Por que Lula quer reunir Uribe com Chávez?
Mídia Sem Máscara
Eduardo Mackenzie | 11 Novembro 2009
Notícias Faltantes - Foro de São Paulo
O presidente Uribe não está fechando rádios e televisões, nem destruindo as liberdades, não está expropriando empresas privadas nem retirando os poderes dos governadores e prefeitos da oposição. Não concentrou todos os poderes em suas mãos, como o fez, com a anuência de Lula, Hugo Chávez.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer erigir para si um pedestal onde possa aparecer ante a Europa e os Estados Unidos como o grande patrono da governança latino-americana. Auto-suficiente e com um visível tom de desprezo, seu anúncio inconsulto feito em Londres ante os editores do Financial Times, no sentido de que ele "reunirá" em 26 de novembro Hugo Chávez e Álvaro Uribe em Manaus "para que resolvam suas diferenças", é um insulto à Colômbia e uma piada à realidade do que está ocorrendo no continente.
Depois de ter apoiado, por ação ou omissão, o expansionismo totalitário do chefe de Estado venezuelano, Lula quer dar-lhe uma virgindade e apresentá-lo como uma vítima dos Estados Unidos e da Colômbia.
O falso árbitro das elegâncias latino-americanas, depois de fazer Bogotá acreditar que o pacto colombo-americano sobre as sete bases militares colombianas não tirava o sono de Brasília, dá marcha-ré e ataca violentamente em Londres esse mesmo pacto e pede a Bogotá novas "garantias" como se estas já não tivessem sido dadas. E se alinha com o eixo Castro-Chávez ao dizer: "Não sei se os norte-americanos deveriam estar preocupados com Chávez ou Chávez com os norte-americanos. Um discurso justifica o outro".
Para Lula, além disso, a destruição do comércio binacional e as tensões fronteiriças, duas calamidades cuja autoria só pode ser atribuída a Hugo Chávez, é puro vento: "Não se pode fazer política a partir de manchetes da imprensa", metaforiza Lula.
Um chefe de Estado com uma visão tão parcial se inabilita para desempenhar um papel de mediador entre a Colômbia e a Venezuela. O presidente Uribe mal poderia aceitar o encontro de Manaus nessas condições. Lula pretende lá ser juiz e parte. Lula se esforça para pôr um sinal de igualdade entre Álvaro Uribe e Hugo Chávez. A Colômbia, entretanto, não está seqüestrando e assassinando venezuelanos em seu território. Não está expropriando venezuelanos fincados legalmente em seu território, como estão fazendo os bandos armados da chamada "revolução bolivariana" com colombianos na Venezuela. A Colômbia não está apoiando bandidos venezuelanos que vão seqüestrar e assassinar na Venezuela. Chávez o faz ao proteger, financiar e dotar as FARC e o ELN, e ao lhes permitir que construam baluartes e guaridas na Venezuela.
O presidente Uribe não está fechando rádios e televisões, nem destruindo as liberdades, não está expropriando empresas privadas nem retirando os poderes dos governadores e prefeitos da oposição. Não concentrou todos os poderes em suas mãos, como o fez, com a anuência de Lula, Hugo Chávez. Uribe não ameaça Chávez de enviar aviões militares contra Caracas nem deu a ordem de transferir "dez batalhões" de tropas para a fronteira, como o regime chavista está fazendo.
O encontro Uribe-Chávez que Lula propõe mal poderia ajudar a América Latina a conter um regime demente que ameaça a democracia, e que empobrece e escraviza os venezuelanos por razões ideológicas. Lula busca essa reunião para minar e anular os alcances do acordo sobre as bases militares, de sorte que quando se desate a invasão chavista contra a Colômbia, Uribe e Obama se encontrem com as mãos atadas para reagir.
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