A festa do chá e o "beijaço" pró-PNDH
Mídia Sem Máscara
| 10 Fevereiro 2010
Media Watch - Folha de S. Paulo
Particularmente, vejo com muito bons olhos a indignação e incredulidade de gente como essas duas jornalistas, cujo cérebro foi abduzido pelo ópio dos intelectuais provavelmente já no jardim da infância.
Ontem, Martim Vasques da Cunha, no site da Dicta & Contradicta, comentou a reportagem de Patrícia Campos Mello, correspondente do Estadão nos Estados Unidos, sobre a convenção do Tea Party, em Nashville, Tennessee, cujo texto era marcado pelo preconceito, que vê o movimento como uma manifestação "direitista", "radical" e "histérica". Pois bem, a reportagem da Folha, de Andrea Murta, não fica muito atrás do concorrente. São curiosos os efeitos que o preconceito produz. No caso dessas duas jornalistas, eles se manifestam sob forma de mal contida indignação, como se nas entrelinhas dos textos pudéssemos ler a indagação: como essa gente que não é de esquerda ousa fazer uma manifestação pública?!
No caso da reportagem de Murta, nota-se também um tom de incredulidade diante do que afirmam os manifestantes, ao falar em "marxismo latino", ao equiparar Lula a Chavez e a execrar Obama, que pretende desenvolver nos States uma política intervencionista análoga à dessa gangue latino-americana. A repórter, pasma, deixa transparecer sua incredulidade diante de tamanha fantasia fundamentalista e, para tranqüilizar-se chama um "analista" da organização Diálogo Interamericano, que deixa claro que tudo não passa de uma teoria da conspiração. Não existem marxistas ao sul do Rio Bravo, mas tão somente socialistas do século XXI... Lula e Chavez, como evidenciou a intervenção do Brasil em Honduras, nada têm em comum.
Particularmente, vejo com muito bons olhos a indignação e incredulidade de gente como essas duas jornalistas, cujo cérebro foi abduzido pelo ópio dos intelectuais provavelmente já no jardim da infância. Isso revela o quanto o ressurgimento de uma direita ativa e bem pensante as perturba e incomoda. Crêem que a maioria silenciosa deve permanecer para sempre silenciosa, a escutar-lhes a voz esclarecida pela vulgata socialista e só podem conceber como um imenso atrevimento o fato de os conservadores pretenderem intervir na vida das nações. No entanto, essa intervenção, que deve estar se gestando desde os anos 60, como contraponto à grita promovida pela revolução dos costumes, explode, afinal, com o mesmo ímpeto juvenil que caracterizou até agora os seus adversários. Que fazer?
Enquanto isso, em São Paulo, um grupo de ativistas a quem a imprensa atribui o direito de se manifestar em público, convocou a realização de um "beijaço" em apoio ao Programa Nacional de Direitos Humanos, na esquina da Augusta com a Paulista, no domingo passado. O nome do protesto deixa claro o cunho anárquico e orgiástico do evento pretendido. A mídia não poderia deixar de noticiar esse ato de caráter evidentemente pós-moderno, progressista e multicultural. O UOL fez questão de dar um espaço à vindoura realização na sua home-page e outros veículos de imprensa também a anunciaram, dando a entender que a manifestação, convocada pelo twitter, havia de fazer frente às elites e aos setores conservadores da sociedade, que tinham ousado protestar contra o PNDH.
Como a moral e o bom senso me aconselharam a não conferir in loco o acontecimento, procurei-lhe notícias nos jornais de ontem, temeroso de que o beijaço reproduzisse, em número de participantes, o comício no Anhangabaú pelas diretas-já. Encontrei somente uma notinha no Notícias Terra, que dava conta da participação de nada mais que uma dezena de casais gays.
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