ENDs obradas não voltam ao copo...
Sexta-feira, 6 de Março de 2009
Blog do Clausewitz
Sobre a Estratégia Nacional de Defesa (END)
Por Coronel Aviador Reformado Luis Mauro Ferreira Gomes
Tenho evitado, a todo custo, fazer comentários que possam, de alguma forma, representar qualquer reparo à ação dos Comandantes Militares. Considero, como não me canso de afirmar, que eles são, tanto quanto todos nós, outros brasileiros, particularmente os militares, vítimas desse governo incompetente, sectário, maniqueísta, corrupto e arbitrário.
Não me parece justo, cobrarmos de companheiros investidos de autoridade, o que nós mesmos, possivelmente, também não pudéssemos fazer em condições semelhantes. Pelo contrário, venho exortando os leitores dos meus artigos a prestigiarem e apoiarem os Comandantes e os nossos colegas da ativa, como forma de fortalecê-los e protegê-los dos abusos e das violências, disfarçadas ou não, que sofrem dos revanchistas governamentais.
Obviamente, isso não quer dizer que tenhamos de concordar com tudo o que se faz nos níveis de comando das Forças Armadas. Parece-me, contudo, que devemos, sempre que possível, manifestar as nossas divergências, respeitosamente, e, de preferência, em caráter reservado. Isso é importante para preservá-los e ajudá-los a melhor comandar.
Com relação à notícia que circula na Internet de que o Comandante da Marinha teria “defendido a Estratégia Nacional de Defesa das críticas feitas por Generais em um documento apresentado anteontem, na reunião do Alto-Comando do Exército”, vou permitir-me fugir à regra. Se o faço, é por não acreditar na veracidade do que se afirma. Não é crível que o Comandante de uma Força deixasse de lado o que lhe compete para comentar documento apresentado por Oficiais-Generais ao Auto-Comando de outra.
Parece, igualmente, inacreditável que um chefe militar, em pleno domínio da razão, pudesse defender um trabalho primitivo; demagógico; cheio de erros conceituais e doutrinários; contaminado por ideologias espúrias; e irrealista, quanto possibilidade de se conseguirem os recursos indispensáveis à implementação. Não se poderia esperar mais do que isso, considerando-se que foi feito por dois analfabetos em Defesa, os ministros Nelson Jobim e Mangabeira Ungers, cuja grande preocupação parece ter sido a hipertrofia do ministério da defesa, com inaceitável avanço sobre as competências constitucionais do presidente da República e das Forças Armadas.
Não pretendo, aqui, analisar a Estratégia Nacional de Defesa. Tenho certeza de que isso já foi muito bem feito pelos Generais do Alto-Comando do Exército. Assim, limitar-me-ei ao seguinte comentário: quem a leu, com atenção, logo percebeu que as únicas coisas aproveitáveis, em meio ao monte de bobagens que ela contém, não constituem novidade para os militares, pois já eram praticadas pelos governos da Revolução de 31 de Março e foram abandonadas, justamente, pelos governos ditos civis que se sucederam. Esta parte é para “inglês ver” ou, melhor, para enganar militar, e dificilmente terá curso.
Dito isso, volto a insistir em que devemos apoiar, fortemente, os nossos companheiros contra as investidas dos inimigos. Inimigos, sim, pois não merece outro tratamento quem nos quer destruir, e o fará, se continuarmos a nos hostilizar mutuamente. Devemos, igualmente, repelir, com grande intensidade, tudo o que nos divida. Finalmente, por mais conveniente que possa parecer a composição com o universo antagônico, devemos resistir a essa tentação com todas as nossas forças. Ser disciplinado não é ser subserviente, e, menos ainda, conivente.
Os que traem os seus não merecem respeito nem daqueles a quem favorecem. A História mostra que cometem suicídio, a médio prazo. Serão, impiedosamente, eliminados, assim que não mais sejam úteis. E estarão sozinhos, então.
