Onde está a oposição?
Mídia Sem Máscara
Gen. Mário Ivan Araújo Bezerra | 24 Agosto 2010
Artigos - Eleições 2010
São muitas as perguntas que a oposição e a imprensa, que está com sua liberdade ameaçada, poderiam fazer à candidata terrorista Dilma Roussef.
Com o título de "A grande mídia se organiza contra a candidatura de Dilma", circula na internet, há dias, um texto que dá conta de um consenso entre os principais órgãos de comunicação de massa do país no sentido de alertar o eleitorado sobre "um risco para a democracia brasileira: a eleição de Dilma Rousseff". O texto aborda basicamente o aspecto liberdade de expressão e dá a entender que, a partir de então, aquela significativa porção da Imprensa que compareceu ao encontro passaria a adotar uma atitude ofensiva e não defensiva em relação ao assunto, assumindo uma postura decididamente contrária à candidata do PT. No entanto, nos últimos dias a popularidade de Dilma só fez crescer (inclusive graças a franco apoio de parte da mídia), o que leva a crer que as resoluções do seminário promovido pelo Instituto Millenium ficaram apenas nas intenções. Por seu turno, a oposição parece ter feito um pacto de silêncio com o governo.
O temor dos principais veículos de comunicação realmente tem fundamento. É previsível que uma enxurrada de projetos de cunho autoritário inunde o Congresso tão logo a vitória de Dilma se revele assegurada. Não é à toa que já tiveram início acertos para a ocupação de cargos no novo governo assim que surgiu a perspectiva de eleição da candidata no primeiro turno. Afinal, Franklin Martins, que não dorme de touca nem engole derrotas, certamente não deixará passar em branco a oportunidade de voltar à carga com suas idéias de colocar cabresto na Imprensa.
Infelizmente, porém, esse não é o único perigo à vista. Tarso Genro, provável futuro governador do Rio Grande do Sul, renascerá das cinzas e, com forças renovadas, fará ressuscitar todo seu ideário, talvez numa edição ainda mais radical. A falácia da Lei do Desarmamento - que só desarmou os cidadãos de bem - com toda certeza voltará à pauta do novo governo. A Lei que trata do assentamento de auto-declarados quilombolas será aplicada com rigor. Os invasores de terra ganharão força. O PNDH será retirado da gaveta onde foi confinado e retornará à cena. O aparelhamento do Estado com pessoas filiadas ao partido da situação será aperfeiçoado. Por toda parte reinará o radicalismo. E esse "status" prevalecerá absoluto por, pelo menos, mais doze anos, completando-se, assim, uma era de 20 anos de petismo, tal como no país do companheiro Hugo Chávez. Restará saber se a presidenta terá pulso e disposição para segurar os aloprados.
Haverá quem diga que seria um exagero supor que a mídia teria poder para mudar esse quadro, se assim o desejasse. A eleição de 1989, entretanto, em que um ou dois veículos de comunicação tiraram do nada o candidato Fernando Collor e o puseram na Presidência da República dá muito que pensar.
Mas ao contrário, no entanto, hoje parece estar havendo um pacto abrangente, não só de boa parte da mídia, mas de toda a oposição, no sentido de poupar a imagem do governo e do atual presidente, atitude que significa abrir mão de poderosas armas e que, fatalmente, acabará facilitando a vitória da candidata do PT. Indícios desse pacto são as cansativas entrevistas e os pachorrentos debates que temos visto na TV.
A oposição parece ter aceitado a carapuça que o PT lhe impôs. Admite nunca ter feito nada pelo país e considera que passou ao governo do PT uma herança maldita. Tem medo de criticar o desempenho da política econômica, que o governo diz ser a melhor do mundo. No entanto a verdade é que a política econômica atual é um prosseguimento da anterior. É verdade, também, que seus êxitos não são assim tão espetaculares. Afinal, nossos juros continuam altíssimos. Nossas estradas, esburacadas. Nossos portos, emperrados. Nossos aeroportos, entupidos. Faz oito anos que nossas taxas de crescimento são pífias. O custo de vida no Brasil é um dos mais altos do mundo. O preço da gasolina é elevadíssimo.
O governo diz ao povo que pagou toda a dívida externa do país. Quem é letrado, entretanto, sabe que a dívida que foi paga foi apenas a do FMI. E mais: foi paga com dinheiro de novos empréstimos feitos a outros credores, inclusive no mercado interno. A bolsa-família é paga com recursos tomados aos bancos que, por sinal, estão muito felizes com a situação.
As demais políticas também deixam muito a desejar. A assistência de saúde é uma calamidade. Segundo o IBGE há 12 milhões de domicílios sem água encanada. A telefonia é ruim e caríssima. Nossa banda larga é de segunda categoria. (Que não venha alguém, por favor, fazer comparações com outros países da América do Sul; é sabido que todos estão em pior situação, mas isso não justifica nosso atraso). A segurança pública - apesar da criação da Força de Segurança Nacional - nunca esteve tão ruim. (Os policiais são caçados pelos bandidos). Os Correios, que outrora foram a instituição mais confiável do país, agora são motivo de chacota. A educação, em especial, é um descalabro.
O Ministério da Educação não consegue se acertar. Aliás, desde que foi admitido o voto do analfabeto, o governo, em vez de procurar acabar com o analfabetismo, parece dele estar se beneficiando eleitoralmente.
Por que ninguém fala mais em mensalão? Por que os repórteres que fazem as entrevistas ou conduzem os debates evitam o assunto? Houve algum acordo a respeito?
Que foi feito da SUDENE, que ia ser restaurada? E os dez milhões de empregos que seriam criados? Alguém se lembra da vaia no Maracanã?
E os inúmeros fiascos na política externa? Por que o governo foi tão frouxo com Evo Morales? Por que há militantes das FARC empregados em órgãos governamentais? Por que estamos cedendo às pressões do Paraguai? Como vai a famosa refinaria que Hugo Chávez ia financiar em Pernambuco? Por que estamos financiando obras na Venezuela? Por que fizemos tanta bobagem em Honduras? Por que apoiamos governos truculentos, que não respeitam os Direitos Humanos, especialmente em Cuba e no Irã? (Nosso Secretário de Direitos Humanos deveria ir morar lá). Por que trouxemos médicos de Cuba? Como podemos dar asilo político a uma iraniana que cometeu crime comum? Meu Deus! Caímos no ridículo. Tivemos até a pretensão de fazer a paz entre árabes e judeus!...
É, parece que nunca, na história desse país, tantos erros foram cometidos... No entanto, a continuarem as coisas do jeito que estão, terá sido um desperdício de tempo e dinheiro o seminário promovido pelo Instituto Millenium. E, pior ainda, há um forte indício de que nossa oposição desapareceu e estamos vivendo uma nova era de partido único, como em alguns países socialistas cujo nome nem vale a pena citar.
*Oficial-General da Reserva do Exército
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