A DEMOCRACIA AMEAÇADA - NAHUM SIROTSKY
Papéis avulsos
Nahum Sirotsky
A alienação das maiorias com relação ao que acontece no mundo é fenômeno internacional. Os povos e nações não chegaram a assimilar os significados de globalização e interdependência antes de ingressarmos na Crise. Na sua maioria se sentem desorientados pelo noticiário.
Num dia o mundo parecia o melhor dos mundos. No outro o pior. O Que aconteceu? Veio insegurança individual quanto a próxima fonte de seu pão.. O medo cresce. Até minorias enriquecidas no bons tempos estão assustadas.
Até aonde e a quem chegará a crise? As mais gigantescas empresas, sinônimos de fortalezas inexpugnáveis, balançam em precário equilíbrio.
Os mais poderosos bancos. A mais poderosa empresa de seguros. Empregadores de centenas de milhares de indivíduos espalhados pelo mundo podem falir! Ninguém, gênio algum, parece saber qual a profundeza do inferno criado.
A mídia ainda não se conscientizou que seu papel de meio de informação não é mais suficiente. Não encontrou um caminho a seguir. É simplório demais que esteja sendo ultrapassada na antiga missão de informar pela agilidade da internet e outros meios eletrônicos.
Ter perdidos anunciantes e leitores. Falta de dinheiro? Ou ao não ter comprendido que tinha de adequar às mudanças?
Houve tempos em que navegadores se orientava pelas estrelas. Mas hoje o GPS indica o caminho certo. Os satélites enxergam lá de cima.
Quem tem GPS nem de mapa carece. Maravilha das maravilhas. Ninguém se perde. Mas o GPS ainda não lhe ajuda a navegar pelo abstrato. Muralha. Ele não explica nada. Só indica o caminho pedido.
A grande falha da que se compreenda a época em que se vive. Ou a contribuição é mínima. O individuo de nossos dias sente-se sozinho num mar sem fim, sem ninguém por perto para salva-lo. Nada que torne seus dias menos angustiantes sem sequer uma ter vaga idéia donde está acontecendo. Tentar alienar-se é como fechar os olhos para não ver o leão faminto nas proximidades
Ninguém escapa.
O que sabem da Crise além de seus efeitos? Ou a humana esperança da vitima ser o outro. Não pensar. Basta atentar para o peso e seriedade com que o noticiário que ignora a crise é tratado pela Mídia. O destaque,estilo, paroquialismo, e o convencionalismo das chamadas lideranças que continuam brigando por cargos e poder. Para que ? Falar de reformas que eram urgentes em outros tempos como se fossem atuais. Sustentam-se em velhas mentiras e promessas irrealizáveis. E tirando dos bolsos de sempre: dos contribuintes
A cada dia, acompanhando-se o chamado noticiário, verifica-se que ondas subterrânea de falta de confiança no estado e governo rugem e se acentuam. E a qualquer momento virão á superfície ferozmente tormentosas.
Nada mais perigoso e explosivo do que explorar o mal estar por mesquinhos objetivos políticos. Tentar esconder a verdade com retórica demagógica não vai longe. Quando falta o pão é um Deus nos ajuda. Mais perigoso ainda quando não se sabe a razão. Quando não ajudam a o indivíduo se encontra no meio da confusão pela qual não tem culpa alguma. Mesmo os que não sabem nadar tem o direito de tentar a salvação. A noticia importa menos do que  seu significado e suas conseqüências.
http://www.heitordepaola.com/publicacoes_materia.asp?id_artigo=720
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