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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

A primeira república negra e a indústria da ajuda humanitária

Mídia Sem Máscara

Vale a pena atentar para um aspecto que aparentemente tem passado despercebido de comentaristas brasileiros: o da indústria da ajuda humanitária, que propicia às ONGs negócios da China.

Já li mais uma vez, não me lembro onde, a história de que o Haiti merece toda nossa consideração, já que foi a primeira república negra das Américas, nascida de uma revolta de escravos contra o colonialismo francês. É verdade que não foi a única bobagem sobre o país que veiculou a imprensa ontem. Um amigo deste Observatório me alertou para um artigo de um tal Mark Weisbrot, na Folha de S. Paulo, cujo título já é bastante significativo: O Brasil deve defender a democracia no Haiti. O articulista, que garante que o imperialismo norte-americano conspira contra as instituições democráticas naquele país, lembra o papel que o Brasil desempenhou recentemente, em defesa da democracia em Honduras, e, a partir daí, já não é necessário dizer mais nada para deduzir que também existem perfeitos idiotas anglo-americanos.

Evidentemente, Celso Amorim concorda com Weisbrot e tem reclamado que os Estados Unidos estão usurpando a prevalência do Brasil no Haiti. Amorim quer confrontar os norte-americanos até quando o ringue é um território em ruínas recoberto de cadáveres. Só reproduzindo as palavras de Janio de Freitas, "essa história de Brasil potência já passa da imaturidade ao patético", ou indo um pouco adiante: já passa do patético ao patológico. Curiosamente, Marco Aurélio Garcia anda silencioso ou pelo menos não tem dado palpites sobre o papel brasileiro no Haiti. Sei lá, vai ver que ele está ajudando o coronel Hugo Chavez com o mais recente terremoto econômico que o bolivarianismo desencadeou na Venezuela. Mas não há razão para queixas, de vez que só não ver a adiposa figura de Garcia já é uma bênção.

Ainda sobre o Haiti, vale a pena atentar para um aspecto que aparentemente tem passado despercebido de comentaristas brasileiros: o da indústria da ajuda humanitária, que propicia às ONGs negócios da China. São os profissionais da miséria alheia que se aproveitam da catástrofe para drenar parte significativa dos recursos amealhados com a melhor das boas intenções. Estabelecem parcerias com as organizações governamentais e mãos à obra... Obra, claro, que permanece perenemente inacabada e cujo superfaturamento só se vai descobrir quando os responsáveis já não se encontram ao alcance das leis, se é que elas existem e tem algum alcance.

Adianta mandar milhões de dólares para o Haiti? Segundo Bret Stephens, de The Wall Street Journal, deve-se mandar somente o essencial para lidar com os problemas imediatos e, de resto, deixar os haitianos se virarem por conta própria. Sthepens raciocina a partir de um relatório do Banco Mundial que informa que toda a ajuda fornecida pela instituição ao país entre 1986 e 2002 não deu resultados satisfatórios devido à esbórnia que são as instituições no país. Baseia-se também na declaração de um economista queniano a Der Spiegel, segundo o qual "os países [africanos] que arrecadaram mais auxílio internacional para desenvolvimento econômico são os que revelam piores performances".

http://observatoriodepiratininga.blogspot.com/

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