A carta da Telebrasil a Lula
Mídia Sem Máscara
Nivaldo Cordeiro | 06 Fevereiro 2010
Artigos - Governo do PT
O PT, na sua trajetória no rumo do socialismo, é impermeável a qualquer tipo de argumento e lobby. Aliás, se ações de bastidores resolvessem tal carta não teria sido escrita. A sua materialização é a confissão acabada de que tais esforços fracassaram em todas as instâncias.
Hoje recebi o "Informativo Telebrasil", órgão oficial da entidade, e nele está contido o inteiro teor da Carta Aberta enviada ao presidente Lula, assinada pelo seu principal executivo, Antonio Carlos Valente. É um documento de redobrada importância, que precisa ser analisado dentro do contexto das relações institucionais das lideranças empresariais com o governo petista. O caro leitor deve se recordar do artigo anterior que publiquei ("A maldição da conivência"), no qual procurei mostrar que me pareceu um grande equívoco o setor de Telecom ter apoiado e participado da Confecom.
O conflito do PT não é tático nem episódico com o setor de Telecom, ele é estratégico e conceitual. Esse partido abomina a economia de mercado e se depender dele, especialmente naqueles chamados setores de ponta, "estratégicos", será tudo estatizado. A prova mais cabal está dada agora, com a possível decisão de recriar a Telebrás para fornecer serviços de banda larga, inclusive no varejo. As pessoas bem informadas sabem que isso é uma exorbitância, não havendo nenhuma necessidade de o Estado ingerir nessa atividade enquanto produtor. Mas o PT o fará por razões filosóficas.
Os jornais de hoje trouxeram a notícia de que o programa de governo da candidata Dilma, ora em elaboração, será acentuadamente mais à esquerda do que foi o governo Lula e nele será contemplada a expansão do braço produtor estatal, mediante estatização. A recriação da Telebrás, portanto, não é acidental, é fruto das crenças mais profundas dos atores políticos integrados no PT.
Na Carta, depois de recordar de que a idéia de elaborar um Plano Nacional de Banda Larga nasceu do próprio setor, Antonio Carlos Valente escreveu: "Entretanto, notícias publicadas nos últimos dias nos principais jornais do país, acenam com a possibilidade da divulgação de decisões por parte do governo brasileiro sem que o diálogo, prova de maturidade das sociedades democráticas, tivesse ocorrido em sua plenitude. As notícias avançam ainda mais e especulam sobre a possível recriação da Telebrás, empresa em processo de extinção desde 1998. Estas notícias produziram uma enorme preocupação em segmentos representativos da sociedade, dentre eles a própria TELEBRASIL".
O presidente da Telebrasil já deveria ter descoberto que não é possível diálogo algum com os militantes revolucionários abrigados no governo Lula, empenhados em destruir a economia de mercado. Discutir, para eles, é mera tática protelatória, a fim de acumular forças suficientes para pôr em ação suas preciosas idéias estatistas. Deu-se o caso aqui. Eu mesmo escrevi, em dezembro último, artigo abordando especificamente o Plano Nacional de Banda Larga. Quem acompanha o que eu escrevo não pode alegar nenhuma surpresa com o que está acontecendo.
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