William Douglas e o politicamente correto evangélico
Mídia Sem Máscara
| 23 Agosto 2011
Artigos - Direito
O Sr. Douglas, na lamentável estreiteza de um homem que vê as leis apenas pela superfície da forma, é que desconhece todo o aparato de poder que está por detrás da militância GLS. O pior é que ele não está sozinho. O povinho bajulador do Genizah está compactuando com a omissão, junto com outros demais, que são apenas covardes.
Recentemente, em conversa com meu amigo Julio Severo, soube dos posicionamentos da revista evangélica Genizah, em particular, sobre variadas controvérsias que hoje estão em voga na mídia e nos meios culturais. No entanto, chocou-me o posicionamento “politicamente correto”, medroso, lânguido, e mesmo pusilânime desta revista. Na verdade, há entre os cristãos uma falta de coragem para falar a verdade, seja a do Evangelho, seja do que ocorre na realidade mesmo.
William Douglas, juiz de direito e professor de concursos públicos, é também evangélico. Uma de minhas polêmicas contra ele foi quando critiquei o mito atualmente comum a milhares, senão milhões de brasileiros, do “sonho” de ser funcionário público. Afirmei que isso é um mau sinal, um sintoma patológico da moral e da psicologia de nossa sociedade, temerosa dos riscos, dos desafios e das frustrações do empreendimento e da livre empresa. Ademais, “sonhar” com a segurança estatal e com a aposentadoria faz desta nação espiritualmente senil e fracassada, uma vez que não se arrisca a promover o bem comum através da criatividade e da liberdade. A cultura, a economia e a boa política, em suma, a civilização, não se fazem por meio de burocratas ou socialistas de gabinete.
Por outro lado, a busca de cargos públicos bem remunerados também reflete a anomalia de uma economia cada vez mais entrevada e um modelo socialista de Estado que controla cerca de praticamente metade do PIB do país. Em outras palavras, o governo é uma espécie de todo-poderoso que controla metade do que os trabalhadores, empresários e demais elementos da iniciativa privada produzem, para sustentar uma burocracia diminuta, privilegiada e muitas vezes parasitária do trabalho surrado e confiscado através de impostos. Basta fazer a comparação entre o que o brasileiro médio paga e o que recebe do Estado para entender o abismo que o país será levado com as políticas socialistas do governo brasileiro. Convém dizer que historicamente, quando uma entidade política tem um poder desproporcional sobre a educação, saúde pública, segurança, cultura, imprensa, e mesmo no mercado de trabalho ou empresarial, é porque a expansão governamental é cada vez mais ameaçadora ao sistema de liberdades na democracia. Não poderia deixar de afirmar que o Estado totalitário moderno é um filho bastardo da democracia liberal.
É compreensível que uma boa parte da população busque emprego nos concursos públicos: com quase metade da renda nacional em impostos, quem não se seduzirá com os altos salários dos cargos oferecidos pelo governo? Nada mais lógico buscar onde há mais segurança, conforto e dinheiro. Tanto melhor ganhar seu salário sobre os impostos do que necessariamente apenas pagá-los. No entanto, deveríamos perguntar se essa concentração brutal do governo na economia não significa prejuízo para a sociedade, no sentido da escassez de empregos, oportunidades e competição no mercado. Além de ser, reiteremos, uma ameaça clara para as liberdades individuais. Neste ponto, nada vejo de concreto no Sr. William Douglas.
Nadando contra a maré vermelha, Julio Severo, inimigo ferrenho dessa modernidade tirânica do anticristo, falaciosa nas suas promessas de um progresso terreno, quando na verdade conspira contra as liberdades mais elementares, tem um posicionamento lúcido diante do que é uma tragédia de nossa civilização. O Estado, em nome da expansão dos direitos individuais, usurpa a liberdade, a família, a propriedade, a consciência individual e tenta, pelos mecanismos mais sutis, imbecilizar os cidadãos. Neste aspecto, a defesa da educação em casa pelos pais (homeschooling), a redução da esfera de poder estatal, o combate à ideologia politicamente correta, bandeiras defendidas por esse insigne e corajoso evangélico, são propostas que deveriam ser defendida por qualquer cristão, católico ou protestante, no sentido de preservar o elemento essencial da vida política livre, que são os seus valores e instituições voluntárias.
