Quotas raciais, um dos últimos passos rumo à beira do abismo...
Sexta-feira, 6 de Fevereiro de 2009
Blog do Clausewitz
''Coisa de preto''
"O Senado logo retomará o debate do projeto de lei de cotas raciais nas universidades e escolas técnicas federais, que pode tornar-se a primeira lei racial da nossa história. Diferentes pesquisas evidenciam que ampla maioria dos brasileiros, de todas as cores, rejeita a introdução da raça na lei. Mas o projeto, que passou na Câmara dos Deputados sem voto em plenário, por acordo de lideranças, tem grandes possibilidades de ser aprovado no Senado. Como explicar o paradoxo que faz a maioria parlamentar deliberar contra a vontade da maioria dos eleitores?
Há, antes de tudo, um desvio que não é exclusivo de nosso sistema político. Os parlamentares temem contrariar os grupos de pressão organizados mais do que temem frustrar as expectativas da maioria desorganizada. Corporações, movimentos sociais e ONGs atuam como máquinas eleitorais, impulsionando ou destruindo candidaturas. Os interesses da maioria, por sua natureza difusa, podem ser contrariados com menor risco. Se o Estado brasileiro criar, oficialmente, castas de cidadãos separadas pela cor da pele, isso será um triunfo das ONGs racialistas e uma derrota da vontade popular.
Não existe no Brasil um "movimento negro" em nenhum sentido legítimo da palavra. As ONGs racialistas quase nada representam, além dos interesses e ideologias de seus próprios ativistas. Mas elas recebem, todos os anos, milhões de dólares da Fundação Ford e se incrustaram no interior do Estado, dispondo do aparelho de uma secretaria especial da Presidência e do controle de postos-chave nos Ministérios da Educação e da Saúde. Os dirigentes de tais grupos formam uma elite adventícia, estruturada em redes nas universidades e instituições internacionais, que se reclamam porta-vozes de uma "raça". Eles usarão o termo "racista" como insulto destinado a marcar a ferro todos os que insistem em defender o princípio da igualdade perante a lei. Eis o que temem deputados e senadores...
A maioria dos parlamentares não nutre entusiasmo pelo projeto de cotas raciais, mas está disposta a contribuir com a indiferença para sua aprovação. Eles enxergam as leis raciais como esmolas concedidas aos pedintes, moedinhas inúteis entregues a meninos na rua, um preço quase simbólico que se paga para comprar gratidão. "Coisa de preto" - é assim que, silenciosamente, avaliam os projetos apresentados sob a cínica justificativa de fazer justiça social por intermédio da oficialização da raça. Mas não se trata, a rigor, de preconceito racial: o "preto", no caso, funciona como sinônimo de pobre, na mais pura tradição senhorial brasileira. Juntamente com o temor dos grupos de interesse, as leis de raça beneficiam-se dessa aversão benevolente ao princípio da igualdade.
Há mais de um ano foi aprovado em comissão um projeto de lei, de autoria do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que determina a implantação de tempo integral nas escolas públicas de ensino fundamental. Mas a maioria governista não permite que o projeto siga para votação, alegando que custaria cerca de R$ 20 bilhões anuais, pouco menos que o dobro do Bolsa-Família. Parece muito, mas representaria apenas 1,6% do Orçamento da União - algo como um aumento inferior a 15% nos repasses federais para Estados e municípios. É um valor relevante, porém perfeitamente viável se a deflagração de uma revolução qualitativa no ensino público figurasse, de fato, como prioridade nacional. Entretanto, nossa elite política parece preferir enfeitar com cotas raciais a ordem iníqua que relega a maioria dos jovens, de todas as cores, a escolas arruinadas..."
Fonte: Estadão
Um único comentário meu:
►Antes que meus comentaristas me sabatinem, posso chamar de quotas? tudo bem, posso... julgo um dos mais importantes artigos já inseridos no blog do Clausewitz, este acima transcrito de autoria do professor Demétrio Magnoli... por que esse lúmem todo sobre o texto? nunca mais seremos o mesmo país, conforme nos atesta e fundamenta Demétrio Magnoli, após o advento da divisão racial em nosso âmago cultural... tenho inúmeros amigos e colegas que são mulatos e mestiçados, que vêem, como cidadãos coerentes, com muita preocupação esse fato, pelo simples fato de terem filhos tão ou mais mulatos ou mestiços que eles... ponham uma coisa na cabeça: nós, eu, você, nós já vimos a degeneração de nossa nacionalidade e por medo, ignorância e cumplicidade não conseguimos deter a chegada da luta de classes e raças ao poder... o que será de nossos filhos? o que será dessa gente mirim quando chegarem ao universo do estudo superior e forem preteridos por terem olhos verdes e cabelos claros? sabe o que? o caos... o que, Clausewitz? é isso mesmo... o caos... e é esse mesmo o objetivo da lei e de seus desdobramentos e dispositivos: inflamar nossa gente... volto àquela minha soberba e vaidosa afirmação: conheço o Brasil... alguém já foi ao interior do Centro-Sul brasileiro? eu já e só há negros no interior do Rio e de Minas Gerais... alguém já foi aos aglomerados populacionais do Norte-Nordeste? eu já e só há negros na Bahia... sabe o que acontecerá se a lei racial racista for aplicada lá na cidade de Pomerode, Mafra ou Santa Cruz do Sul? o caos, pois o colono, o granjeiro, o industriário e o comerciante sulistas que trabalham para sustentar a carga tributária nacional desgastante e desestruturante não vão querer ver suas proles preteridas por eles terem sardinhas, olhos azuis e cabelos cor de fogo... então, minha reverência ao brilhante texto do professor Demétrio Magnoli, por ter fundamentado o racismo nacional como algo forjado pelas elites tecnocratas aliadas aos objetivos da tomada do poder pelo PT, visando unicamente a incrementar a luta de classes... e para quem duvida do que estou falando, saia do obscurantismo quanto ao seu país e o estude, de preferência ao vivo e a cores... viaje por seu estado, ultrapasse as fronteiras, faça uma oração antes e veja como nosso país é lindo e como seu povo é misturado e que não temos nada a ver com a África e com nossos países vizinhos de cultura hispânica... somos um povo com identidade própria e não devemos nada a ninguém... que possamos combater o canto da sereia do separatismo, pois ele é injetado de dentro para fora... nos conscientizemos que estamos a poucos passos do abismo e que o ingrediente 'política de quotas raciais' só abreviará nosso fim como povo...
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