Farc tinham laços com 29 países, diz revista
Segunda-feira, 5 de Janeiro de 2009
Movimento da Ordem Vigília Contra Corrupção
Nove meses depois de terem anunciado a apreensão de um notebook pertencente ao comando das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), autoridades colombianas juntaram as peças de um amplo quebra-cabeça. Nele aparece a imagem de uma rede internacional de apoio à guerrilha com ramificações em pelo menos 29 países. Entre eles estão 15 latino-americanos, incluindo o Brasil.
Em uma reportagem sobre o que já foi apurado com base nas informações armazenadas no computador, a revista colombiana "Semana" diz, em sua última edição, que no Brasil "ficou documentada a doação de grandes quantidades de dinheiro para as Farc por parte de grupos de esquerda e sindicatos".
Os dados, segundo a reportagem, também reforçam o papel de Francisco Cadena - que aqui se apresentava como Oliverio Medina - como responsável por um "trabalho sistemático" no país durante muitos anos. A Justiça brasileira negou há alguns anos um pedido de extradição feito pelo governo de Álvaro Uribe. A condição para que Cadena permanecesse no Brasil foi que deixasse de realizar atividades políticas em nome da guerrilha. A revista também diz que o computador demonstra os "negócios da guerrilha e seus bons contatos com narcotraficantes brasileiros e colombianos".
Sobre a Argentina, "Semana" diz haver "abundante informação, confirmada pela polícia e por serviços de inteligência argentinos" de que um guerrilheiro chamado Javier Calderón manteve reuniões e ofereceu ajuda a grupos de esquerda no país. Em troca, conseguiu apoio para que outros integrantes das Farc obtivessem asilo ou refúgio na Argentina.
Na Bolívia e no Peru, as investigações baseadas nos dados do computador mostraram, segundo a revista, que guerrilheiros realizaram "doutrinamento político" em território boliviano e "assessoria e treinamento" a "facções guerrilheiras no Peru, tal como tal como uma dissidência do Movimiento Revolucionário Túpac Amaru e o Movimiento de Izquierda Revolucionaria". México, Cuba, Chile, Paraguai, também segundo a revista, mantiveram relações com as Farc. A Venezuela aparece como o país mais destacado nesses laços, contribuindo com dinheiro e armas - afirmações negadas pelo presidente Hugo Chávez.
O governo colombiano diz ter encontrado o computador num acampamento que guerrilheiros mantinham em território equatoriano, próximo à fronteira. O local foi alvo de um ataque aéreo colombiano, que resultou na morte de um dos líderes da guerrilha, Raúl Reyes. A operação desencadeou uma crise diplomática com o governo do Equador - que não foi avisado previamente do ataque - e com a Venezuela. Segundo a revista, embora tenham surgido polêmicas sobre a interpretação de algumas mensagens encontradas, "nenhum dado do computador foi desmentido".
Entre os países ricos, as Farc tinham relações com redes de apoio para propaganda e ou arrecadação de fundos no Canadá, na Espanha ("onde as autoridades espanholas confirmaram a aliança e o intercâmbio de táticas terroristas entre as Farc e o ETA") e Reino Unido ("onde pelo menos uma ONG deu ajuda dinheiro e assessoria em tecnologia e política a redes de apoio das Farc na Europa"). Grupos na Holanda, Itália, Bélgica, França, Dinamarca, Suécia, Alemanha e Noruega também, segundo as investigações citadas pela revista, mantiveram laços com a guerrilha. Valor Econômico
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