Lula, o Haiti é aqui... Parte II...
Quinta-feira, 11 de Dezembro de 2008
Blog do Clausewitz
A reportagem abaixo, gentilmente enviada pelo Antenor, retrata bem o Haiti... é uma matéria bem antiga, que está às vésperas de completar o 3º aniversário, mas é velha só na edição, pois tudo é bem atual... os números podem ser multiplicados por
Falo isso não em desdém com os irmãos haitianos, vítimas que são da sandice socialóide, mas porque temos tantas e tantas e tantas mazelas aqui no nosso Haiti doméstico, o que torna no mínimo um contra-senso ver nossos gestores aplicarem recursos que são nossos também, em problemas que não são nossos...
E nada justifica nosso engajamento num país totalmente na contramão de nossa cultura, de nossas aspirações como povo e de nossos objetivos nacionais permanentes... a reconstrução de um país clama pela ação contundente das autoridades nacionais em nosso próprio quintal, ao analisarmos toda a gama de deficiências estruturais que nossa gente detém...
Temos carências nos setores hídrico, energético, de segurança urbana, habitação, infra-estrutura rodoviária e tantos outros que estão sendo buscados serem harmonizados longe de nossa própria casa... e digo e repito que não há como o Brasil querer buscar uma projeção mundial, com auspícios a se tornar merecedor de ocupar conselhos permanentes da ONU se em sua casa a desarrumação é grande e seu povo é preterido por outro...
Por isso que penso que um brasileiro ao querer se candidatar a um cargo eletivo, deve ter muito boa escolaridade, deve ter experiência administrativa comprovada e tem que conhecer o espaço geográfico que pensa ele em representar, quer como ente legislativo ou executivo... recomendo a leitura completa da reportagem, que poderá ser acessada clicando na fonte... com vocês um Haiti que passa longe daquilo que precisa o povo brasileiro...
A vida na linha de tiro
"O suicídio do general Urano Bacellar, comandante das tropas de paz da ONU no Haiti, obrigou o Brasil a voltar os olhos para o Caribe e pensar no lamaçal diplomático em que se envolveu ao intervir no país mais pobre das Américas. Lá, 1.200 soldados brasileiros estão enrolados numa guerra que a maioria de seus compatriotas desconhece. Foram transformados na polícia de um país sem lei. Interessado em uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU, o governo brasileiro cavou no Haiti seu Iraque particular. Já gastou R$ 350 milhões em uma operação que está longe de atingir seus objetivos. Os países ricos não colocaram dinheiro nos projetos de reconstrução haitiana e a violência explodiu, com onda de seqüestros e guerra entre gangues. Os soldados brasileiros pagam um alto preço. ÉPOCA obteve fotos e ouviu depoimentos de militares que estão no Haiti ou participaram da missão de paz. Sob condição de permanecer em sigilo, eles revelaram o choque provocado pelo contato com a pobreza e a violência de Porto Príncipe. "A gente saía em patrulha e encontrava pessoas mortas na rua", relata um cabo que chegou ao Haiti com 19 anos. "Não podíamos recolher os corpos, só avisar a polícia haitiana. Uma vez, um corpo decapitado passou uma semana na rua e ninguém recolheu o cara. O mais estranho é que as crianças ficavam jogando bola ao lado."
O primeiro choque é com a pobreza absoluta. "Sou da zona norte do Rio de Janeiro e conheço a vida em favelas, mas aqui é diferente", diz um tenente em serviço hoje no Haiti. Na maior parte dos bairros de Porto Príncipe não há coleta de lixo e os dejetos se acumulam nas ruas. Em alguns lugares, as pilhas passam de
O segundo impacto é com a violência bruta. O Haiti não tem Exército. A tropa foi dissolvida pelo ex-presidente Jean Bertrand Aristide, contra quem os oficiais conspiravam. Restou a polícia nacional, odiada e temida pela população. "Eles sempre chegam atirando nas pessoas", conta outro oficial brasileiro. Desse jeito, cabe aos 9 mil militares da ONU a missão de manter a ordem no país de 8,4 milhões de habitantes. Nada está funcionando. A única indústria em crescimento hoje no Haiti é a dos seqüestros. São em média dez por dia. O resgate fica em torno de US$ 5 mil e qualquer um que pareça ter algum dinheiro no bolso ou no banco é um alvo em potencial.
"Fui ao Haiti pelo dinheiro", conta um soldado do interior de São Paulo. "Aqui, eu ganho R$ 550 por mês. Lá, a ONU paga o dobro, e em dólar. Eu só fui porque disseram que era uma missão de paz e não tinha muito perigo. Fui enganado. Minha primeira operação foi entrar numa favela às 4 horas da manhã, atrás ä de um traficante. Fomos recebidos à bala. No Brasil, nosso treinamento foi para escoltar comboios de alimentos, fazer segurança e controlar pequenos tumultos. De repente, estávamos no meio do fogo cruzado, completamente perdidos."
A violência no Haiti é dividida entre quadrilhas e milícias formadas por ex-militares. Mais que com as mortes, os brasileiros ficam chocados com a crueldade. "Vemos gente decapitada nas ruas. Corpos queimados, deixados para os animais", diz um integrante do segundo contingente, que voltou do Haiti há quase um ano. "Crises de choro entre os militares são freqüentes", reconhece um deles. "Até o mais machão já teve a sua." Um dos oficiais que conversaram com ÉPOCA conta que seu casamento entrou em crise na volta do Haiti. Hoje, ele e a mulher fazem terapia. Aos poucos, começam a surgir casos de distúrbios psicológicos entre os brasileiros que retornam da missão de paz. A faxineira gaúcha Alaíde Leão entrou com uma ação judicial contra a União por danos morais. Alega que seu filho voltou traumatizado do Haiti. "Ele não come mais, pesa 50 quilos. Tem muitos pesadelos e grita: 'Não atira, não atira'. A fisionomia é a de alguém que morreu e esqueceu de deitar."
Reportagem completa: Revista Época
Seja o primeiro a comentar
Postar um comentário