A preservação ambiental sob o olhar liberal
Mídia Sem Máscara
Klauber Cristofen Pires | 16 Outubro 2009
Convido agora o leitor a apostar comigo qual das duas ações, a estatal ou a privada, tenderá objetivamente a proporcionar um benefício ambiental concreto para a humanidade.
Recentemente recebi uma indagação de um estudante: por meio de sua missiva, dizia experimentar uma sensação de empolgação por ter descoberto a filosofia do liberalismo, mas que, no entanto, confessava sentir-se preocupado com a questão ambiental, isto é, pelo fato de os autores liberais praticamente silenciarem sobre o assunto. Será que os liberais não dão atenção à necessidade da preservação da natureza?
Peço aos leitores e estudantes que têm tido um contato mais íntimo com os fundamentos da sociedade livre que contenham o riso. A pergunta tem cabimento, pelo menos por parte do neófito, pois é grande a propaganda de que os empresários ávidos e gananciosos, somente vendo o lucro, praticam a mais ímpia devastação.
A explicação que tecerei logo adiante é, no fundo, simples, porque a simplicidade é a própria pedra angular do liberalismo, mas precisa ser descomplicada na mente das pessoas acostumadas ao dirigismo estatal. Ao estudante sincero e aos demais leitores que atracaram neste texto pela primeira vez, uma boa introdução pode ser buscada em meio empírico: busquem, por si próprios, as imagens do Google Earth e confiram as imagens obtidas por satélite sobre países extremamente povoados e industrializados como o Japão, Formosa (Taiwan), os Estados Unidos e os países ocidentais da Europa. O que vocês vêem? Surpresa em descobrir que são verdadeiros tapetes verdes?
Agora, vamos ao cerne da teoria: não é exatamente o caso de os liberais desprezarem o meio ambiente. Na verdade eles desprezam todas as formas de controle centralizado, hodiernamente batizadas de "educação-isto" e "educação-aquilo".
Ocorre que o pensamento coletivista agrega todas as matérias em função de agendas: esta é a forma de controlar; não se controla algo sem delimitar todo o campo, todas as variáveis e todas as saídas. Os coletivistas, os marxistas, os comunistas e os meros bobos que perfazem a grande massa ovina da nova ordem mundial pensam e agem desta forma, e a razão pela qual descem aos níveis mais casuístas da regulamentação sobre os indivíduos, mesmo que de forma indesejada, assenta-se sobre os efeitos colaterais de suas medidas, sempre ensejadoras de novos remendos.
Será que um teatrinho poderia explicar isto melhor? A metáfora abaixo pode não ser idealmente perfeita, mas ilustra razoavelmente bem o que acontece em todos os aspectos da vida, inclusive o ambiental: imagine que haja na sua casa uma infiltração. Um cano no interior da parede rompeu-se, e a água começa a umidecer a parede e logo em seguida a escorrer por ela, formando uma poça no chão. O liberal decide fechar o registro e consertar o cano. O socialista decide conter a poça com um pano de chão. Porém, esta extravasa e espalha-se, i.e., pelo piso da cozinha. Então o socialista começa a fazer as convocações, e pede à mulher que o ajude, empurrando a água para o ralo com a ajuda do esfregão ou do "rodo", enquanto este providencia mais toalhas, agora as de banho, para contê-la junto às portas da sala e da área de serviço. Os dois já estão bastante ocupados, mas então a água, que já encharcou as toalhas, invade os compartimentos contíguos, e os filhos são chamados para os enxugarem, agora com o uso dos lençóis da família...e por aí vai...
Nesta semana, duas notícias dão o tom da forma de atuar: a primeira, pelo estado, a entidade que age pelo uso monopolista da força e da violência, e a segunda, pelo mercado, a entidade em que as pessoas se unem voluntariamente para atingirem fins comuns ou complementares.
Eis o primeiro fato: de olho nas eleições, o governador José Serra tem estufado o peito para declarar a promulgação de uma severa lei ambiental, agora com metas comprometidas (e comprometedoras) de redução de emissão de CO2. Zé Serra não me engana. Ele é o Lula imberbe, senão mais maquiavélico. Carro usado por carro usado, prefiro o atual, pois este já conheço os defeitos. Ou, posso até mesmo andar a pé. O prejuízo, certamente, será menor.
Vamos ao segundo: a revista Época nº 595, de 10/10/2009, anuncia o dispositivo eletrônico Kindle, um livro eletrônico do tamanho de um livro impresso pequeno, que pesa aproximadamente 290 gramas, e pode armazenar cerca de mil e quinhentos títulos.
Convido agora o leitor a apostar comigo qual das duas ações, a estatal ou a privada, tenderá objetivamente a proporcionar um benefício ambiental concreto para a humanidade.
Quer saber como agirá a tropa dos detratores da sociedade livre? De início, vão produzir imensa propaganda contra o produto: vão dizer que ele não presta, que fará mal à saúde das pessoas, que provocará o desemprego dos trabalhadores nas gráficas e na indústria do papel, e assim por diante. Quando ficar provado que este aparelho (ou outros melhores que vierem a ser lançados) é mais viável do que carregar uma mochila cheia de livros, virão com a tese da exclusão social, tendo sob pretexto o seu preço, embora o custo dos eletrônicos no Brasil seja devido, sobretudo, aos tributos. Enfim, a produção em escala e a mera desvalorização decorrente da descida que sofrerá o bem na escala das prioridades dos indivíduos o tornará tão barato quanto os celulares que hoje tentam nos empurrar gratuitamente ao fazermos compras na farmácia, na locadora ou no supermercado.
Não que eu seja vidente: é que este filme é velho: assim aconteceu com os celulares, quando os primeiros chegaram ao Brasil, lá pelos primados dos anos noventa, ao preço módico de... vinte mil...dólares! Assim também aconteceu com os computadores, que, de tão caros, nem sequer eram postos à venda, mas apenas prestavam-se serviços. Eu ainda me lembro de um aparelho VHS, que um dia meu pai comprou por meio de consórcio (!) e que, por dificuldades financeiras, o deixou de pagar. Quanto custa hoje um aparelho reprodutor de DVD?
Outras evidências também podem ser postas aqui: quanto consumia um automóvel nos anos quarenta e quanto consome hoje? Tem conhecimento o leitor de que um pneu daquele tempo mal chegava aos quinze mil quilômetros, quando os de hoje ultrapassam facilmente os sessenta mil? E as geladeiras? Olha aí o Lula que não me deixa mentir, com seu programa de redução de IPI para os eletrodomésticos novos.
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