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terça-feira, 7 de abril de 2009

O Perfeito Esperto Latino-Americano

Mídia Sem Máscara

Lula não sabe disto, nem gostaria de saber, mas foram os loiros de olhos azuis europeus que inventaram os totalitarismos genocidas do século XX e produzem e vendem armas, inclusive urânio enriquecido, para alimentar a fúria das teocracias muçulmanas atuais, e depois fingem de aliados de Israel.

A culpa é dos brancos de olhos azuis. Você já viu um banqueiro negro ou índio?
LULA

Lula foi imensamente criticado por ter dito estas palavras: racista, ignorante, mal-educado, inconveniente, anti-diplomático! Não concordo com nenhuma destas acusações e contraponho: esperto!

No início eu também me deixei enganar por este erro de avaliação muito perigoso: confundir ignorância e incultura com burrice ou estupidez. Lula é ignorante e inculto, jamais burro ou estúpido. É de uma esperteza atroz! Não, Lula não é inteligente, esperteza não é inteligência. Um sujeito inteligente, tão logo galgou os degraus da fama como líder sindicalista e passou a ganhar razoavelmente bem, trataria de estudar e fazer um curso superior ou ao menos profissionalizante, como muitos outros fizeram e hoje são advogados, médicos, engenheiros, etc. Lula não, espertalhão, percebeu logo a vantagem da ignorância num país de ignorantes. Inteligência e esperteza não se excluem, como demonstrou seu mestre Golbery do Couto e Silva, que anteviu nele o líder operário que podia fazer frente aos comunistas e aos pelegos do sindicalismo. Lula foi seu discípulo e, como freqüentemente (com trema!) acontece, o aprendiz superou o mestre.

No xadrez da política Lula é um Grande Mestre que sabe a hora certa de oferecer um gambito (em xadrez gambito é uma abertura em que se oferece uma peça, geralmente um peão, tendo em vista o ganho de tempo para um melhor desenvolvimento ou a obtenção de outras vantagens). Nosso Grande Mestre difere dos seus “colegas” enxadristas porque seus movimentos não são devidos ao árduo estudo de técnicas. Age intuitivamente oferecendo uma peça aparentemente valiosa para ganhar logo a seguir muito mais. O caso em apreço foi um legítimo gambito de Dama, jogada arriscada, mas perigosa para o adversário. Resultado: os adversários comeram o peão, mas deixaram a Rainha desprotegida, e ele foi lá e, pimba!, sentou ao lado dela na foto do G20! Xeque! E no lugar de honra, pois o lado direito é privativo do Primeiro Ministro de Sua Majestade.

Falando no gajo, ele também é uma boa bisca, talvez por isto nosso Mestre o escolheu: é o líder do PT inglês, o partido que estraçalhou a economia britânica no pós-guerra por meio de maciças estatizações baseadas nas mais caras teorias comunistas, criação de impostos sobre grandes fortunas e propriedades, arrasando com a pequena nobreza rural e arrastando com ela os trabalhadores do campo, provocando emissão crescente de moeda para investimentos “sociais” para “salvar” os pobres desempregados por eles mesmos, aumentando exponencialmente a burocracia e seus salários, com a inevitável desvalorização da Libra Esterlina. Querem mais PT do que isto?

O golpe final deste gambito foi a declaração de Mr. Brown – que, apesar do nome é branco de olhos azuis – quando declarou que Lula teria dito em particular que sempre culpou os outros, agora que era Presidente tinha que culpar a “elite” do primeiro mundo. Se seu objetivo era fazer Lula de bobo, como constou, mas eu não acredito, conseguiu um efeito oposto: tirou de Lula a pecha mais abominável de todas, a de racista. Então, Lula é apenas um idiota, mas não parece que a Rainha o tenha contratado como bobo da corte, hábito há muito abandonado pelas monarquias por ser politicamente incorreto.

* * *

Alguns aspectos do caso merecem consideração mais profunda.

1. A frase foi dita depois que o texano de olhos azuis entregou as chaves da Casa Branca a um negro de olhos escuros, que intimamente vibrou com a afirmação que ele mesmo gostaria de fazer, mas que num país sério levaria à perda do mandato. Notaram o largo sorriso do Obama, atrás do Lula, posição que é uma óbvia desfeita ao maior aliado – pelo menos por enquanto? E as efusivas declarações “este é o cara, o político mais popular do mundo”! Dirão que Lula bancou o palhaço ao aceitar ser tratado com deferência pela “zelite” global. Discordo veementemente: este bando de ricaços imbecis adora Paulo Coelho e o convida anualmente para dar suas opiniões “mágicas” em Davos, o que é pior ainda do que aplaudir Lula! E o toque final foi Sua Majestade abraçando a Michelle e rompendo com um protocolo milenar!

2. Lula estava errado? A culpa da crise atual não está exatamente na Meca dos loiros de olhos azuis endinheirados, Wall Street? Quanto aos banqueiros internacionais serem brancos, por acaso não é verdade? Andaram circulando fotos de um CEO negro de importante banco americano. Mas Chief Executive Officer não é banqueiro, é um empregado dos verdadeiros banqueiros, os proprietários dos bancos. Um Executivo é contratado para executar as decisões tomadas pelos donos e pode ser despedido a qualquer momento. E quando se aposenta não leva o banco consigo, só aqueles que servem para sentar. Merval Pereira, lulista de carteirinha, na ânsia de mostrar-se indignado, citou um banqueiro de Mumbai, confundindo gregos com troianos - perdão, índios com indianos, num ridículo retorno a Colombo! É verdade que alguns índios americanos já são grandes empresários – o Hard Rock Cafe foi comprado por uma tribo de Oklahoma. Mas bancos, não.

3. Lula não sabe disto, nem gostaria de saber, mas foram os loiros de olhos azuis europeus que inventaram os totalitarismos genocidas do século XX e produzem e vendem armas, inclusive urânio enriquecido, para alimentar a fúria das teocracias muçulmanas atuais, e depois fingem de aliados de Israel. Foram os ascendentes de Mr. Brown e da Rainha – e de Sarkosy - que inventaram o narcotráfico ao inundar a China de ópio para tornar os chineses dóceis e faze-los aceitar os famosos “negócios da China”. E cada tentativa séria do Império do Meio de cortar o tráfico era respondida com guerras, duas delas extremamente devastadoras e humilhantes.

4. As palavras de Lula não se dirigiam aos intelectuais que agora o criticam, sua fala se dirigia a três alvos principais:

- o público interno, seu eleitorado cativo, que adora ouvir falar mal dos “gringos” e já está alardeando a importância com que foi tratado pela “zelite” aquele retirante nordestino pobre que se transformou em estrela da política internacional. Quem o critica não conhece, como ele, a força do ódio invejoso que move multidões. Se o ódio explorado por Hitler era contra os judeus, o de Lula é a “zelite”, os ricos e famosos tupiniquins que o financiam, e a gringada loira de olhos azuis;

- os não-brancos e pobres do “terceiro mundo”, de quem Lula já é um herói, o igual a eles que fala de igual para igual com os poderosos do mundo;

- e, finalmente, o masoquismo dos ricos loiros de olhos azuis que, seja por que razão for – talvez culpa pelos horrores da colonização e por viverem melhor – adoram as agressões dos lulas da silva.

* * *

Enquanto isto as “oposições” ficam criticando o acessório, sem ver o essencial, criando ações inócuas como a dos Cansados e dos 16% (que fim levaram? Já cansaram também?). Fico com Sun Tzu: “Quem conhece sua força e não a do inimigo tem metade das chances de perder a batalha”. Só metade?

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