De novo
Domingo, Maio 10, 2009
Coturno Noturno
Entrevista publicada hoje:
Correio Braziliense: A senhora vai vencer esse inimigo? A divulgação de uma ficha policial de autenticidade não comprovada,listando ações criminosas que teriam sido praticadas pela senhora,a incomodou?
Dilma Rousseff: Bastante, porque aquela ficha é falsa. E eu fiz esse esclarecimento para o diretor da sucursal aqui de Brasília do jornal (Folha de S.Paulo). Ele me garantiu que a ficha estava no Dops. Pedi para ele me mandar uma cópia, ele não me mandou. Entrei em contato com o Dops de São Paulo, e eles me disseram que não só não havia aquela ficha como não havia outra similar. E que numa observação muito superficial achavam que ela era falsa porque era só olhar no photoshop. Posteriormente, perguntei por que eles botaram na frente que era do Dops e depois, debaixo da ficha, botaram: ficha da ministra Dilma com crimes que ela não cometeu. Se sabiam que eu não cometi, por que publicaram? Eu reiterava para eles que eu não tinha sido interrogada, denunciada nem condenada em todo período. E também deixei claro para eles que aquela era uma ficha que tinha sido postada no Ternuma e no Coturno Noturno (sites associados a militares). Teve um período que eles me disseram que o repórter estava fazendo investigações no arquivo, porque estava lá a ficha. Eu dizia: ‘Olha, vou explicar para vocês uma coisa simples.Quando eu fui presa, fomos derrotados, vocês sabem que eles desmantelaram as organizações políticas no Brasil. Quando você é derrotado, ninguém faz ficha falsa. Sabe o que eles fazem? Te prendem, interrogam, torturam, indiciam e te dão pena para você não sair da cadeia’. Essa brincadeirinha de ficha falsa não é de vencedor, é de derrotado, derrotado pelo regime de democratização. Eu não tenho como entender como um jornal é capaz disso.
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A VPR jamais foi uma organização política. Foi uma organização terrorista que assaltou, seqüestrou, assassinou, deixando comunicados onde assumiu formalmente os seus crimes. Quanto aos fatos citados na ficha serem ou não serem reais, a suposta tortura também pode ser ou não ser real. De real mesmo, são os mortos que resultaram das ações da VPR, onde a ministra militava. Nas vísceras expostas do recruta Mario Koezel, de 19 anos, não havia catchup e nem trucagem, era sangue de inocente mesmo. Sangue que uma mãe chorou desesperadamente. Uma mãe que sofreu a pior de todas as torturas: ter um filho brutalmente assassinado por jovens intelectuais, bem formados, politizados, e não por bandidos comuns. Este blog já publicou uma série de posts sobre o tema, com as mais diversas abordagens. É muito fácil resolver tudo isto. Basta aceitar a anistia ampla,geral e irrestrita. Basta, quando se orgulhar da tortura, ter vergonha dos assassinatos cometidos. Basta, em vez de demonizar os militares, reconhecer que houve uma reação aos crimes cometidos pelos terroristas e, sim, que houve umna guerra ou pegaram em armas para quê? Enquanto este blog estiver aberto, aqui não haverá a história dos vencedores ou dos vencidos. Haverá a história dos dois lados. Que a ministra prove cabalmente que não cometeu nada do que lhe foi imputado. O papel de vítima não cai bem em quem pretende governar este país. Nem o ódio exposto nas entrelinhas, ainda mais contra um blog sem patrocínios de nenhuma espécie. Que tenha a humildade de pedir desculpas ao país por ter participado de uma organização terrorista, jamais política. O Brasil tem um imenso coração e vai aceitar. Não dá para ter orgulho da tortura sem ter vergonha dos assassinatos.
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