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quinta-feira, 18 de março de 2010

Colômbia: suspeita de fraude nas eleições

Mídia Sem Máscara

Cel. Luis Alberto Villamarín Pulido | 18 Março 2010
Internacional - América Latina

No coletivo nacional já ficou o convencimento de que, do mesmo modo que em 19 de abril de 1970, teceu-se um asqueroso conchavo na soma de votos. Seja certo ou não, isso é o que a maioria dos colombianos deduz de semelhante aberração administrativa.

Setenta e duas horas depois de realizadas as eleições do domingo 14 de março passado, não cessam as aberrantes revelações em torno à forma pouco clara como se fez a contagem dos votos, e o subseqüente limbo em que estão os dois pré-candidatos mais preferidos pelo Partido Conservador.

À queixa do pré-candidato Felipe Arias acerca do misterioso aumento de votos à meia-noite, no estado de Caldas a favor de Noemí Sanín, soma-se a denúncia do canal RCN, segundo o qual apareceram umas caixas nesse mesmo estado com votos da consulta conservadora, porém com um aditamento grave: sem a segurança dos respectivos candidatos. Incrível que isto ocorra precisamente em meio à semelhante tormenta de dúvidas e suposições.

Além disso, a companhia de internet contratada pelo Registrador Nacional do Estado Civil reconhece que teve falhas graves de serviço. Porém, como se nada tivesse ocorrido, ninguém responde por tamanho erro de serviço.

Para completar, as revelações da Revista Semana indicam que, ao que parece, houve consumo de bebida alcoólica no posto de controle instalado em CORFERIAS, com a provável complacência do senhor Registrador Nacional que assegura ser abstêmio, porém não se mostra contundente para esclarecer se fez algo para impedir este fato, ou pelo menos se inteirou-se de que isto pode ter acontecido a escassos metros de seu local de trabalho nessa noite.

Sejam quais forem os resultados que o Conselho Nacional Eleitoral publique em torno à consulta conservadora, no coletivo nacional já ficou o convencimento de que, do mesmo modo que em 19 de abril de 1970, teceu-se um asqueroso conchavo na soma de votos. Seja certo ou não, isso é o que a maioria dos colombianos deduz de semelhante aberração administrativa.

Porém, a conduta do senhor registrador, apesar das graves irregularidades que, se forem certas, corroborariam pelo menos inaptidão por omissão, parece optar pelo estilo de comando do agora general aposentado do Exército, René Pedrazza, que quando era comandante de tropas substituía amiúde sua inaptidão profissional e sua falta de neurônios, com a argúcia de transferir a responsabilidade aos subalternos quando havia falhas, porém se apropriava dos êxitos quando tudo estava bem.

Ou, com a conduta do prefeito de Bogotá e sua Secretaria do IDU que, apesar do monumento à corrupção e ineficiência que resultou ser o contrato da Transmilênio na Rua 26, torceram os fatos e aparentam não ter nada a ver com este problema.

Frente aos constantes escândalos, aos quais soma-se a denúncia de Pardo Rueda por provável intromissão do auto-propagandista governador do Valle em assuntos eleitorais com a suposta indiferença do Registrador, já está na hora de os meios de comunicação, os partidos políticos, os centros de análise e os votantes reclamarem a renúncia imediata do registrador.

E claro, está na hora também, de que este senhor se dê por aludido e entenda que para o bem da democracia e para facilitar a ação da justiça, o melhor é que dê um passo ao lado.

Também está na hora de os demais candidatos à Presidência da República se beliscarem, pois se ficar confirmada a suspeita de que houve fraude na inusitada e intempestiva mudança de algarismos em favor de Noemí Sanín, isto indicaria que os resultados das eleições ao Congresso e a consulta Verde também estariam viciadas, que não haveria garantias nem seriedade nas próximas eleições presidenciais e, ademais, que o Registrador atual não seria idôneo, nem sua presença no cargo seria bem vista em nível nacional e internacional.

Por isso, senhor Registrador, o melhor seria dar um passo ao lado e permitir que um novo registrador fique encarregado, enquanto se nomeia um novo oficialmente. Seria o mais saudável para permitir que haja transparência.

* Analista de assuntos estratégicos - www.luisvillamarin.com

Tradução: Graça Salgueiro

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