Com judiciário corrompido, as Farc crescerão
Mídia Sem Máscara
Cel. Luis Alberto Villamarín Pulido | 23 Fevereiro 2011
Internacional - América Latina
Causa estranheza que os meios de comunicação não armem o mesmo escândalo de imprensa que desataram em outros casos, não só de corrupção como de outras falhas na administração pública.
Sob o título "Carrossel de Magistrados", a revista Semana deu capa ao artigo central da publicação para o período 20-27 de fevereiro de 2011, com a finalidade de pôr a descoberto o que parece ser uma cova de ratos contra o orçamento público, por meio de favores pessoais e asquerosos conchavos para pagamentos de pensões, mediante manipulações sujas das leis no Conselho Superior da Judicatura.
Se for certo, como tudo indica que pode ser, tanto os juízes como os magistrados que podem ter procedido dessa maneira, não se diferenciam em nada dos vulgares extorsionistas ou ladrões que estão dentro e fora dos cárceres. Nesse sentido, estes delinqüentes de colarinho branco e em alguns casos de toga, deveriam ir aos pátios das penitenciárias para acompanhar seus similares que - oh! paradoxo! - julgam e encarceram por violar a lei. Em Qac também há tempo para o humor, diria o extinto Jaime Garzón.
Chama a atenção que neste caso os camaradas de Asonal Judicial, nem o camarada Petro, nem as FARC, nem seus cúmplices não se pronunciem. A respeito, eles guardam silêncio porque sabem que quanto mais se apresentem na Colômbia atos de imoralidade contra o erário público, mais espaço os terroristas encontram para iludir incautos com a tese guia do Partido Comunista e seu braço armado, as FARC.
Causa estranheza que os meios de comunicação não armem o mesmo escândalo de imprensa que desataram em outros casos, não só de corrupção como de outras falhas na administração pública. Acaso os delinqüentes, que ao que parece se infiltraram no Conselho da Judicatura, têm coroa que os exima dos julgamentos morais da imprensa e da ação da justiça como os demais colombianos?
Reiteramos que, se for certo, o loquaz ministro Vargas Lleras e o próprio presidente da República estão demorando em desativar o Conselho da Judicatura, como ambos afirmaram várias vezes. Não pode ser possível que em uma alta corte, onde se supõe que todos os integrantes são o máximo da virtude, haja laranjas podres que deterioram o conjunto.
Ninguém pode explicar que ali trabalhe um magistrado, de quem se diz que quando era funcionário público no estado de Cundinamarca pedia elevadas somas de dinheiro aos contratados, em uma atuação similar à que aponta a se converter o escândalo Nule-administração estadual.
Tampouco pode-se explicar, como se rumora, que um magistrado da República possa se prestar para que em troca do pagamento de um suborno de cinqüenta milhões de pesos [1], um juiz amigo seu tome posse como magistrado auxiliar e por obra e graça da trapaça à lei do erário público colombiano, que é mantido pelos que pagamos impostos, se quadruplique o salário que se converterá em seu vencimento salarial.
Muito menos haveria explicação para entender porque um juiz ou um magistrado da República procedem dessa maneira tão aberrante e corrupta, o qual infere e é lógico deduzir, que no exercício regular dos cargos, esse par de funcionários judiciais são tão delinqüentes - ou pior que delinqüentes - quanto os bandidos que julgam, condenam e até encarceram, em função de suas investiduras.
Em outro cenário do mesmo problema e suas conseqüências diretas, muitas vezes escutei os soldados comprometidos em operações de contra-guerrilhas que perguntavam aos terroristas das FARC e do ELN capturados ou que se entregaram, por que se enfureciam assassinado camponeses, policiais ou militares de origem humilde, e não dirigiam as "bocas de fogo" contra os ratos que esvaziam o orçamento nacional para seu usufruto pessoal? Quase sempre os bandidos respondiam que eles cumprem ordens de seus cabeças, o que implica que os chefes dos bandidos também estão imersos nessa podridão e lhes convém que isto aconteça.
Porém, como a Colômbia é o país do Sagrado Coração e da amnésia política, aqui não acontece nada. Que uma das altas cortes, isto sem saber como estão as outras, esteja permeada pela corrupção, deveria ser um tema candente na vida social e política nacional, nas universidades, nos meios de comunicação, etc. E deveriam rodar cabeças. Porém, não. Ninguém diz nada. Do mesmo modo que Foncopuertos, Chambacú, a Licorera de Caldas, a contratação em Bogotá, as Empresas Municipais de Cali, Agro Ingresso Seguro, a reforma da saúde, Fondelibertad, etc., etc.
Similar ao tango "Cambalache" século XX: os bandidos inclusive de sobrenomes ribombantes, roubam com as duas mãos, prevaricam, falsificam documentos, urdem conchavos como a que, ao que parece, pode acontecer na Judicatura, enquanto que os colombianos a pé pagamos impostos para que estes delinqüentes roubem e as FARC continuem em seu haver com a pedreira humana, que lhes permite recrutar novos terroristas para reciclar uma guerra que tornou-se tão crônica quanto o cinismo dos corruptos em todos os três poderes públicos colombianos.
Nota da tradutora:
[1] Equivalente a R$ 50.000,00.
Tradução: Graça Salgueiro
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