É paradoxal que alguns liberais, arautos da idolatria do livre mercado, sejam tão omissos quando a questão é a liberdade em outras esferas. Partem da mera maximização econômica da sociedade, quando na prática, se esquecem do resto. Daí a entender o deslumbramento falacioso da atual China comunista, que constitui um perigo claro às liberdades, quando se observa que esta nação, sob o beneplácito do capitalismo, pode se tornar a primeira potência econômica mundial. Paradoxalmente, o tal “socialismo de mercado” parece seduzir o economicismo capitalista. Esses arautos do livre mercado se esquecem de que a liberdade econômica e a livre concorrência só podem sobreviver se houver outras liberdades.
Contudo, em nome da maximização de oferecer a educação ou saúde públicas, o Estado pretende ser dono das consciências e dos corpos das crianças, a revelia dos pais. Educação ou vacinação obrigatória são formas de servidão, tanto das consciências como dos corpos, já que o poder governamental nos impõe esses direitos, da forma como ele quer. Mais do que um socialismo econômico ou estatal, o que pouca gente percebe é que há uma espécie de socialismo espiritual, onde o Estado se torna uma espécie de provedor de tudo, substituindo as funções outrora praticadas voluntariamente pela própria sociedade. Daí a entender uma geração de imbecis em países onde o Estado do bem-estar social (não seria mal-estar?) promete mundos sem fundos. Cada vez mais o Estado cria uma regulamentação brutal sobre os aspectos mais comezinhos da vida privada das pessoas. Não precisamos mais dos métodos soviéticos de controle estatal da sociedade. A democracia e o capitalismo não são imunes a essas artimanhas. Pelo contrário, eles podem perfeitamente colaborar com o totalitarismo, sem prejuízo das aparentes formalidades legais.
E o aspecto mais assustador desses controles governamentais está no âmbito das idéias. Neste ponto, Julio Severo é muito mais feliz e, por vezes, profético. A legislação da chamada “anti-homofobia” preconiza controlar pensamentos e idéias alheias, sob o disfarce de combater preconceitos contra gays. Até mesmo a ideologia de combater preconceitos já soa perversa, pois ser preconceituoso está na esfera individual de consciência de cada um. Sob a capa dos “direitos humanos”, as democracias podem perfeitamente acabar com a liberdade de expressão, de religião e de consciência, com a mais presunçosa paz de espírito. Os grupos de minorias raciais ou sexuais falam de “direitos” sempre exigindo burocracias protetoras, tais como criancinhas mimadas carentes de um papai acolhedor e babá. E junto com sua agendinha cultural, defendem a censura e o policiamento de idéias, transformando o Ministério Público ou a Polícia Federal numa espécie de NKVD soviética stalinista ou Gestapo nazista, espionando pensamentos inconvenientes. A legislação politicamente correta quer transformar a nação numa legião de alcaguetes e dedo-duros, fuxiqueiros, cretinos, intrigantes, vendilhões e colaboracionistas covardes, adeptos do status quo, da submissão mais abjeta e da bajulação à ideologia do Estado.
E o que o juiz William Douglas faz contra esse estado de coisas, sendo evangélico? Toma partido de Julio Severo, contra os perigos de uma legislação totalitária? Nada! Tenta negociar com os demônios, na acepção acertada de Dostoievski sobre os socialistas. Aqueles mesmos socialistas, que anos depois, causaram uma guerra civil e implantaram a ditadura mais genocida da história humana, a Rússia soviética. O magistrado diz que se deve “negociar” com o movimento homossexual, no sentido de amenizar a legislação totalitária e torná-la mais branda, ou seja, a de considerar as práticas de engenharia social do movimento gay.
