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quarta-feira, 6 de maio de 2009

O Farol da Democracia e a UNOAMÉRICA

05/05/2009

Farol da Democracia Representativa


Logo após o evento que promovemos por ocasião da vinda do Sr. Alejandro Peña Esclusa ao Brasil, “A Unoamérica e o Eixo do Mal Latino Americano”, no Rio de Janeiro, relatamos e reiteramos hoje a excelente impressão causada pela figura e postura do ilustre visitante: culto e eloqüente, ao mesmo tempo que ouvinte reservado e atento.
Trouxe uma proposta muito interessante e coerente com a tese que defende relativa ao perigo que representa o Foro de São Paulo para a democracia na América Latina: A UNOAMÉRICA.

Atentos à nossa missão e lembrando alguns pontos das convicções que sustentamos, procuramos estabelecer as vias de atuação do Farol em relação ao projeto apresentado:
O Foro de São Paulo é uma criação de Fidel Castro, de seu Partido Comunista Cubano e uma conivência e cumplicidade de Luiz Inácio Lula da Silva (Havana, 1989). O objetivo deste organismo deveria ser a recriação da IIIª Internacional nas Américas. Na verdade, a finalidade do empreendimento era proporcionar uma abertura ao isolamento político e econômico de Cuba e um suporte internacional à sua sobrevivência. Em contrapartida, daria projeção ao PT e ao projeto internacionalista de Lula.
O Primeiro encontro do Foro (“Encontro de Partidos e Organizações de Esquerda da América Latina e Caribe”) se deu em São Paulo em 1990. Logo denominado Foro de São Paulo, não se constituiu efetivamente como uma “internacional”, pois suas declarações e recomendações nunca foram mandatórias. Permaneceu sempre um “fórum” de debates e de promoção das novas personalidades “socialistas” e carismáticas surgidas no cenário da América Latina, particularmente de Lula, Chávez, Morales e mais recentemente Correa, no Equador, para citar apenas quatro dentre os quinze presidentes comprometidos com a socialização dos seus países na América latina.
Aceitaram organizações de esquerda de todos os matizes, inclusive terroristas, como as FARC, MIR e outras que flagelam a América Latina com seqüestros, roubos, assaltos, assassinatos, genocídios, muito ao estilo do que foi utilizado pelos terroristas brasileiros nos anos de 1964 a 1975, na terceira tentativa de tomada do poder pelos movimentos comunistas no Brasil.
Apesar dos fortes indícios da cumplicidade dos bandidos que dominam o narcotráfico nas favelas e cidades brasileiras com as FARC, com quem desenvolveriam o comércio de drogas e armas, e de evidências publicadas em revistas sobre financiamento a campanhas governamentais na Argentina (a “maleta” com oitocentos mil dólares) e no Brasil (“Padre” Molina e os cinco milhões de dólares para o senhor presidente da República), o FSP parece não ter se estruturado para adquirir o poder ou a capacidade de promover a Revolução Proletária no Continente, mas tão somente reforçar o prestígio interno dos caudilhos populistas. É importante notar que nenhum destes líderes “socialistas” pertence a um partido comunista marxista-leninista. Todos têm um discurso progressista confuso, na melhor interpretação, não mais do que identificado com um socialismo heterodoxo ou com um “socialismo criollo”. O Chávez introduz o seu “socialismo bolivariano”, invenção particular e caudilhesca, deturpando o conteúdo histórico de Simon Bolívar; Morales, fiel às origens, se acomoda com o seu “socialismo cocaleiro”. Lula defende sua permanência no poder com o “socialismo da bolsa esmola”, populista. Cada um à sua moda, aproveitando-se da ilusão do sonho socialista, vai se arranjando para se perenizar no poder.
O FSP se torna um ambiente como um “clube de solidariedade entre comparsas”, que se ajudam para que a eventual queda de um não atrapalhe a vida do outro.

A UnoAmérica, como organismo de oposição político-ideológica e cultural ao FSP, no que pese estar dando seus primeiros passos, tem em sua direção políticos e intelectuais experientes que definirão um objetivo concreto, em respeito ao idealismo de sua proposta. Poderia, dentre suas várias vocações potenciais, ser uma instância interamericana de solidariedade, de intercâmbio de idéias e informações, de apoio e de troca de experiências das organizações e movimentos promotores da Liberal-Democracia e da superação do patrimonialismo e do socialismo, endêmicos hoje na América Latina.

Ainda que as ameaças internas dos diferentes países sejam de natureza semelhante (misto de caudilhismo, populismo e socialismo criollo), as condições internas e culturais de cada um são muito diferentes.
Nossa convicção é que a reação democrática em cada país, pelas suas singularidades individuais, é uma responsabilidade cívica de setores nacionais.
A reversão, portanto, do problema de cada país deverá ser específica e nacional.

O Farol da Democracia Representativa subscreve, por este Editorial, a disposição de recíproca solidariedade com a UNOAMÉRICA.
Pela missão própria do Farol da Democracia Representativa, os nossos objetivos são cívicos, culturais e de edificação democrática. Sempre pregamos que reversão da crise brasileira passa por um movimento cívico e político da sociedade e, portanto, deve ter nos partidos políticos e seus líderes os protagonistas principais da reação. A crítica ao status quo, evidentemente revolucionário, é intelectual e pedagógica, deixando o ativismo político para os partidos, legítimos organismos intermediários entre os cidadãos e a “sociedade política”.

Jorge Roberto Pereira
Presidente do FDR

http://www.faroldademocracia.org/editorial_unico.asp?id_editorial=279

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