Folha descobre conluio Serra/Lula/Ciro
Mídia Sem Máscara
| 29 Outubro 2009
Artigos - Governo do PT
Dar a Ciro a chance real de disputar o governo do Estado de São Paulo, com a ajuda do PT e com a passividade do PSDB, parece ser a única solução possível. As forças dominantes não querem que saia candidato à Presidência da República. O PT paulista terá que engolir o grande sapo cearense.
Os leitores que acompanham minhas notas estão perfeitamente cientes do que se passa nos bastidores da sucessão presidencial, com o conluio por cima entre Lula e Serra, para sacramentar previamente as eleições do ano que vem, tornando-as um evento insignificante, uma perfeita marmelada. Finalmente um dos notáveis da Folha de S. Paulo descobriu o que se passa, como podemos ler na edição do último dia 26 (Alckmin e Serra em São Paulo), na coluna de Fernando de Barros e Silva.
O jornalista simula um espanto: "Os holofotes da sucessão se voltam, no momento, para a hipótese extravagante de que Ciro Gomes possa ser candidato ao governo paulista apoiado pelas forças de Lula. Fora das luzes, porém, há uma outra batalha sendo travada no interior do campo tucano". Nada há de extravagante, exceto o fato de que profissionais da informação estão desinformados sobre o fato político mais significativo, o arranjo para a marmelada esquerdista. E desinformam o público leitor.
Completa Fernando de Barros e Silva: "Se José Serra for mesmo disputar a Presidência, qualquer solução que não seja a candidatura de Geraldo Alckmin em São Paulo custaria caro demais ao PSDB. É o que pensam pessoas influentes do serrismo. A razão é simples: Alckmin tem mais de 40% das intenções de voto nas pesquisas. O outro postulante à vaga, o secretário de Governo, Aloysio Nunes Ferreira, não passa dos 2%". Ora, até as pedras sabem que Serra não quer Alckmin, um ET dentro do PSDB, partido cada vez mais tomado pelas antigas lideranças raivosas dos exilados do Regime Militar, Serra à frente. O artificialismo de qualquer candidatura que não a de Alckmin ao governo de São Paulo salta aos olhos e só adquire significado se o observador se der conta que se trata de reciprocidade: o PT lança a inexpressiva Dilma, praticamente elegendo Serra de antemão e, em troca, ganha o governo de São Paulo, para tanto o PSDB lançando também um fantoche sem votos.
O único fato imprevisto foi a vinda de Ciro Gomes para São Paulo. Este é o fato novo, o inesperado. Ciro aproveitou-se da fachada de disputa entre a candidata do PT e o governador José Serra para se eleger o anti-Serra, supostamente ajudando o PT. Ao se instalar em São Paulo cacifou o seu nome contra a vontade do PT e contra José Serra. Agora terá que ser acomodado, pois se Ciro sair por aí atirando em Serra mela o jogo previamente combinado. Ninguém o quer mas ele é grande demais para ser descartado. E tem forças para seguir sozinho contra a vontade de Lula e Serra. Criou um grande problema a ser resolvido.
Ciro tem posição consolidada no Ceará, onde governa seu irmão, que deve ser reconduzido ao cargo, e onde é candidato ao Senado seu padrinho político de toda vida, Tasso Jereissati. Não poderia jamais se colocar contra esses dois. Vir para São Paulo resolveu seu problema doméstico e o cacifou para jogar o grande jogo da sucessão presidencial. Dar a ele a chance real de disputar o governo do Estado de São Paulo, com a ajuda do PT e com a passividade do PSDB, parece ser a única solução possível. As forças dominantes não querem que saia candidato à Presidência da República. O PT paulista terá que engolir o grande sapo cearense.
Menos mal que a Folha ao menos tocou no assunto, que, como sempre, é segredo de Polichinelo. Todo mundo sabe e ninguém comenta. A sucessão será mais que uma marmelada, será um grande circo, e Ciro Gomes, de palhaço, foi elevado à condição de trapezista ou alpinista, como queira. Fez uma grande jogada, pode ser eleito governador, contra tudo e contra todos e com o apoio de todo mundo. Não é mesmo um circo?
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