Ao crer que a legislação democrática esteja acima das leis divinas ou dos princípios basilares do cristianismo, Douglas relativiza a própria fé cristã. No final das contas, será que devemos conversar educadamente com pessoas que querem induzir nossas crianças às faculdades “maravilhosas” do sexo anal? Se o Sr. William Douglas se dispõe a isso, pode ser justamente pela espantosa ignorância de que os cristãos, católicos e evangélicos, possuem das artimanhas que estão por trás do movimento homossexual. Na verdade, a agenda gay já está decidida a destruir o cristianismo no país, seja na esfera da família e dos valores cristãos. O Sr. Douglas, na lamentável estreiteza de um homem que vê as leis apenas pela superfície da forma, é que desconhece todo o aparato de poder que está por detrás da militância GLS. O pior é que ele não está sozinho. O povinho bajulador do Genizah está compactuando com a omissão, junto com outros demais, que são apenas covardes.
Mas não podemos condenar o Sr. William Douglas, homem especialista em “políticas públicas”: sua especialização, de certa forma, é produto dessa estatização espiritual da sociedade. Ainda que os gays raivosos queiram colocá-lo na cadeia como evangélico, através de uma legislação capciosa; ainda que os mesmos queiram ensinar a crianças menores de idade, os prazeres do sexo anal, há de se reconhecer que a polidez do juiz não é em si um ato cristão. É um sintoma de profunda estupidez. Confesso que a Inquisição Espanhola e as Cruzadas me assustam bem menos do que a reação de cristãos como ele. Ao menos queimar hereges ou passar a fio da espada mouros estupradores pareciam atos de firmeza e autenticidade. Ademais, até na guerra civil espanhola, quando houve pilhagens de igrejas e assassinatos de religiosos, os soldados católicos das tropas do Generalíssimo Franco não pensaram duas vezes em fuzilar milhares de comunistas. Com certeza ninguém faria agendinha gay aos filhos dos cristãos de épocas de antanho. Como, aliás, o islâmico, em priscas eras medievais, não brincava em serviço contra os francos. Mas agora os inimigos dos cristãos e de toda a sociedade ocidental ditam, polidamente, se devem ou não colocar pessoas como o Sr. William Douglas, eu ou Julio Severo na cadeia. E ele agradece, compassivo, o que é expressão da mais estranha tolerância e pusilanimidade, repassada como piedade cristã. A revista Genizah parte dessa mesma expressão de pieguice travestida de cristianismo postiço. Patético!
Julio Severo não é tão radical quanto parece. Pelo contrário, radical mesmo é a militância politicamente correta, que promete ensinar homossexualismo nas escolas e, quem sabe, legalizar a pedofilia. Ou mais, colocar cristãos na cadeia, por não colaborarem com os “modernos” ensinamentos sexuais do movimento homossexual nas escolas, nas novelas e na mídia em geral. No entanto, atualmente, as futuras vítimas colaboram com seus algozes. Será que o juiz ainda não se perguntou por que Julio Severo está fora do país? Será que a turminha insossa do Genizah faz alguma coisa para proteger um pai de família, cujo único pecado é ser tão profundamente leal aos seus princípios de consciência? Até o berço do calvinismo dito “conservador” da Universidade Mackenzie de São Paulo se acovardou com a pressão do movimento gay, quando tentou manifestar uma posição divergente, retirando um artigo que condenava o homossexualismo. O mais caricatural é o Sr. William Douglas querer ditar regras de bom mocismo a Julio Severo, como se o radical fosse o próprio evangélico exilado e perseguido pelas suas idéias e não a agressiva e virulenta militância homossexual. Ao menos, o senhor magistrado deveria fazer o mínimo de esforço possível para perceber a mais pura realidade.
E aqui entre nós: o Sr. Douglas acredita mesmo no “bispo” Crivella, da Igreja universal, aquela mesma fábrica de dinheiro que é cão de guarda do governo federal do PT abortista e pró-gay? O magistrado não tem mais idade pra ser tão ingênuo. O Nosso Senhor afirmou que o Reino dos Céus estaria aberto às crianças. No entanto, o Filho de Deus também disse que sejamos mansos como as pombas e sagazes como as serpentes. A ingenuidade é muito bela nas crianças, mas deplorável nos adultos. No máximo, devemos conhecer da malícia do mundo para preservar a integridade de nossas crianças e de nós mesmos. Integridade que o movimento homossexual ameaça corromper.
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