liderança negativa e sua capacidade para se fazer obedecer por mais de 4 mil terroristas sob seu comando, temerosos de ser submetidos aos sangrentos ditames da justiça revolucionária marxista-leninista.
Quase analfabeto, autodidata, histriônico, cínico e desembaraçado para vociferar ideais extremistas de totalitarismo político e de destruição da espécie humana, apadrinhado por Tirofijo, Jojoy acumulou poder político, econômico e controle psicossocial nas zonas rurais onde suas Frentes impuseram a lei do monte, respaldadas pelo trabalho político-organizacional do Partido Comunista.
"Operación Sodoma" deixa a descoberto interessantes dados do funcionamento do Secretariado das FARC, suas farsas e metodologias de engano com ilusórias conversações de paz, seus planos imediatos e a longo prazo, e a férrea unidade ideológica das decisões coletivas dos cabeças das FARC.
Esta obra é uma referência para analistas políticos, investigadores de estudos estratégicos, documentaristas de tema de estratégia e tática militar em guerra de guerrilhas, e historiadores civis e militares.
Por sua crueldade e mentalidade sanguinária, Jojoy constitui um personagem malévolo que a história não pode deixar passar despercebido. É necessário que os educadores, os dirigentes políticos e a sociedade colombiana em geral conheçam o que pensava, como vivia, como atuava e como caiu este gênio do terrorismo rural e urbano do Século XXI na Colômbia.
O livro na versão impressa custa US$ 25,00 mas na pré-venda está com um desconto e sai por US$ 22,00, podendo ser adquirido aqui.
Tradução: Graça Salgueiro
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