A nova revolução resgatada dos escombros do Muro de Berlim
Mídia Sem Máscara
Escrito por Orlando Braga | 16 Novembro 2011
Artigos - Desinformação
O que se tenta fazer é escamotear o facto de a “crise do edifício social” ser ainda mais aguda, por exemplo, na China do que na Europa.
Têm corrido por aí muitos e-mails – como este [em PDF] — e muitos artigos apocalípticos de semelhante conteúdo, publicados na blogosfera. Em todos eles, existe uma característica comum: a diabolização do Ocidente e, principalmente, da Europa entendida independentemente da União Europeia: o ataque ideológico é dirigido à Europa, e o facto de existirem [ou não] a União Europeia e o Euro, é acessório.
Existem, no supracitado e-mail, algumas verdades que são manipuladas e enviesadas. Por exemplo, é um facto que existe uma crise financeira internacional; mas também é um facto — que é escamoteado — que um desabamento da finança internacional não prejudica só a Europa e os Estados Unidos: a China, por exemplo, está na primeira linha dos países a quem não interessa esse desabamento financeiro; a não ser que a China defenda uma III Guerra Mundial, desta vez, atómica.
Naturalmente que a contrafacção [da produção chinesa] e o proteccionismo chinês no comércio — referidos no e-mail — são verdades; mas são verdades enviesadas e manipuladas, na medida em que aquilo que é, de facto, um defeito da política chinesa, é transformado em virtude: a China, segundo o e-mail, não procede de forma errada, porque tudo o que possa contribuir para o apocalipse da diabólica cultura e da economia capitalista europeias, é bem-vindo. Todos os meios justificam o fim que é o de liquidar os “porcos capitalistas europeus”.
Não é possível alguém afirmar, com razão, que “o petróleo jamais voltará aos níveis de 2007”, a não ser que esta afirmação se insira em uma religião política (ideologia) imanente e apocalíptica, típica da Esquerda. Todo o e-mail reflecte uma mundividência de profecia de um fim de ciclo cósmico (o fim de uma espécie de Yuga hindu), com o consequente nascimento do Homem Novo que é anti-europeu e contra a cultura europeia. A defesa da imigração islâmica — que podemos ver no e-mail — é a defesa de uma política de terra queimada: para destruir a cultura europeia de liberdade, democracia e capitalismo, até a imigração do diabo em pessoa é conveniente!
A “crise do edifício social” é referida no e-mail como sendo exclusiva da Europa. O que se tenta fazer é escamotear o facto de a “crise do edifício social” ser ainda mais aguda, por exemplo, na China do que na Europa — a política de “uma criança por casal”, o aborto livre [sem limite de tempo de gravidez], e o aborto de género (que discrimina negativamente o sexo feminino), são provas irrefutáveis da decadência social chinesa. A verdade é que a China totalitária já atingiu o seu ponto de decadência antes mesmo de poder reclamar uma supremacia política mundial; o que podemos esperar da China é o apodrecimento progressivo do regime totalitário, embora à custa de centenas de milhares (senão milhões) de vítimas chinesas que se oporão ao regime.
“O mundo sempre mudou para melhor” — diz o e-mail. E nem se poderia defender outra coisa: como é que um esquerdista pode dizer que o mundo não mudou para melhor com o surgimento dos Gulag soviéticos? Claro que os Gulag representaram um enorme progresso para o mundo, principalmente se fizermos todos como Estaline, que reescreveu a História a ponto de retirar Trotski da paisagem. Uma das condições para que “o mundo tenha mudado para melhor”, é fazermos de conta que os Gulag nunca existiram, desconstruindo e reescrevendo a História para que se apague a memória colectiva.
E por fim, a defesa da ecologia que revela o ecofascismo de esquerda como sendo um complemento da nova religião política resgatada dos escombros do Muro de Berlim [as melancias: verdes por fora e vermelhos por dentro]. O ecofascismo, em si mesmo, é uma religião imanente bastante semelhante às religiões imanentes da Mãe-Terra que nos chegam do neolítico e que nunca desapareceram totalmente da cultura europeia.
É este, grosso modo, o conteúdo da Nova Revolução.
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