Entrevista com Indira de Peña Esclusa
Mídia Sem Máscara
| 06 Agosto 2010
Internacional - América Latina
"Meu avô e meu sogro sofreram o cárcere por defender a liberdade". Em entrevista publicada pelo diário "Tal Cual",a esposa de Alejandro Peña Esclusa, Indira Ramirez de Peña Esclusa, assinala que a defesa da democracia tem sido uma constante em sua família. Que Alejandro encontra-se bem de saúde, com bom ânimo e firme em suas convicções.
Parece que a família de Alejandro Peña Esclusa estava sentenciada a suportar a calamidade de que seus integrantes sejam levados ao cárcere por motivos políticos. José Ramón Perdomo, o avô de Indira Ramírez de Peña e esposa de Peña Esclusa, era um soldado na época de Juan Vicente Gómez, encarregado de fazer a guarda dos presos da Generación del 28. Passava remédios, cigarros e cartas a Ramón J. Velásquez e outros, até que descobriram e o deixaram encarcerado em La Rotunda.
Por sua parte, o pai de Peña Esclusa era capitão do Exército quando Marcos Pérez Jiménez governava. Apesar de não ser político, em uma oportunidade lhe perguntaram se estava de acordo com que se submetesse o mandatário a um referendo e, como respondeu afirmativamente, foi privado de sua liberdade e encarcerado no Castillo de La Guaira. Indira Ramírez considera que ao longo da história tocou-lhes defender a democracia.
Eis a entrevista com Indira Ramirez de Peña Esclusa.
Como têm sido estes dias sem Peña Esclusa no lar?
O mais difícil tem sido explicar à minha filha de oito anos tudo o que está acontecendo com seu pai. Quando minhas três filhas viram os explosivos na casa se deram conta de que era uma farsa. Tinham medo, choravam constantemente e estavam muito nervosas. Porém, com o passar dos dias elas compreenderam a situação. Apelei para fatos familiares explicando-lhes que seus avós estiveram presos na ditadura e agora também seu pai. Sob essa premissa, elas assumiram uma atitude bastante firme.
Que papel teve que assumir desde que seu esposo está privado de liberdade?
Sou comunicadora social, porém me dediquei a meu lar. Alejandro se encarregava de sustentar a família; agora eu tenho que assumir toda a responsabilidade. Me propus a lutar em instâncias internacionais. Denunciar o sistema de perseguição que há no país.
Qual é o estado de saúde de Peña Esclusa?
Indira Ramírez comentou que seu esposo está há 23 dias sem ver o sol. Para ver o sol por meia hora ele deverá cumprir um mês, conta. Está se cuidando muito e, apesar de estar preso em um recinto que mede 3 x 3, faz ginástica. Levamos comida saudável para que mantenha os ótimos níveis de saúde. Animicamente e sentimentalmente está fortalecido. Hoje completa 23 dias no cárcere. Até agora não o maltrataram fisicamente, porém conseguiram o que queriam: desprestigiá-lo.
A senhora acredita na justiça venezuelana?
Eu não espero um mínimo de justiça por parte do juiz Luís Cabrera que conduz o caso. Porque se à juíza María Lourdes Afiuni prenderam por ditar uma sentença de liberdade para Eligio Cedeño, nem imagino o que podem fazer ao juiz que dê casa por cárcere ou liberdade a Peña Esclusa, que tem sido crítico de Chávez e não parou de assinalá-lo como totalitário. O juiz Luís Cabrera é simplesmente um refém. Todas as sentenças dos juízes deste país estão sob suspeita, enquanto Afiuni permaneça no cárcere. Todos os juízes deste país estão assustados.
* - Entrevista realizada para o diário "Tal Cual" da Venezuela, em 05 de agosto de 2010.
Tradução: Graça Salgueiro
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