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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

OBAMA NAS ALTURAS!

05/02/2009

Farol da Democracia Representativa


Rodrigo Simonsen
Publicitário graduado em Comunicação Social na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e mestrando em Ciências da Religião na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

É tempo de festejar a chegada do messias. Com as mãos para o alto, os fervorosos fiéis clamam pela sabedoria do guru que, a plenos pulmões, derrama sobre suas cabeças o mantra pelo qual ficou conhecido: "Eu apenas peço que acreditem." A multidão ovaciona sua divindade pagã, comemora exultante, entra em catarse. Lágrimas de redenção escorrem pelas faces maravilhadas. Gritos de aleluia ressoam pelos quatro cantos. Falta somente a faixa com a inscrição: Santo Subito!

Enfeitiçado pela oratória celestial, o povo eleito tratou logo de estabelecer o marco histórico, antes mesmo da própria consumação pelo voto. O mundo não é mais o mesmo, certo? Esqueçamos a época de guerra, fome, crise e desunião. Isso tudo é passado. Nesta nova era, a História só pode ser dividida entre antes de Obama (a.O.) e depois de Obama (d.O.).

De uma hora pra outra, o planeta foi transformado numa imensa Jerusalém e eu sou um soldado romano tentando açoitar o salvador da humanidade.

Deuses fajutos sempre existiram. Aos montes. O que mais me intriga é o fato de que pessoas que costumam andar sobre as duas pernas, utilizar com certa regularidade seu polegar opositor e até comer direitinho de garfo e faca puderam cair como mansos cordeiros neste conto da carochinha de proporções apocalípticas. Se houve um acontecimento verdadeiramente marcante, caros leitores, foi este. Sinal da vulgaridade contemporânea, acompanhado da promessa de mudança que soa como o "amanhecer mais noite que a noite" de Drummond.

Repare como a quase totalidade dos cérebros que deveriam estar em funcionamento foi subitamente acometida por uma violenta narcolepsia mental, esquecendo-se das tarefas de investigação mais elementares e acatando irrefletidamente qualquer bobajada desferida pelo candidato mais nebuloso que já disputou uma eleição para a presidência norte-americana, sem ao menos pedir suas credenciais. É, para dizer pouco, esquisitíssimo. Mas uma figura como Obama traz ao menos um ponto positivo: afasta para longe qualquer manifestação de preguiça intelectual que os espíritos atentos possam ter para com a política atual e faz com que estes ponham a mão na massa.

Você, meu eventual leitor, foi lesado. Saiba disso. Comprometidos com os ideais liberais até o pescoço, jornalistas e intelectuais, que tinham a obrigação moral de escarafunchar cada ponto da trajetória do aspirante a ser supremo, eximiram-se de suas tarefas e furtaram do grande público uma série de informações absolutamente imprescindíveis (e eu repito: imprescindíveis) para a compreensão correta do presente estado de coisas. A rigor, não temos nenhuma garantia de que um candidato é o que diz ser. Sem uma análise profunda de sua imagem publicitária, de seu programa de governo em relação à situação objetiva, das correntes de pensamento que se refletem neste plano, e dos grupos políticos, econômicos e culturais que o apóiam, não há a mínima possibilidade de estabelecer qualquer grau de confiabilidade entre o candidato e seu eleitorado.

Obama mente tanto, mas tanto, que fico como um mosquito numa praia de nudismo: não sei por onde começar. Me diga uma coisa: você sabia que ele atuou vivamente na campanha do ditador queniano Raila Odinga, o mesmo que exterminou centenas de cristãos, queimando-os vivos? Você tem conhecimento de que o sujeito que pagou os estudos de Obama em Harvard atende pelo nome de Donald Warden, é mentor do grupo terrorista Panteras Negras e autor de um livro que diz que o governo americano planeja assassinar todos os negros? Sabia que Barack foi membro de um partido socialista? E de suas relações com o agitador islâmico Louis Farrakhan, inimigo confesso dos EUA, você já ouviu falar? E das com o notório terrorista William Ayers, verdadeiro autor do seu livro de memórias? Quem aqui já ouviu falar sobre seu consumo de maconha e cocaína? Você sabe se ele é mesmo muçulmano, como seus parentes dizem que é? E sua conexão com o pastor racista Jeremiah Wright e com as idéias da teologia da libertação negra? Por que ele sonega seu histórico escolar, sua tese de doutoramento, os nomes dos seus contribuintes de campanha e sua certidão de nascimento? Afinal, ele nasceu no Havaí ou no Quênia?

Todos os que fizeram estes questionamentos foram prontamente acusados de racismo, por mais que documentos e provas inequívocas saltitassem como sapinhos num pântano imundo. Quem tentou apontar a chantagem racial aí presente, foi tachado de racista duplamente. Temos que acreditar no messias mitômano, como ele pediu que acreditássemos. Não dá pra confiar numa figura dessas nem para gerenciar uma partida de Banco Imobiliário, quanto mais para deter todos os segredos de Estado conferidos ao presidente da mais poderosa nação do mundo.

Como diria G.K. Chesterton, quando você pára de acreditar em Deus, passa a acreditar em qualquer bobagem. E, agora, a bobagem já foi consumada. Adorar falsos ídolos dá nisso. Idolatria pura e simples. Tem como alguém trazer minha chibata?

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