Uma reação tardia à Confecom
Mídia Sem Máscara
| 24 Fevereiro 2010
Artigos - Cultura
Quando recebi a nota oficial do Heitor de Paula e da Graça Salgueiro denunciando que o evento virou um convescote de centro-esquerda, comprometido em não contrariar o governo do PT e dando voz a atores políticos e midiáticos que são, eles mesmos, autores do processo que criou a Confecom, então tudo se esclareceu de vez.
Quando recebi a programação do Fórum Democracia e Liberdade de Expressão e vi que o mesmo estava recebendo patrocínio das entidades patronais e das grandes empresas de comunicação que boicotaram a Confecom, além do próprio Instituto Millenium, percebi que o evento havia sido concebido como uma resposta dessas entidades e dessas empresas à grande ameaça do governo Lula (e do próximo governo Dilma, se vier a se eleger) à produção de notícias de forma empresarial. À ameaça gigantesca a todo o setor empresarial dedicado às comunicações que foi o Confecom. Achei estranho não ter recebido convite para participar do evento, eu que, por meus próprios meios, e com o integral apoio institucional do jornal eletrônico Mídia sem Máscara, fui o único observador independente que lá estive. Fiz não apenas a reportagem dos acontecidos, bem como as análises mais originais, a partir do meu artigo Confecom: a sovietização do Brasil, fiz também uma pesquisa histórica e demonstrei as ligações entre os promotores da conferência, o Foro de São Paulo e o Foro Social Mundial e todas as modificações políticas ocorridas à época na regulação das comunicações em países como Argentina, Venezuela e Equador.Posso dizer que ninguém da mídia fez um trabalho assim. Esses que estão reunidos para o evento no próximo primeiro de março viram os acontecimentos de longe e acovardaram-se por não dar o primeiro combate no tempo certo, conforme eu mesmo apontei na época da Confecom. A bem da verdade meus textos foram o primeiro combate direto contra a conferência e seus resultados e o Mídia Sem Máscara foi o único órgão de imprensa a denunciar o que estava acontecendo nos devidos termos, até então coberta pelo manto negro do silêncio unânime.
Um evento contra a Confecom agora é não apenas fora de época, é inútil, ineficaz. A Confecom já cumpriu seu papel, está influenciando o governo Lula, o programa da candidata Dilma, já virou portarias e decretos e está ressuscitando a Telebrás, que vai concorrer no fornecimento de serviços de infra-estrutura de banda larga com as empresas de Telecom.
Em suma, se tem alguém neste país, como diria Lula, capaz de falar com autoridade sobre os acontecidos na Confecom, suas origens e conseqüências, de sua própria dinâmica, sou eu. Fiquei surpreendido por não ter sido convidado a participar do evento, pois sei que o material que produzi foi lido por toda a gente, tendo sido inclusive reproduzido parte dele no site do Instituto Millenium.
Quando recebi a nota oficial do Heitor de Paula e da Graça Salgueiro denunciando que o evento virou um convescote de centro-esquerda, comprometido em não contrariar o governo do PT e dando voz a atores políticos e midiáticos que são, eles mesmos, autores do processo que criou a Confecom, então tudo se esclareceu de vez. Não fui convidado porque estou no campo conservador e os conservadores ali não são bem vindos. Alguém conservador não tem porque ir lá ver o evento.
Que raio de reação é essa que não pode reagir? Para que o evento? Ora, isso não passa de um simulacro de reação, nem mesmo chega a ser um protesto, tímido que seja. Parece coisa de quem não tem o que fazer. Não será com essa arenga acovardada e adesista que o livre mercado de idéias e conteúdo no Brasil será preservado, que as instituições democráticas serão preservadas.
Bem fizeram Heitor de Paula e Graça Salgueiro em não aceitarem integrar a farsa de sentarem-se ao lado de notórios comunistas. Não se combate o inimigo confraternizando com ele e dando a ele as armas, as poucas, para que ele mesmo as use. É mais que equívoco, é burrice. De minha parte, fui poupado de ter que recusar. Melhor assim.
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