Alguns comentários meus:
1º- Agradeço ao amigo Félix Maier pelo texto enviado via e-mail...
2º- Eu conheço as forças armadas desde a época do período de tutela militar e por consequência, desde a época em que bandido era bandido e autoridade era autoridade...
3º- Desde criança também fui vocacionado a seguir uma bandeira de civismo e patriotismo que hoje muitos chamam de profissão...
4º- Esta "profissão" é talvez o mais democrático dos emblemas nacionais e se não fosse não teria sido eu aceito em suas fileiras, visto que eu era branco e pobre, não tendo nada além de minha força produtiva a dar à instituição... nenhuma moeda de troca...
5º- E a instituição exército - e vou falar dela pois a conheço há mais de 35 anos - sempre foi, ao contrário do que muitos civis pensam, um santuário da democracia, regido por rígidas regras que conduzem o seu profissional ao preparo físico, moral e intelectual para a guerra...
6º- O texto acima, da lavra do Coronel Luis Mauro é muito profícuo e com ele não concordo com poucas coisas e uma delas é que aos comandantes das forças temos que render total e incondional apoio, sob pena de ajudarmos a manchar suas sedosas túnicas...
7º- A crítica dirigida pelo Cel Luis Mauro ao comandante da marinha serve com riqueza de dimensões a todos os oficiais generais da ativa e da reserva, principalmente os da ativa, pois essa END que não circulou pelos corredores democráticos da instituição, rebaixa-os oficialmente a um saudoso terceiro escalão das coisas nacionais...
8º- E quando falo corredores democráticos, é que nessas mais de 3 décadas como legionário, sempre vi os assuntos da instituição serem discutidos via cadeia de comando com seus oficiais, no mínimo, coisa que agora não aconteceu...
9º- Não será uma hostilização coletiva o que irá nos rebaixar e nos desunir, quando na verdade são os interesses de salvaguarda da soberania nacional que estão em apreço, mas sim o acovardamento é o que nos chicoteará... mais uma vez...
10º- A história já iniciou de forma errônea, à medida que a defesa nacional há uma década paira de colo em colo de pessoas que em nada se identificam com a projeção da grandeza nacional, possibilitada tão somente pela sua capacidade bélica de dissuadir os inimigos...
11º- Nesse contexto, não vejo o que políticos de quitessência e de rapinagens entre os 3 poderes poderiam fazer alguma coisa de produtiva pelo braço forte e mão amiga, nestes 10 anos de ministério da defesa, tendo sido esta última experiência, a do balofo Nelson Jobim um desastre de quantificações difíceis de mensurar...
12º- Certamente os corredores democráticos acima mencionados não foram usados, pois assim não era o interesse dos integrantes do fechado grupo de trabalho que decidiu o tamanho da pá de cal que será homeopaticamente colocada por sobre a cabeça de todos nós, defuntos perfumados ou não...
13º- A defesa que o engomado comandante da marinha fez da auto-destruição castrense, reflete a mentalidade dissociada de nossos generais das coisas da nação e das realidades de suas legiões...
14º- Alguns, em júbilo trogloditesco estão em orgasmo até hoje, em função de que pretensamente a END contemplará a criação de um sem número de aquartelamentos na Amazônia... ora, até eu que não sou tão inteligente assim, sei que manter o que já temos é de um esforço hercúleo, quanto mais criar-se o que não precisa, sem destinação orçamentária para isto...
15º- Já falei aqui e repito: ou as forças armadas passam longe de calorias ou nos tornaremos em breve, milícias terceirescalonizadas, em que até os níveis de comando interno serão teleguiados por políticos desconhecedores das particularidades institucionais...
16º e último- Meus parabéns ao autor do texto, mas eu lembro a ele e aos que se investiram de advogados, promotores e juízes da END, que tudo é crível e que a END já existe e que várias coisas ao serem lançadas não voltam mais ao lugar de orígem e essa END é uma delas, nos restando apenas nos higienizar e apertar a descarga... tibolólólólólóló...
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