Relativismo moral: uma idéia e suas consequências
28/04/2009
Farol da Democracia Representativa
Idéias têm conseqüências: as palavras certeiras do grande educador norte-americano Richard Weaver (1910-1963) sempre me impressionaram, desde o início da minha aventura de leitor/escritor, pela gravidade de seu chamamento à responsabilidade moral. Pena que pouca gente dê alguma atenção a isso.
Pergunte, por exemplo, a qualquer historiador ou sociólogo de plantão: até que ponto ele concorda que a defesa sociológica (e marxista, em particular) dos proverbiais “excluídos” é responsável pela escalada da criminalidade no Brasil? Ou então: até que ponto ele tem consciência de que tudo isso está diretamente ligado ao narcotráfico e ao crescimento das políticas de violência que acenam com um “mundo mais justo e sem pobreza” – mas tudo o que conseguem fazer é transformar a vida dos pobres num inferno ainda pior?
(Pergunte em seguida, se lhe sobrar paciência: será que ele não sente uma pontinha de responsabilidade ou de culpa humanitária diante do quadro atual?)
Provavelmente, tanto um quanto o outro vão fazer uma cara de espanto ou indignação e exagerar no gestual (franzindo a testa, tensionando os músculos ou arregalando os olhos) para afinal responder com um vago: “Mas que absurdo!”
Parece que nossos intelectuais acreditam que o “outro mundo possível”, que eles sempre apregoaram, nada tem a ver com este cenário de terror que eles estão ajudando a construir sobre as ruínas do Ocidente civilizado. E que, apesar de terem as mãos sujas de sangue, mantêm ainda o coração tão branco quanto o de uma Lady Macbeth.
Idéias têm consequências: ali nascem, afinal, as matrizes de crenças e comportamentos que, aos poucos, vão sendo espalhadas pelo mundo. Por trás do mendigo que estende a mão com fingida humildade ou do funkeiro que inferniza nossos ouvidos com suas “palavras de (des)ordem”, muitas décadas de sociologia e teoria marxista nos contemplam…
Por isso, saí tão animado do encontro promovido pelo Farol da Democracia, para apresentação da UNOAMÉRICA, no último sábado, 25 de abril, na Academia Brasileira de Filosofia, para apresentação da UNOAMÉRICA – em particular, acalentado pela afirmação reiterada pelos palestrantes Alejandro Peña Esclusa e Graça Salgueiro, de que, por trás de tudo isso, paira a sombra de uma idéia maligna: o relativismo moral. Bingo!
Identificar a doença já é um passo importante no caminho da cura. Que o tratamento será demorado, ninguém tenha dúvida – mas a presença, na platéia, de tantos jovens cheios de coragem e disposição é sinal de que a vitória poderá tardar, mas também de que o tempo (inerente à idéia mesma de juventude) está a nosso favor.
Quando o evento de sábado terminou, me veio a certeza de que a luta está só começando. Esta é a esperança que venho aqui partilhar com os titulares e visitantes deste Farol.
E a esperança (dizia o bravo São Paulo Apóstolo) nunca nos decepciona. Assim seja!
ANTONIO FERNANDO BORGES, escritor
http://www.faroldademocracia.org/editorial_unico.asp?id_editorial=278
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