Soluções falsas, problemas reais
Mídia Sem Máscara
| 16 Abril 2009
Artigos - Economia
Como a maioria dos slogans políticos que soam admiravelmente, nenhum dos elevados objetivos foi discutido em termos daquela palavrinha de cinco letras que as pessoas não usam numa sociedade politicamente correta – “custo”.
Alguém disse certa vez que o senador Hubert Humphrey, um ícone esquerdista de uma geração anterior, tinha mais soluções do que os problemas existentes.
O senador Humphrey não está só. De fato, nossa atual crise econômica foi criada por atos de políticos dando soluções a problemas que não existiam – e, como resultado, produzindo um problema cuja existência é completamente real e dolorosa.
Qual era o problema que não existia? Era o problema da moradia inacessível. A cruzada política para a moradia acessível atingiu seu máximo nos anos 1990 e levou a todo o tipo de mudança nas práticas do empréstimo imobiliário que, por sua vez, levou ao boom imobiliário que nos legou uma bagunça que estamos agora tentando arrumar.
Normalmente, a acessibilidade à moradia é medida em termos de quanto do salário médio de uma pessoa é gasto para cobrir um aluguel ou a prestação da casa própria.
Havia, certamente, lugares aqui e acolá em que um teto sobre a cabeça custava metade dos ganhos de uma família. Muitos desses lugares estavam na costa da Califórnia, mas havia alguns outros espalhados pelo país.
Mas, vastas áreas no país – aquelas que são apenas sobrevoadas pelas elites que vão de uma costa a outra – exibiam preços imobiliários que tomavam um percentual dos ganhos dos americanos que não era maior do que o da década anterior à cruzada por moradia acessível.
Por que então o lançamento da cruzada nacional por políticos de Washington a respeito de problemas locais? Provavelmente, uma resposta, boa como qualquer outra, é esta: “Pareceu então uma boa idéia.” Como podemos nos manter conscientes de quão compassivos e importantes nossas candidatos eleitos são a menos que eles se ocupem em resolver alguns problemas para nós?
O problema da explosão dos preços imobiliários era muito real em lugares onde ele existia. É realmente muito complicado viver com metade da renda porque a outra metade vai para o pagamento da prestação da casa própria ou aluguel.
Quase invariavelmente, esses graves problemas locais tinham causas locais – comumente, restrições severas sobre a construção de casas e edifícios. Essas restrições tinham uma variedade de nomes politicamente atrativos, indo de leis de “preservação do espaço verde” e políticas de “crescimento inteligente” a “proteção ambiental” e “preservação de áreas agriculturáveis”.
Como a maioria dos slogans políticos que soam admiravelmente, nenhum dos elevados objetivos foi discutido em termos daquela palavrinha de cinco letras que as pessoas não usam numa sociedade politicamente correta – “custo”.
Ninguém perguntou quantas centenas de milhares de dólares seriam adicionados no custo de uma moradia média pelas leis de “preservação do espaço verde”, por exemplo. Contudo, estudos empíricos mostravam que restrições do uso do solo adicionam, pelo menos, cem mil dólares ao preço médio da moradia em dezenas de lugares em todo o país.
Em alguns lugares, como na costa da Califórnia, essas restrições adicionaram muitas centenas de milhares de dólares ao preço médio da moradia.
Em outras palavras, onde o problema era real, os políticos locais foram dele a causa. Os políticos, em nível nacional, tentaram então fazer desse problema uma questão nacional que eles iriam resolver.
Como eles iriam fazer isso? Pressionando os bancos e outras instituições financeiras a diminuírem as exigências para se conseguir empréstimos imobiliários, e assim mais pessoas conseguiriam comprar a casa própria. O Departamento de Desenvolvimento Imobiliário e Urbano forneceu à empresa governamental Fannie Mae cotas para empréstimos a pessoas de renda baixa e moderada.
Como a maioria das “soluções” políticas, a solução do “problema” da moradia acessível não levou em conta as repercussões mais amplas que ela teria.
Vários economistas e outras autoridades alertaram repetidamente que o rebaixamento dos padrões de empréstimos significa mais riscos. Dados os relacionamentos complexos entre os bancos e outras instituições financeiras, incluindo muitas grandes firmas de Wall Street, se a inadimplência começasse a crescer, todo o dominó financeiro poderia começar a desabar.
Esses alertas foram simplesmente varridos para debaixo do tapete. Os políticos estavam muito ocupados resolvendo um problema nacional que não existia. No processo, eles criaram problemas muito reais. Agora, eles estão oferecendo mais soluções que indubitavelmente levarão a ainda maiores problemas.
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Publicado por Townhall.com
Tradução de Antônio Emílio Angueth de Araújo
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