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sábado, 2 de maio de 2009

Para não dizer que não falei da Folha

Mídia Sem Máscara

Alguém acredita que esse Tarso Genro se preocupa com o Congresso? Alguém sério ignora que ele está na linha de frente da montagem no estado policial no Brasil, tendo aparelhado a Polícia Federal para isso?

Quando o Olavo de Carvalho reformulou o MSM, propondo retomar sua proposta original de ser um pólo vigilante contra a tomada dos meios de comunicação pelos esquerdistas a soldo da revolução gramsciana, imediatamente me coloquei à disposição para ficar de olho no Estadão. Descartei a Folha de São Paulo porque este jornal por muito tempo foi objeto de meus comentários e é muito previsível. Seus articulistas, tão descaradamente militantes, mereceram muitas notas minhas no passado. Ser o mídia watch da Folha de São Paulo daria fartura de material, mas seria muito repetitivo, choveria no molhado, algo muito enfadonho.

O desafio que me dei foi olhar o Estadão, tido e havido por toda gente como o diário conservador por antonomásia. Leio-o habitualmente há anos e sabia que essa imagem é falsa, que por detrás da casca conservadora seus editores não apenas são companheiros de viagem dos revolucionários, mas também transformaram o jornalão em fachada para manipular a opinião pública, especialmente a elite financeira e intelectual que o lê. Era o desafio que eu queria. Muitas vezes a sutileza da manipulação das notícias é de tal ordem que só alguém como eu, que está treinado para esse tipo de atividade, é que poderia fazê-lo. Entendi que seria essa a melhor contribuição da minha parte para o grande projeto do Olavo. Devo dizer-lhe, meu caro leitor, que essa tarefa muito tem me agradado, é em si mesma gratificante e os resultados têm sido muito bons. Notei até que os editores agora têm sido mais cuidadosos na sua ação de manipulação, vez que sabem que estamos de olho no lance.

Mas hoje resolvi ter uma recaída e quero comentar o jornal do Frias. Será uma fria? Nem tanto. Pode ser redundante, mas tem também um lado divertido. Por primeiro, quero dizer que os editoriais principais do jornal em geral têm sido isentos e corretos nas críticas, exceto naquilo que tangencia as causas politicamente corretas abraçadas por aquela casa editorial, como a militância gay e o ativismo keynesiano da política econômica. O que surpreende, devo dizer. A Folha, no espaço editorial, tem mantido um distanciamento crítico do governo Lula. Em compensação, a página 2 sempre foi o paraíso dos campeões revolucionários. Cadeira cativa dos mesmos propagandistas que por anos e anos têm deformado a opinião pública paulista e brasileira.

A edição desta quinta-feira (30) é paradigmática, mas poderia ser a de ontem ou a de amanhã. Irrelevante qualquer delas pela mesmice. Vejamos o que temos hoje, portanto. O dinossauro Clovis Rossi, que ultimamente tem batido no PT por não ser suficientemente coerente na ação de governar, intitulou assim sua coluna: “A fábrica de desigualdade’. Para qualquer observador o título já bastaria para ver a má fé militante do jornalista. Desigualdade, esse mantra doentio da esquerda, vem desde as patifarias escritas por Rousseau, está presente em tudo e tem a pretensão de dar superioridade moral no debate aos seus defensores, como se a tese em si não fosse um absurdo, uma mistificação ilógica. Ele mesmo se declara como o chato militante contra a desigualdade. Disse-o bem: um chato.

Discorrendo sobre o Exame Nacional de Ensino Médio, ele conclui do nosso sistema escolar: “Consequência inexorável: o filho do rico tem mais possibilidades, também pela educação, de continuar rico ou ficar mais rico, enquanto ao filho do pobre o que se oferece é uma grande chance de perpetuação da pobreza -e, por extensão, da desigualdade com o concorrente rico”. Nessa frase está contido todo o veneno que um socialista militante e propagandista da causa poderia inocular no leitor. O fim da leitura de alguém desavisado pode coincidir com uma explosão de raiva contra a ordem capitalista, a propriedade privada e tudo aquilo que não for da cartilha socialista. Claro, tudo baseado em premissas falsas e no desconhecer maquinado da realidade como ela é.

Abaixo a coluna da Eliane Cantanhêde (“Frágil esboço de reação”). É um texto ainda mais venenoso. Temos visto nos últimos meses uma sistemática campanha por parte da esquerda revolucionária de desacreditar os dois pilares básicos da democracia, o Congresso Nacional e a Justiça independente, especialmente na figura do atual presidente do Supremo Tribunal Federal. Chegaram até a ensaiar pedido de impeachment de Gilmar Mendes. Claro, ambos os poderes têm seus erros e desacertos, mas eles são a garantia do Estado de Direito, da liberdade, da ordem constitucional que se baseia na separação de poderes. Eliane hoje serviu de veículo para informar ao púbico que a campanha de descrédito não é de autoria de PT: “Cá para nós, Lula nunca se identificou com o Congresso nem valorizou a sua importância. Mas setores do governo, à frente o ministro da Justiça, Tarso Genro, já se mobilizam para tentar neutralizar o preocupante nível de desgaste do Legislativo”.

Alguém acredita que esse Tarso Genro se preocupa com o Congresso? Alguém sério ignora que ele está na linha de frente da montagem no estado policial no Brasil, tendo aparelhado a Polícia Federal para isso? Alguém se ilude que ele é, digamos assim, a ala combatente da revolução? Essa é o tipo de notícia soporífera que transforma em notícia a mentira mais deslavada. Obviamente que uma nota dessas foi devidamente encomendada, senão por terceiros, pela alma deformada da distinta autora.

Mais abaixo, a coluna do Carlos Heitor Cony (“Dona Dilma”). Ancião comunista, Cony nunca perde a viagem. Já pelo título vê-se o engajamento na campanha presidencial da Dilma, disfarçado de comentário isento. “Inevitável um comentário sobre a principal notícia da semana, que deu louvável transparência à doença da ministra Dilma Rousseff”. A máquina de propaganda está posta em movimento para transformar o infortúnio da doença da candidata do governo em seu oposto, um instrumento de angariar voto e cativar simpatia. Sempre que abro um jornal com texto do Cony o fedor sobe. É podre.

Paro por aqui. Escreveria um livro volumoso se fosse pegar no detalhe cada um dos textos. Ninguém poderá dizer que não falei da Folha de São Paulo.

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